Luize 24/02/2016
O Padre Cristofor, o comerciante Ivan e o seu sobrinho Iegóruchka , um rapazinho de 9 anos de idade, partem em direção a outra cidade, percorrendo a estepe russa em uma charrete caindo aos pedaços. Para quem não sabe, estepe é um tipo de vegetação: uma planície árida, com grama e capim, e pouca ou nenhuma árvore.
Cristofor e Ivan vão vender lã. Iegóruchka vai ingressar no ginásio,seu tio Ivan irá bancar seus estudos, um privilégio para uma criança pobre na Rússia do século XIX. No entanto, o garoto viaja a contragosto. Iegóruchka está triste por deixar seu vilarejo e por se afastar de sua mãe e não entende para onde vai e para quê vai. Essa viagem rumo a uma nova vida assume o rito de passagem da sua infância para a sua juventude.
Ao longo da narrativa, percebemos que a descrição da estepe muitas vezes se assemelha ao estado de espírito de Iegóruchka.
Por exemplo, logo no início da viagem, ao ver um falcão planar, o garotinho, entediado e triste, vê a si próprio voar sem entender para quê:
"um falcão plana nas alturas, movendo as asas harmoniosamente. De repente, pára no ar, como se estivesse refletindo sobre o tédio da vida. Em seguida, sacode as asas e parte sobre a estepe como uma flecha, e não dá para entender para quê ele voa e o que quer.."
Segue então uma incrível descrição da estepe, a verdadeira protagonista do livro, tão cheia de vida, tão triste e tão bonita. Sob o olhar de Iegóruchka vamos observando a vasta paisagem, a miséria e a dura vida dos camponeses. O universo infantil vai se dissolvendo pouco a pouco. Nada de extraordinário acontece.O leitor pura e simplesmente acompanha o garoto e suas impressões sobre a vegetação e as pessoas que cruzam seu caminho durante o percurso até a outra cidade.