O Vermelho e o Negro

O Vermelho e o Negro Stendhal




Resenhas - O Vermelho e o Negro


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Henrique Fendrich 03/08/2015

Sob as vestes da virtude
Ao fazer a crônica dos costumes da alta sociedade francesa logo após Napoleão, Stendhal também, inevitavelmente, escancara aquilo que ela tinha de mais cínico e caricato. Embora muito se fale a respeito da exagerada ambição de Julien Sorel, o personagem que dá vida a “O Vermelho e o Negro”, é à hipocrisia que se deve atribuir o desenrolar dos acontecimentos no livro. Nessa sociedade marcada pela dissimulação, em que o próprio amor só é conquistado à custa de intrigas, desempenham papel importantíssimo as instituições religiosas.

As que o autor descreve estavam de tal forma desvirtuadas de seus propósitos originais que Julien não vê nelas senão uma oportunidade para fazer fama e fortuna. É por isso que, mesmo sem sentir nenhuma inclinação, decide se fazer padre. Todo o livro é um embate de aparências e, no que toca à fé, é possível constatar exemplarmente a diferença entre as manifestações exteriores de religiosidade e a devoção genuína. Aquilo que Julien faz em sua vida religiosa, sob o aspecto de retidão, não é mais do que buscar galgar para si posições privilegiadas.

Não há virtude em, meramente, ir para o seminário, vestir uma batina negra, sequer em saber a Bíblia de cor – todas essas coisas Julien faz com excelência, sobretudo porque causam grande impressão entre aqueles que deseja influenciar. Consciente de sua falsidade, ele ainda precisa lidar com padres que, em sua maioria, estão eles próprios imbuídos nas mais diversas intrigas, em busca de riquezas, promoções ou prestígio para as ideologias de que compartilham. Seus colegas de seminário, por sua vez, estão satisfeitos por terem se livrado de uma miséria certa.

Ora, não é de se estranhar que, neste ambiente, Julien desse bem pouco crédito ao Deus que fingia acreditar. Ao cabo de sua vida, abreviada em consequência de seus amores pela senhora de Rênal e por Mathilde, Julien se dá conta: “Por toda parte a hipocrisia, ou pelo menos o charlatanismo, mesmo entre os mais virtuosos, mesmo entre os maiores”. E se questiona onde estará efetivamente a verdade. Cogita a possibilidade de estar na religião, mas logo descarta essa ideia com desprezo – suas experiências impedem qualquer conclusão nesse sentido.

E, no entanto, ele deseja acreditar: “Ah, se houvesse uma verdadeira religião…”. Reconhece que “o homem não pode confiar no homem”, mas, para que se rendesse à ideia de um Deus que o transcendesse, seria preciso encontrar “um padre de verdade”, capaz de reunir as almas brandas do mundo, livrando-as assim do isolamento. Esse padre, contudo, teria dificuldade em falar sobre o Deus da Bíblia, associado profundamente por Julien à ideia de vingança. Ele tem mais simpatia pelo “Deus de Voltaire”, esse sim tido como bom, justo e infinito…

A imagem que tem dos religiosos em geral não é, certamente, nem um pouco favorecida pelo padre que, já no final do livro, pede que Julien se converta “com alarde”, julgando que assim seria mais fácil usar a influência da igreja em favor da sua causa. Julien gostaria de acreditar nesse Deus, mas como acreditar “depois do horrível abuso que nossos padres fizeram dele?”. De maneira semelhante aos escribas e fariseus admoestados por Jesus, eles fecharam a Julien o reino dos céus: nem eles entraram, nem deixarem que entrasse o que estava entrando.
Maria 17/12/2020minha estante
Que baita resenha!




