Claro enigma

Claro enigma Carlos Drummond de Andrade




Resenhas - Claro Enigma


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Naty 11/11/2016

Complexo, mas vale a pena dar uma chance.
Esse livro é dividido em 6 seções:
- Entre cão e lobo – retrata poemas mais ligados à reflexão sobre o tempo, o sujeito da enunciação e reflexões sobre a poesia.
- Notícias amorosas – retrata poemas que falam sobre o amor
- O menino e os homens – retrata poemas sobre poetas
- O selo de Minas – poemas históricos sobre Minas Gerais
- Lábios cerrados – poemas sobre a família, especialmente sobre parentes mortos
- A máquina do Mundo – poemas epifânicos
Esse foi o primeiro livro de poesia que li e foi uma experiência e tanto. Ler Drummond já é complicado, mas ler um livro que ele escreveu em sua “madureza” como ele cita em “Ingaia ciênca” foi ainda mais difícil.
Assim como ele diz em Oficina Irritada, ele faz. “Eu quero compor um soneto escuro, seco, abafado, difícil de ler. ”
Mesmo assim, pretendo, com muito trabalho, explicitar o que entendi de cada poema, então vamos lá:
O livro já começa com Dissolução em que o poeta põe um título um tanto que sugestivo, mas que pode ser interpretado tanto no sentido de ausência de solução quanto no sentido de que o eu lírico se dissolve na escuridão. Ele apresenta, nesse primeiro poema, sua visão de passividade quanto ao mundo. Diferentemente do que acontece em “A Rosa do povo”, ele chega a conclusão de que é melhor ficar de “braços cruzados”.
Por isso mesmo, ele coloca no começo do livro “os acontecimentos me entediam”. No trecho: “E aquele agressivo espírito que o dia carreia consigo, já não oprime mais. Assim, a paz destroçada. “ fica claro que ele não compreende mais o espírito revolucionário com o correto, mas paz que advém de não mais confrontar o meio social ao seu redor como antes, na tentativa de muda-lo, traz uma paz destroçada.
Quando ele diz: “Esta rosa é definitiva, ainda que pobre.”, percebe-se uma intertextualidade com “ A Rosa do Povo”, pois aquela mesma rosa é citada, no entanto, aqui ela é pobre. O poeta chega a dizer que despreza a imaginação e dizer que se calou. “E se alma, corpo és suave.” o que, no meu ver, significa que corpo sem alma é corpo sem poesia engajada que machuca e clama por mudança. Sem ela, tudo fica suave, é a paz destroçada.
O segundo poema é Remissão e ele carrega o peso do que já ocorreu com o poeta: “ te forçou ao exílio das palavras, senão contentamento de escrever”. Ambos, embora diferentes, tratam da forma como a poesia vai perdendo, com o tempo, seu valor e sua profundidade mediante a vida, pelo menos para mim. O autor parece afirmar que agora escreve apenas por contentamento.
É interessante notar também que essa poesia é um soneto, forma de escrita tão criticada pelos modernistas, mas que Drummond volta a utilizar nesse livro.
A ingaia ciência é outro soneto que mostra a madureza que está amplamente ligada ao enrijecimento da visão de mundo do poeta. Ele vê essa maturidade como “ uma terrível prenda” e afirma que “nada pode contra sai ciência”.
No poema Legado, Drummond questiona o legado que deixou para o mundo, duvidando de sua importância e dizendo que “restará, pois o resto e esfuma, uma pedra que havia no meio do caminho”. Quando ele diz que “Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu”, ele pode estar querendo dizer que, na sociedade atual, as pessoas não se deixam cativar mais pela poesia, elas enrijeceram-se e Orfeu, poeta, não as cativa mais.
No poema confissão, o poeta confessa tudo o que deixou de fazer e essa espécie de confissão é feita sem uma busca mito grande pelo perdão. Interessante, nesse poema, é a parte em que ele afirma: “Salvo aquele pássaro, vinha azul e doido, que se esfacelou na asa do avião”. Ele afirma que amou a coisa mais maluca que se poderia trazendo, assim, o amor como um sentimento um tanto que estranho e controverso assim como acontece em seu poema, Amor.
O poema Perguntas em forma de cavalo marinho confunde perguntas direcionadas ao eu poético como indivíduo e à poesia criada por ele. As respostas “as suas perguntas são respondidas por ele mesmo, não com uma afirmação, mas com uma conformidade com os mistérios do mundo: “ Nunca se finda nem se criara. Mistério é o tempo, inigualável”.
No poema Animais do Presépio, os animais são postos como seres que suportam todo o enfado que lhes aplica o homem de maneira quase que santa. Numa parte, a natureza contempla o homem como à uma musa e os homens não retribuem de maneira satisfatória: “tua pobre Verônica em mim, que nem pastor soube ser ou serei”.
O Sonetilho do falso Fernando Pessoa demonstra, através de uma poesia, como Pessoa fazia suas poesias e sua variedade de personalidades.
O poema Um boi vê os homens demonstra o olhar de um simples animal para com o ser humano e o fato de o ser humano ser tão contraditório que até mesmo os bois percebem. Para o animal, os sentimentos e vontades humanas são fruto de um vazio interior que nós carregamos e nossas atitudes acabam, por vezes, os afetando. “E difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade. ”
Depois, o poema Memória foi o poema que mais gostei. Ele traz a visão de um mundo em que a sociedade apela para que não amemos os perdidos e, além disso, ele traz uma mensagem de que o que é finito é o que realmente importa. “As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão, mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão. ”
A Tela contemplada é uma crítica à arte bonita, mas que não comove e a sua inutilidade. “A plástica é vã se não comove”. Isso é um tanto que irônico já que ele usa um soneto para criticar quem usa soneto. Seria uma ironia?
O poema ser retrata o filho que ele perdeu e sua relação incorpórea com esse filho de ar sobre o qual ele revela “ O filho que não fiz faz-se por si mesmo”.
Não vou esmiuçar muito os poemas seguintes, mas passarei apenas para os que mais me chamam a atenção.
No poema Oficina irritada, aparece pela primeira vez a frase que marca o título do livro, claro enigma, e ele revela bem o que Drummond pretendia com esse livro.
No poema Amar, Drummond considera a sede de amor infinita comparando-o a um simples anseio, mas indagando constantemente se, o que realmente chamamos de amor, é amor.
O poema Os bens e o sangue descreve muito a relação que Drummond possuía com seus familiares e com estes o viam. Interessante destacar uma parte: “Há de ser violento sem ter movimento”, nela há uma descrição de poeta para os familiares de Drummond, eles viam o poeta como alguém que queria mudar o mundo com o que escrevia, o que era um tanto fantasioso e desacreditado na época.
O poema A mesa é um dos mais tocantes; Drummond fala de seu pai se reencontrando com todos os outros de sua família e termina assim: “ Estais acima de nós, acima desse jantar para o qual vos convocamos por muito, enfim, vos queremos e, amando, nos iludirmos junto da mesa vazia. ”
O poema A máquina do mundo mostra o tamanho da resistência e coragem que o autor teve de repelir a máquina do mundo. Sua tomada de consciência sobre o universo poderia ser completa, mas ele prefere permanecer no escuro como em Dissolução e repele aquela máquina. Talvez porque conhecer completamente algo torna tudo ainda mais complicado, o poeta preferia a sua paz destroçada e a sua rosa pobre que o tudo que poderia ser avassalador demais para ele.
Há outros poemas que não citei, mas cansei. Acho que já falei até demais. Difícil interpretar esse livro e mais difícil ainda esquecê-lo.
Mariana Lamarão França 26/04/2018minha estante
que resenha maravilhosa!




