Annie 02/08/2012Eu Sei o Que Você Está Pensando, por Ana Nonato.Veja também em: http://seismilenios.blogspot.com.br/2012/08/resenha-eu-sei-o-que-voce-esta-pensando.html
Enredo
Um detetive aposentado e sua esposa moram em sua casa de campo. O cenário perfeito para a maioria dos casais a esta altura da vida.
Madeleine concordaria com esta visão.
Gurney, em absoluto, não.
O detetive mais famoso do departamento de Nova York não consegue simplesmente relaxar e aproveitar a paisagem, os afazeres da propriedade. Pode até ter tentado sair do crime, mas este não sai dele. Como um hobby, Gurney edita fotos de assassinos em série, realçando os traços físicos que o levam a recordar as personalidades brutais.
O casamento não vai bem há anos, desde que um trágico acontecimento se abalou sobre eles. Os dois se amam, não há dúvidas, mas não conseguem estabelecer mais que alguns minutos de compreensão mútua.
É neste cenário que um mistério cai nas mãos de Gurney. Aparentemente, alguém tentava dar um golpe ao insinuar saber demais sobre o destinatário. Quando o jogo passa a contar com um assassinato, o detetive deve entrar em cena e deter o psicopata antes que destrua mais pessoas.
Os espaços em que a narrativa se passa são essenciais para um romance policial, pois são a cena do crime, as pistas para o investigador (e o leitor). Neste aspecto, o livro não deixou a desejar: é bem detalhado, focando-se em detalhes específicos que permita que o leitor tente montar hipóteses, mas sem ser cansativo demais.
O tempo em que a história se passa não é determinado diretamente, mas é passível de ser inferido através de tecnologia utilizada (em especial para a investigação) e referências a anos anteriores.
As personagens são complexas, até mesmo as que passam por um breve momento no enredo. Isto poderia parecer natural, visto que a narração é feita em terceira pessoa do singular, mas o andamento se concentra tanto em Gurney, em como sua mente incrível desvendará o que parecia sem solução, que conseguir complexidade também nas outras personagens é um feito admirável. A profundidade de Gurney também é um capítulo a parte, visto que sua mente trabalha em vários pontos ao mesmo tempo (pontos emocionais, como Madeleine, e os pontos do mistério). É interessante ver, também, como é humano, apesar de ser brilhante, pois comete muitos erros durante os acontecimentos.
O andamento da história tem um aumento gradativo bastante significativo em se tratando do gênero, tendo seu ápice quando o fim do mistério chega. Após, há uma queda gradual, mas de modo algum negativa, ao se tratar de um detetive pensativo.
Boa parte dos elementos que compõem o mistério são muito criativos. Algo que não surpreendeu, porém, foi o estado em que Gurney se encontrava, visto que, na maioria dos livros do gênero, o "herói" sempre está amargurado e com problemas que envolvem as pessoas próximas a ele. Outro ponto negativo é que alguns pontos do mistério eram facilmente detectáveis para o leitor, diminuindo um pouco o suspense.
O enredo, em suma, é muito bom, perfeitamente plausível, com elementos fortes e com boa parte do mistério praticamente inexcrutável. Os pontos espalhados pelo enredo, em sua grande parte, também serviram ao propósito de intrigar o leitor. A explicação é bem fundamentada na realidade, boas referências para esta.
Estrutura "Artística"
A capa é um dos aspectos isentos de crítica. O trabalho artístico feito é pertinente à ideia do enredo, sendo que a bota é parte do mistério.
A diagramação é boa e as letras são de um tamanho razoável, tornam a leitura adequada.
A sinopse serve bem ao seu propósito: informa o leitor de que se trata o livro e ainda consegue colocar um gancho ao final.
Por ser um livro policial, há a certeza de que foi completamente planejado e concebido em meio a diversas pesquisas, de modo a torná-lo o mais fiel possível à realidade. Mesmo assim, há alguns erros que devem ser considerados.
Estrutura Física (Materiais)
As páginas são de qualidade e amareladas, não tornam a leitura mais cansativa.
O material de capa tem boa resistência, sendo pouco suscetível a vincos e amassados.
Análise
Enredo (x2): 4,83
• Espaço (x2): 5 (ótimo);
• Tempo (x2): 5 (ótimo);
• Personagens (x2): 5 (ótimas);
• Criatividade (x1): 3 (boa);
• Andamento do enredo (x2): 5 (ótimo);
• Início, meio e fim (x3): 5 (ótimo);
Estrutura Artística (x1): 4,67
• Capa (x1): 5 (ótima);
• Diagramação (x1): 5 (ótima);
• Fontes (x2): 5 (ótimas);
• Sinopse (x2): 5 (ótima);
• Enredo (x3): 4 (muito bom);
Estrutura Artística (x1): 5
• Capa (x1): 5 (ótima);
• Páginas (x2): 5 (ótima);
Nota final: [2*(4,83) + (4,67)*1 + (5)*1 ]/4= 4,84 (ÓTIMO)
Gostei da obra?
Gosto muito de livros com a temática policial, adoro tentar descobrir o mistério por mim mesma. Enquanto lia, muitos aspectos me surpreendiam, mas a partir de um certo ponto eu já sabia quem era o assassino e suas motivações, a leitura acabou por se tornar a confirmação do que havia descoberto. Confesso, porém, que não coloquei este aspecto na análise porque especulei muito sobre o livro, algo que a maioria dos leitores não faz, apenas deixa-se levar pelo mistério. Apesar deste contratempo, gostei.