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MR.Santi 26/03/2015

O espelho do real
“Pois bem, senhor, um romance é um espelho que se carrega ao longo da estrada. Tanto pode refletir para os seus olhos o azul do céu como a imundície do lamaçal da estrada. Por acaso o homem que carrega o espelho em sua sacola poderia ser acusado de imoral? Seu espelho mostra a sujeira e o senhor acusa o espelho? O senhor deveria acusar o longo caminho onde se forma o lamaçal e, sobretudo, o inspetor das estradas que deixa a água apodrecer e o lodo se acumular.” Esta é uma metáfora utilizada por Stendhal em seu clássico O vermelho e o negro. Um dos primeiros aspectos que se pode notar, assim, é a utilização de tópicos do contexto político na obra.
Stendhal é o pseudônimo de Marie-Henri Beyle, nascido a 1783, em Grenoble, França. Sua vida foi entremeada por um árduo caminho de tropeços nas relações pessoais e seu reconhecimento foi adquirido apenas post mortem. Foi subtenente no governo de Napoleão e participou como intendente das campanhas napoleônicas na Áustria, Rússia e Alemanha. Com a queda do império, passou a dedicar-se ao sonho literário. Escrevendo pelo menos duas páginas por dia, fosse de adaptação, tradução ou invenção, Stendhal chegou ao ápice de sua produção literária, com o lançamento de O vermelho e o negro, em 1830. É nomeado cônsul e vai para Paris, onde, em 1842, morre de um ataque de apoplexia.
Esta obra-prima do escritor acompanha a vida Julien, um jovem plebeu de 17 anos, estudioso do latim e que sabe a Bíblia de cor, que passa a ser o preceptor dos filhos do prefeito de sua cidade, Verrières. Rapidamente, Julien conquista a simpatia da sra. de Rênal, mulher do prefeito. Esta simpatia transforma-se em hesitações e culmina com os dois tornando-se amantes. Julien, então, deixa a cidade para continuar seus estudos em um seminário em Besançon até que, por intermédio de um padre que tomara-lhe como protegido, torna-se secretário do marquês de La Mole.
A segunda parte do romance começa em Paris, na mansão de La Mole. Julien atrai as atenções de Mathilde de La Mole, filha do marquês, e decide experimentar até que ponto pode exercer influências sobre a monarquia, sentimento que o acompanha durante toda a história. O intenso jogo amoroso e de orgulho estabelecido entre os dois culmina em um relato da sra. de Rênal sobre seu caso extraconjugal com o jovem. Ferido em seu amor-próprio, Julien resolve matar a sra. de Rênal em uma missa. Os tiros apenas a ferem e ele vai preso, assumindo seu crime.
O vermelho e o negro apresenta-se como uma obra extremamente equilibrada e harmoniosa, feito atingido pelo autor através de uma prosa objetiva e sem floreios. A narração segue seu curso naturalmente, encadeando ações e acontecimentos sem que o leitor se antene às gigantescas modificações que o escritor vai esculpindo pela história. As descrições breves e precisas complementam o quadro criado pelas ações, diálogos e monólogos interiores. A imagem dos personagens não é fornecida ao leitor através de um narrador exterior, mas através dos próprios personagens: o que falam, fazem e pensam, como falam, fazem e pensam.
A obra possui máxima lucidez, relatando, com fidelidade, os aspectos da vida social francesa de meados do século XIX. Seu romance encaixa-se perfeitamente em todo um plano histórico, sem o qual é impossível compreendê-lo. A estratificação social, as condições econômicas, o curto período pós-Napoleão e pré-Revolução de Julho, montam com excelência a Crônica de 1830, subtítulo aposto pelo editor.
Mesmo a história pessoal de Julien é inspirada em fatos verídicos. O ponto de partida de Stendhal foi o caso de Antoine de Berthet, muito repercutido na época. Assim como Julien, Berthet era um belo jovem enviado pelo padre ao seminário. De lá tornou-se preceptor na casa do prefeito e mais tarde, segundo as intrigas locais, amante de sua esposa. Deixou a casa e, tempos depois, conseguiu outro cargo de preceptor e nova demissão devido a um envolvimento com a filha do senhor. Após um período acusando por cartas a sua primeira amante, Berthet dá dois tiros nela, durante uma missa, e depois tenta se matar. Os dois sobrevivem e o jovem é condenado à morte.
Pode-se notar, portanto, que Stendhal monta um quadro diegético como se para colocar as situações em perspectiva histórica. As condições políticas e sociais estão intimamente enredadas na ação, são parte inseparável dela. Fazem uma conexão exata entre a ficção e o real que poucas obras conseguem realizar. Atinge uma narrativa precisa, gradual, que passa a imagem de um acompanhamento passo a passo da vida real no século XIX.

