-Rafaela 11/10/2023
A Libélula No Âmbar
A libélula no âmbar inicia-se narrando os acontecimentos de 20 anos após o final do primeiro livro. Só que ao invés do passado, nos deparamos com Claire de volta à sua época em 1968 que retorna para a Escócia, com sua filha Brianna, para encerrar sua história e deixar o passado para trás.
A primeira parte sendo intercalada pela perspectiva da Claire e do Roger foi mais dinâmica e fluiu muito bem. Digo isso porque não senti as páginas, fiquei imersa na leitura, o que para mim foi uma novidade, já que é uma narrativa mais densa e detalhada.
Gostei bem mais da maneira como o segredo da Claire é revelado aqui. Assim como, achei a Brianna menos chata e irritante do que a da série. Espero que sua personalidade continue assim nos próximos livros - porque a Brianna da série em minha opinião é insuportável.
"? Bem, o fato é que atravessei uma maldita fenda numa pedra daquele círculo em 1945 e acabei na encosta lá embaixo em 1743."
Como consequência dessa experiência, Claire conta sua história para Brianna, sua filha, e Roger, filho adotivo do reverendo Wakefield. É perante esta narrativa que a estória se desenvolve, na qual, a própria relata os acontecimentos vividos no passado e quais foram os motivos que a levaram a retornar para seu tempo e Frank.
No passado, as partes que retratam a França em 1744 não fluíram tão bem. Extremamente arrastado e cansativo diversas descrições, que ao meu ver, algumas não agregam em nada, a não ser para aumentar o número de páginas, afinal, só essa parte da narrativa é mais da metade do livro. Todavia, quem é leitor da autora sabe que essa é uma característica de sua escrita, posto que, a mesma retrata tudo nos mínimos detalhes.
Vemos aqui uma construção maior das tentativas da Claire e do Jamie em impedir a Batalha de Culloden, visando que este é o ponto central de toda a trama do livro. Se eu não tivesse assistido a série, ficaria um tanto confusa lendo a parte da França. Já que neste momento não tinha visto aprofundamento na relação do Jamie com o príncipe Charles Stuart. Era muito mais o pensamento da Claire acerca dos fatos ou o Jamie narrando para ela o que aconteceu. Se o livro fosse alternado entre o ponto de vista de ambos, seria uma leitura mais proveitosa. Tal qual, senti que outras relações estabelecidas entre o casal também não foram desenvolvidas, fiquei com a sensação de que poderia ser melhor trabalhado.
Importante frisar que no livro fica muito mais em evidência que a gravidez da Claire sempre foi de risco. Diante disso, não acho justo a atitude dela em culpabilizar o Jamie pela perda que os dois tiveram. Vejo que ela foi um tanto quanto egoísta em pensar somente no Frank, mesmo sabendo o quanto Jamie ansiava por sua vingança contra o Jack Randall. Mesmo não concordando, entendo o lado de cada um, e ao meu ver, os dois tinham suas razões para agir de tal maneira.
Depois de todos os acontecimentos ocorridos na França, enfim Claire e Jamie voltam para a Escócia e estão em casa. Se eu senti falta de desenvolvimento na França, nessa parte percebi que as relações foram melhor aprofundadas. A importância da amizade da Jenny e Ian, o pertencimento da Claire em ter uma família e lar. Mas, infelizmente tudo isso é apenas temporário, quando Jamie vê seu nome sendo publicado em uma declaração pelo próprio Charles como leal à causa Stuart. Sendo assim, considerado novamente traidor da coroa britânica por ser um jacobita. Mesmo sabendo que tal façanha iria acontecer, fiquei indignada, pois pela primeira vez o casal tinha uma oportunidade de construírem uma vida em Lallybroch e isso foi-lhes arrancado.
É notório que houve estudo por parte da autora para retratar o marco histórico que foi para os escoceses a Batalha de Culloden e o fim da tradição dos clãs nas terras altas. Nesse ínterim, podemos entender melhor a sucessão de acontecimentos que levaram a batalha entre escoceses e ingleses, e quais papéis cada personagem desempenhou durante este enlace. Charles Stuart teve um pouco mais de destaque, mas ainda assim, não suficiente, os momentos que apareceu foi somente para prejudicar tanto o Jamie quanto a Claire. Ademais, outros personagens possuem seus momentos, como o Duque de Sandringham, Dougal Mackenzie e Jack Randall. Um personagem que não teve tanto destaque e que merecia é Murtagh, aparecendo em poucas ocasiões.
Apesar de ser uma leitura que demanda concentração para o entendimento, visto que a autora aborda fatos históricos, não achei essa parte tão cansativa igual às demais, fluiu tranquilamente bem. No entanto, achei sim, novamente, que algumas cenas e descrições não contribuem para o enredo da batalha e portanto não fariam falta se fossem deixadas de fora, visto que só ocupam páginas.
Claire, uma enfermeira do século XX que se apaixona por um escocês do século XVIII, demonstram desde o primeiro livro que o amor incondicional transcende as barreiras do tempo.
"? Permita, então, que beijos apaixonados permaneçam. Em nossos lábios, comece a contagem. Até mil e cem. E mais cem e mais mil."
O casal enfrentou diversas situações no decorrer do livro, não tiveram um minuto de paz. A parte que eles precisam se separar no final foi bastante triste, a promessa que fizeram para se lembrarem um do outro, as declarações de amor e a despedida. Um dos meus casais favoritos, mas injustiçados porque os dois sofreram tanto.
"? Sangue do meu sangue... ? murmurei.
? ... e carne da minha carne ? respondeu ele baixinho."
De volta para o presente, na última parte do livro, após contar sobre seu passado para sua filha Brianna e Roger, Claire precisa fazer eles acreditarem que sua história é de fato verdadeira. O ceticismo de Bree me fez ficar irritada com ela, ao passo que Roger acreditou e ainda a ajudou a comprovar toda a autenticidade dos fatos. Mesmo já sabendo de algumas revelações, achei que a maneira como foi descrita aqui foi melhor do que a da série. Gosto muito de outlander e pretendo ler futuramente os outros livros da série.
Por último um aviso para quem não gosta de capítulos extremamente longos, com muitos pensamentos e descrições minuciosas, talvez esse livro não seja uma leitura tão prazerosa para você, já que é preciso paciência para ler. Visto que é uma narrativa bastante prolixa. E mesmo eu já estando acostumada à maneira como a autora escreve, me cansou. Queria mais dinamismo na leitura, e só começou a acontecer na penúltima parte do livro. Tirando isso, é um livro envolvente e ótimo para aqueles que gostam de romance com viagem no tempo, mas, com um foco maior na Revolução Jacobita.