yomaeli 17/08/2020
"Sou habitada por um grito
Toda noite ele voa
À procura, com suas garras, de algo para amar"
Ariel tem uma marca muito específica na arte de Plath, visto que foi produzido e organizado por ela pouco tempo antes de se suicidar. Uma obra preparada e com todas as coordenadas de página e ordem para sua publicação. Porém, o marido de Plath acabou fazendo mudanças, tirando de Ariel seu nascimento como a autora previra. Apesar dessa manipulação inadequada de suas criações, ainda vemos aqui muita mágoa, dor e solidão.
Confesso que o que mais gostei do livro foi o prefácio, no qual podemos saber sobre a Sylvia, suas dificuldades, a irritação de sua filha com a espetacularização de sua morte, o adultério de seu marido e a história também trágica da amante. Conhecemos não só a artista, mas a mulher por trás da poesia. No entanto, pelo menos aqui, sua arte não me tocou inteiramente.
Uma história de vida interessante, com algumas poesias bem problemáticas em suas essências (vide as que falam sobre judias), coisa que percebi que muitos leitores preferem não ver, mas acredito que toda obra merece ter uma análise mais profunda partindo do contexto social de quando se lê. O jeito, agora, é descobrir se Plath me prende com sua prosa.