letícia 14/03/2021

Enigmático
Realizei a leitura a fim de fazer a prova de vestibular da Fuvest. Gostei muito, mas não é um livro marcante.
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Duda 09/04/2021

Foi meu primeiro contato com poesia, demorei um ano para conseguir ler inteiro por conta da linguagem que ele aborda, mas fico muito feliz em saber que for conta desse contato que me apaixonei por poesia, é simplesmente um livro incrível e trata as questões abordadas de forma intensa, pretendo relê-lo futuramente e quem sabe assim me conectar e saber interpretar melhor o que foi apresentado por Drummond neste livro.
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manuela 02/11/2022

.
muito incel, pensei q ia dar 5 estrelas MAS acabei gostando mais de a rosa do povo por tratar de assuntos sociais e esse foi mt metafisico pra mim
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Marininha 22/10/2022

Primeiro que li dele
Carlos Drummond arrasa sempre, a escrita dele nesse livro ganhou meu coração, por ser uma pegada mais melancolia, leiam
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Erinies 17/05/2020

Meu Claro Enigma
Para meus amigos mais próximos não é segredo que Carlos Drummond de Andrade é meu poeta preferido, mas até mesmo eu que consumo seus escritos como um viciado consume sua droga, tenho de admitir que esse é o melhor livro que já li dele, enquanto lia esse livro descobri o mundo e a mim, e descobri Carlos Drummond de Andrade.