site: http://prosaicu.wordpress.com/
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João Souto 22/02/2015

Paixão e ambição
Queria tentar resenhar com alguma imparcialidade, mas como fazer isso com uma obra que entrou na minha lista de favoritos em posição de destaque? O livro é poderoso, e esse é o primeiro adjetivo da minha pseudo imparcialidade. Criei vínculos com a história e, em vários momentos, admito, senti que ele contava minha história, com algumas diferenças é claro, mas essencialmente transcrita naquelas páginas.

Foi a primeira vez que me identifiquei tanto com uma obra literária e ainda questiono-me porque me senti puxado a ela desde que a vi na prateleira daquela livraria.

Um triângulo amoroso. Paixões exacerbadas. Orgulho, muito orgulho. Uma obra a frente de sua época, muito atual e, de novo, muito poderosa.
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@pacotedetextos 03/02/2015

Valor histórico
O Vermelho e o Negro é um romance histórico psicológico, em dois volumes, do escritor francês Stendhal, publicado em 1830. Costuma ser citado como o primeiro romance realista, mesmo com grande carga de uma sensibilidade romântica. A ação transcorre na França no tempo da Restauração antes da Revolução de 1830, supostamente entre 1826 e 1830, e trata das tentativas de um jovem de subir na vida, apesar do seu nascimento plebeu, por meio de uma combinação de talento, trabalho duro, engano e hipocrisia. (Fonte: wikipedia)
Jorge Luis Borges incluiu o romance entre os maiores de todos os tempos.

Bom, eu não sou Jorge Luis Borges (“ooooooh“). Tudo bem que é inegável a importância histórica do romance – talvez mesmo por isso eu tenha me dado a tarefa de lê-lo -, mas muitas vezes eu me pegava perguntando “quando esse livro vai acabar?“.
Em alguns momentos, a história se arrastava páginas e páginas seguidas; noutros, a passagem de cena era abrupta, e eu demorava a entender o que havia acontecido. Numas situações, surgiam verdadeiros deus ex machina, solucionando questões aparentemente insolúveis e permitindo a mudança de cena, ainda que de forma bastante inverossímil (pelo menos para mim); noutras, que permitiriam um desenvolvimento maior, o autor simplesmente usa e abusa de etc. etc.
Ainda assim, há que se destacar o melhor do livro: o final. E com isso eu não quero dizer o fechar do volume e a sensação de “finalmente acabou”, mas sim as 50 últimas páginas.
Há, além disso, uns trechos bem interessantes, que se aplicam não só ao século XIX como à atualidade, como o seguinte:

O inconveniente do reinado da opinião pública, que aliás busca a liberdade, é que ela se mistura ao que não lhe diz respeito: por exemplo, a vida privada.

Pode ser que um dia, se eu resolver reler O Vermelho e o Negro, eu reveja meus conceitos – assim como um belo dia, no “auge dos meus quinze anos”, cheguei a achar estúpido o final de um livro do Machado; hoje em dia, bem, não preciso dizer nada! Mas, no momento, ouso discordar de Borges. Com todo o respeito, claro.

Curiosidade:
Há controvérsias sobre o porquê do nome O Vermelho e o Negro. Minha opinião? Deve ter algo a ver com amor e ódio, sentimentos tão opostos que, ao mesmo tempo, muitas vezes caminham lado a lado – na mesma pessoa.

