Lorena 29/03/2013Engraçado, mas não sei bem o que dizer sobre esse título do Martin Page. O livro é curtinho, 158 páginas de uma leitura rápida e, aparentemente, despretensiosa.
Martin nos apresenta Antoine, um personagem intrincado e fora dos padrões - assim como o Virgile, de Talvez uma história de amor -. Um anti-heroi carismático que nos contagia desde o começo, não pelo carisma, mas pela ausência total disso.
Extremamente inteligente, Antoine ver nisso a causa de todos os seus problemas: insonia, por que passa muito tempo pensando; ausência de interação social, por que ninguém tem uma capacidade critica semelhante; infelicidade, por que nada lhe parece livre de criticas... enfim.
Em todo o romance, Antoine procura a cura para sua inteligência. Segundo ele, "A vida não é mais que uma infinita tortura" e quer a todo custo parar de analisar e pensar a respeito de todas as coisas. Ele tenta alcoolismo, suicídio, cirurgia e encontra em um anti-depressivo sua solução.
A estupidez não é exatamente sua resposta e nisso está toda a crítica do livro: A massificação das opiniões e a falta de senso crítico da sociedade. É uma história de um humor inteligente e sarcasmo sutil que nos faz pensar em muitos aspectos da sociedade atual.
E nessa de criticar e induzir o pensamento que Martin Page perde um pouco de público. Não é um livro para qualquer leitor. Apesar da graça, há uma critica social pesada e foge completamente de todos os padrões editoriais. Talvez por isso que gostei tanto do livro, simplesmente por ser diferente.
Adoro a forma com o autor constrói os personagens e conta a história, mas não é um livro de massas. Não é o tipo de história e escrita que ganha a todo mundo e se torna um pouco arrastada no seu decorrer. Mais uma vez é isso que me ganha: A não massificação, a sutileza de crítica e os personagens surreais.
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