Não tenho costume de reler livros, mas desse é o que sempre vai está na minha mesa de cabeceira e o que eu vou folhear nos dias bons e ruins antes de sucumbi ao sono.
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Emi 08/07/2022

Memória
Drummond é de longe uns dos meus escritores preferidos. Amo ler e mergulhar na forma de ver o mundo, em como ver os sentimentos e lidar com eles.
Memórias é um dos meus poemas favoritos de muitos, recomendo muito a leitura desse livro. É leve, tranquila e super rapidinha.
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Mari 03/07/2020

Lista de livros - FUVEST 2021
Claro Enigma é difícil e desafiador. Por vezes, tive vontade abandonar a leitura, já que os poemas são complexos, exigem conhecimento da vida do autor, possuem uma linguagem difícil e fazem bastante intertextualidade. Foi essa dificuldade, porém, que me fez sair da zona de conforto: tive que pesquisar várias coisas, consultar o dicionário inúmeras vezes e lidar com a frustração de não entender 100% do que eu lia.
A Mesa foi, sem sombra de dúvidas, o poema que mais gostei. Ouso dizer que foi por causa desse poema que não dei uma nota mais baixa para o livro, pois, em geral, não gostei muito da obra (é um livro bastante pessimista).
Apesar de não ter me agradado muito, a leitura de Claro Enigma com certeza valeu a pena e me fez aprender várias coisas.
Talvez, numa futura releitura, eu tenha outra visão sobre o livro (mas isso só Deus sabe rs).
Vitoria 03/07/2020minha estante
Ameiiii




luamagnetica 17/12/2022

Com certeza uma das obras mais incríveis de Drummond se tornando uma favorita minha, assim como A Rosa do Povo.

Além de ter marcado várias poesias, "A Mesa" se tornou um dos meus textos favoritos da vida inteira.

Presentearia qualquer querido com um livro tão lindo quanto esse!
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vicabez 04/04/2022

Meu primeiro (com certeza de muitos) livro de Carlos Drummond. As poesias são incríveis e eu de vez em quando me lembro de algumas mesmo tendo terminado esse livro há dois meses. Ele foi excelente companheiro durante a quarentena e é ótimo para se ler devagar. Às vezes uma poesia desse livro consegue melhorar um dia ruim. Dito isso, um ou outro texto eu achei totalmente incompreensível de tanta metáfora em cima de metáfora. Mas essa é a beleza da poesia: um desses poemas que eu achei incompreensível, é com certeza o favorito de alguém. É essa pra mim a maior conquista de Carlos Drummond, conseguir alcançar com sua poesia uma gama impressionante de pessoas e contextos meio sem querer.
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jade 19/11/2020

Drummond no ápice da maturidade
A obra possui uma linguagem rebuscada, a qual retoma os padrões clássicos. Apesar do exercício de interpretação ser trabalhoso, Drummond abrange questões metafísicas e discute como os ambientes reais interferem na percepção do envoltório humano que cada um de nós somos submetidos, o que permite concluir que o sujeito se sente angustiado com a existência, pois não consegue decifra-lá e, nessa tentativa de adivinhar o enigma, entrega um livro hermético, polissêmico e que deve ser relido muitas vezes para descobrir as facetas de cada poema. Assim, essa obra é uma confissão madura do sujeito drummondiano, o qual está resignado perante um mundo desesperançoso, um cenário em que a rosa não pode emergir.
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Gui 25/11/2020

Gostei
Poemas muito bem interessantes, com forma e conteúdo muito bons.
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idkvixo 30/12/2020

Amei
Da lista da fuvest, o livro de poesia que mais gostei foi o Claro Enigma, com certeza. Gostei de como ele foi dividido em que cada "capitulo", sendo um tema para os poemas nele.
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zukonoha 14/01/2021

Esse livro tem uma escrita bem complexa e madura, tornando a leitura difícil. Mas é muito bom.
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