Enrico 12/12/2013
Westeros sem magia
Comecei a ler o livro e logo de cara notei uma mudança brusca no jeito de Martin, tanto para escrevê-lo quanto para organizá-lo. Primeiramente, deparamo-nos com a inserção de duas famílias "novas": o povo de Dorne e os Greyjoy, apesar de estes já terem sidos apresentados no terceiro volume, são aprofundados neste. Fiquei muito incomodado (talvez o que mais me incomodou) com a "ampliação" da história, que já era brilhantemente extensa, para lugares menos majestosos de Westeros. Nos capítulos relativos aos novos personagens, encontramos uma leitura um tanto quanto enfadonha ao descrever as famílias e personalidades novas na história e, ao mesmo tempo, muito tristemente nos distanciamos dos personagens mais complexos da série.
Por outro lado, são mais bem explorados alguns personagens (como Cersei, Jaime e Brienne) que já tinham papéis importantes nas narrativas passadas e que nos permitiu um envolvimento muito maior com as políticas do reino. A genialidade ainda presente em Martin nos é passada através da grande quantidade de decisões tomadas pelos personagens, que numa reação dialética, mostram as horríveis ou incríveis consequências de cada passo dado, acrescentando ao livro inclusive uma "moral da história" pautada no nosso mundo real. É também o livro mais divertido até agora, principalmente nos capítulos da Cersei (que pra mim foram os melhores de toda a série) e da Brienne. Algo que também me agradou muito foi a jornada de Arya, que em minha opinião (talvez só na minha hehehe), foi descrita de um jeito completamente diferente dos outros personagens. Martin usou de uma escrita um pouco mais sombria e silenciosa para a Pequena Loba, transmitindo ao leitor uma grande quantidade de emoções palpáveis e o delicioso mistério embutido em cada canto do lugar em que ela se encontra.
Em suma, foi, em minha opinião, talvez o segundo pior livro da série (ficando atrás apenas de Fúria dos Reis), por não dar continuidade a maioria das questões em aberto no último livro e lançar novos personagens que, até o final do volume, mostraram-se impotentes e de certa forma desnecessários. Senti grande falta também do misticismo presente nos outros volumes, tornando este livro raso, enquanto os outros eram extremamente profundos. Aqui, a história acalma-se, simplifica-se e ao mesmo tempo amplia-se. O que antes era uma história cheia de perguntas que estávamos doidos para serem respondidas, agora torna-se um amontoado de respostas que não correspondem às nossas perguntas.
PS: Que fique claro que eu ainda não li Dança dos Dragões, talvez seja por isso que critiquei tanto os novos personagens. Espero eu que comece a encontrar um sentido maior para a inserção das famílias na trama quando eu ler o próximo volume. Lembrando que a minha análise foi feita baseada no que eu achei do Festim como um livro só (e não como um "prelúdio" entre a Tormenta e a Dança) e princialmente, baseada na minha experiência com os outros livros.