Trechos:

. No Franco-Condado, quanto mais muros se constroem, quanto mais guarnecidas as propriedades de pedras enfileiradas umas sobre as ourtas, tanto mais se adquire o direito ao respeito dos vizinhos. (p. 12)
. A tirania da opinião – e que opinião! – é tão estúpida nas pequenas cidades da França quanto nos Estados Unidos da América. (p. 13)
. Mas essa emoção era um prazer e não uma paixão. Ao voltar a seu quarto, ele só pensou numa felicidade, a de retomar seu livro favorito; aos vinte anos, a ideia do mundo e de nele produzir um efeito prevalece sobre qualquer outra coisa. (p. 62)
. Eis aí a fortuna imunda a que chegarás, e somente a terás nessa condição e em tal companhia! Terás talvez um cargo de 20 mil francos, mas será preciso que, enquanto te empanturras de carne, impeças de cantar o pobre prisioneiro; oferecerás almoços com o dinheiro que tiveres roubado de sua miserável ração, e durante teu almoço ele será ainda mais infeliz! (p. 121)
. O andarilho que acaba de escalar uma montanha íngreme senta-se no topo e encontra um prazer perfeito em repousar. Mas seria ele feliz se o forçassem a repousar sempre? (p. 133)
. Estranho efeito do casamento, tal como o produz o século XIX! O tédio da vida matrimonial faz seguramente morrer o amor, quando o amor precedeu o casamento. No entanto, diria um filósofo, ele gera em seguida, nas pessoas bastante ricas para não trabalharem, um cansaço profundo de todos os gozos tranquilos. E somente as almas secas, entre as mulheres, não buscam de novo o amor. (p. 133)
. Desde Voltaire, desde o governo das duas Câmaras, que no fundo não é senão dúvida e exame pessoal, e dá ao espírito dos povos o mau hábito de duvidar, a Igreja da França parece ter compreendido que os livros são seus verdadeiros inimigos. Para ela, é a submissão do coração que é tudo. Ser bem-sucedido nos estudos, mesmo sagrados, é suspeito, e com razão. Pois quem impedirá o homem superior de passar para o outro lado, como Sieyès ou Gregóire? (pp. 152-153)
. Que juiz não tem um filho ou pelo menos um primo a promover na sociedade? (p. 172)
. Sempre haverá um rei que quererá aumentar suas prerrogativas; a ambição de querer ser deputado, a glória e as centenas de milhares de francos ganhos por Mirabeau sempre tirarão o sono dos homens ricos da província: chamarão isso ser liberal e amar o povo. A vontade de ser par ou fidalgo da Câmara sempre dominará os conservadores. Na nave do Estado, todo o mundo quer ocupar o comando, pois é bem pago. (p. 195)
. Um romance é um espelho que se leva por uma grande estrada. Ora ele reflete a vossos olhos o azul do céu, ora a imundície do lodaçal da estrada. E o homem que transporta o espelho nas costas será por vós acusado de ser imoral! Seu espelho mostra a imundície, e acusais o espelho! Acusai antes o grande caminho onde está o lodaçal, e mais ainda o inspetor de estradas que deixar a água empoçar-se e o lodalçal formar-se. (p. 297)
. A política … é uma pedra atada ao pescoço da literatura e que, em menos de seis meses, a submerge. A política em meio aos interesses da imaginação é como um tiro de pistola em meio a um concerto. É um ruído dilacerante sem ser enérgico. Não combina com o som de nenhum instrumento. Essa política irá ofender mortalmente uma metade dos leitores e aborrecer a outra, que, ao contrário, a julgou especial e enérgica no jornal da manhã… (p. 312)
. Um viajante inglês conta a intimidade em que vivia com um tigre; ele o criara e o acariciava, mas tinha sempre sobre a mesa uma pistola armada. (p. 356)

site: https://pacotedetextos.wordpress.com/2015/02/03/resenha-stendhal-o-vermelho-e-o-negro/
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Cris 12/01/2015

Não está entre os grandes clássicos da literatura à toa! O Vermelho e o Negro critica a sociedade francesa do início do séc XIX, dividida entre a nobreza, o clero e a burguesia.
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Braguinha 04/12/2014

Uma maravilha da literatura francesa!
Tão grande em qualidade quanto “Cem Anos De Solidão”. Tão memorável quanto a sua data de aniversário, tão inesquecível quanto sua primeira paixão. Uma obra prima escrita por este ex-soldado de Napoleão. Uma ficção sobre o amor impossível de um jovem casal. Entretenimento de alto nível. Um livro daqueles que te fazem querer sair mais cedo do trabalho para se agarrar com ele dentro do carro.
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Shirlei.Stachin 29/10/2014

