Lodir 29/01/2012DECEPCIONANTE O livro Jogos Vorazes começa devagar, mas com o tempo prende. Em Chamas, sua seqüência, é viciante do começo ao fim. Quem leu minhas críticas percebeu como fiquei satisfeito com eles. Com dois ótimos volumes, e com o final intrigante de Em Chamas (que dá início a uma guerra), era de se esperar que o terceiro e derradeiro volume da trilogia fosse espetacular, certo? Certo, só que ele não é. Muito pelo contrário. Não se sabe o que aconteceu com Suzanne Collins enquanto escrevia A Esperança e criava sua trama, mas o resultado é uma total enrolação do início ao fim. Ironicamente, já no começo não há esperança de possível melhora da obra com o passar das páginas. A palavra que melhor define este livro é decepção.
A série deveria ter acabado no segundo volume. A sensação ao longo de todo o terceiro é que simplesmente não havia mais história para contar, e que Collins teve uma súbita falta de criatividade na hora de criar o enredo. O livro, que tem 420 páginas arrastadas, não tem acontecimentos marcantes. Ao chegar à página 300, absolutamente nada aconteceu até então. Nada mesmo, algo realmente preocupante. O livro é cansativo, chato, um verdadeiro tédio. A leitura é arrastada, lenta, e, em alguns momentos, exige um esforço enorme do leitor para não abandoná-la, mesmo para quem era fã da série até então. No primeiro livro houve a realização dos Jogos Vorazes, e no segundo o Massacre Quaternário. Talvez o grande problema deste último capítulo seja a ausência da arena e todas as emoções que ela trazia.
Após se tornar o Tordo, ou seja, a líder da revolução organizada contra o presidente Snow, Katniss precisa enfrentar um treinamento com toda a equipe de rebeldes que está ao seu lado. O problema é que este treinamento dura o livro inteiro, e nem ação sequer ele tem. Ao invés das esperadas batalhas, ficamos com diálogos e reuniões intermináveis o tempo inteiro. Diversos novos personagens são apresentados sem uma boa construção, e o leitor se perde em meio a tantos novos nomes, sem saber direito quem é quem. Há algumas coisas ilógicas no enredo, como a forma simples com que Peeta aparece após ser seqüestrado e sua perda de memória inexplicável, que volta rapidamente, do nada, com a maior facilidade. O resultado é uma Suzanne Collins enrolando e enrolando o leitor para finalmente chegar ao grande clímax de toda a série que também decepciona muito. Após tanto treinamento e discussão sobre como destituir o ditador Snow, era de se esperar que um grande conflito entre ele e provavelmente Katniss acontecesse na conclusão da trilogia, já que ela era sua grande opositora. Não acontece. Sem mais detalhes, o final é rápido, sem explicações ou detalhes, terminando tudo de uma forma tão simplória que beira o ridículo. As últimas páginas transbordam clichês e o epílogo não será inovação alguma para quem já leu o último Harry Potter.
É triste que uma série tão boa e surpreendente como Jogos Vorazes tenha terminado de forma tão medíocre. É lamentável que uma resenha como esta seja escrita após tantos elogios aos primeiros dois livros. A lição que se aprende após a leitura de A Esperança é que a qualidade de um livro não garante a qualidade de suas seqüências, nem que ele seja um sucesso.