O vermelho e o negro
Perdido no interior da França, o filho de um comerciante de madeira nutre sonhos de grandeza heroica, sem se dar conta de que ficaram para trás os tempos em que um jovem tenente de artilharia podia tornar-se cabeça de um Império. Este livro é a narrativa desse desencontro histórico, em suas menores reverberações. No rescaldo da derrota de Napoleão, as carreiras são tortuosas e os amores são difíceis. Para chegar a Paris, Julien Sorel passará por um seminário de província, aceitará um posto subalterno junto a uma grande família e será amante de duas mulheres únicas e díspares.
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Isidio 15/03/2014

Preciso ler de novo.
É um livro que li há muito tempo, e gostaria de ler novamente. Trata-se da luta dos operários nas minas de carvão. Etiene, nunca me esqueci desse nome, é o personagem principal da história.
Henrique Fendrich 31/07/2015minha estante
Acho que não é esse livro, hein? =)




Bruna 13/02/2014

Um personagem em carne e osso
Para mim, esse é um personagem completo... sujeito a falhas, não é de caráter excessivamente ruim, nem excessivamente bondoso...está nos moldes humanos, e é exatamente essa a definição de Julien Sorel, que junto com Pip (Grandes Esperanças), representa personagens, acima de tudo, humanos.
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Paty 30/01/2014

Não vou gastar vela com defunto ruim. Ponto.
Arsenio Meira 30/01/2014minha estante
mas Paty, kkkkk
dessa vez, discordei...
mas tudo bem, tudo bem, tudo bem: ponto.
Abraços




Adriana Scarpin 06/01/2014

Julien Sorel é fascinante e as oscilações que lhe ocorrem conforme irá ganhando experiência são descritas de forma brilhante por Stendhal, tudo entremeado pela paixão de Sorel por Napoleão, é na vida de Bonaparte que ele vai buscar inspiração para suas conquistas amorosas, eclesiásticas e militares. Nada disso dá muito certo, mas que Stendhal percorre um belo caminho de intrigas e psicologia profunda, isso é verdade.
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Larissa.Goya 03/12/2013

É uma história muito interessante, a começar pelo título, que supostamente demonstra a o conflito do protagonista entre o amor (ou o exército?) e a batina que usa. Um romance realista que tem também valor histórico. Apesar disso tudo, levei uns 4 meses pra ler, porque entre outros compromissos, acabei me entediando com a sequência de acontecimentos, que demoram pra se desenrolar, além de não saber muita coisa sobre a situação da França na época.
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Pé de feijão 01/12/2013

Desconcertante.
Eu me censuro quanto à baixa expectativa com que comprei este livro. Num sebo perto de minha escola, estava à procura de novos clássicos. Entre os empilhados e tantos outros cobertos de poeira, puxo ''O Vermelho e o Negro'', de Stendhal. Por conhecer brevemente um pouco do obra, o compro.
O motivo da minha censura só os leitores privilegiados, como eu, poderão reconhecer. Céus! A humanidade, em todos os seus vícios e acertos, presentes nos personagens do autor e da obra nos aproxima tanto da realidade dos indivíduos e da sociedade de nossa época contemporânea, que só notamos se tratar de personagens fictícios por estarem condicionados ao papel e não se tratar de biografia alguma.
A psicologia com que o autor desvenda, dilacera e digere dentro da mente do leitor, é desconcertante. Um livro recheado de psicologia humana e filosofia que consegue, mesmo após os séculos passados, espantar os que, por inclinação e diploma, se aventuram nas áreas da psique humana. Dois pontos quero destacar aos que o lerão futuramente:
1°: ao serem apresentados ao protagonista, Julien Sorel, pensarão que se trata do mocinho frágil e sem recursos, de boa índole e de pensamentos puros e adequados. Não pensem desta maneira.
2°: uma característica que denota o realismo da obra, fora a imprevisibilidade dos personagens, é quando estes, ao julgarem precipitadamente uma atitude do outro, cometem equívocos que só podemos encontrar dentro de nossa realidade.
Mais que recomendado. Boa leitura.
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