A Estepe

A Estepe Anton Tchekhov




Resenhas - A Estepe


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Thais 31/01/2022

Uma longa viagem pela estepe
Gostei bastante da narrativa de Tchekhov, simples e objetiva.
Dois adultos e uma criança viajam de charrete pela estepe, e assim passamos a conhecer intimamente os atributos que incorporam essa estrada, desde belas descrições da natureza e tb sobre as pessoas que passam por ela e vive pelos arredores.
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Carol 20/01/2022

Bom, esse livro é realmente um retrato de viagem e de mudança de uma vida que o personagem já conhecia para outra totalmente nova, sendo mais focado na transição e nos sentimentos.
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Joao.Gabriel 02/01/2022

Livro maravilhoso! Tchekhov consegue fazer uma narrativa maravilhosa logo na sua estréia dentro de um texto longo. As descrições que ele dá são perfeitas, beiram o fantástico! Você vai lendo, e de repente se dá conta de que o narrador só estava falando do raio ou da grama.
E o melhor: não tem descrição exagerada.

Apesar disso, não tem muito diálogo, então quem está acostumado com essa narrativa pode não gostar tanto em um primeiro momento
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arthur966 15/10/2021

aquelas pessoas, as sombras em volta da fogueira, os fardos escuros nas carroças, os relâmpagos distantes que faiscavam a cada minuto, tudo agora lhe parecia terrível e desumano. iegóruchka tinha medo e se perguntava, em desespero, como e para que ele tinha ido parar numa terra desconhecida, em companhia de pessoas tão assustadoras?
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Carol 11/10/2021

Impressões da Carol
Livro: A estepe {1888}
Autor: Anton Tchékhov {Rússia, 1860-1904}
Tradução: Rubens Figueiredo
Editora: Companhia das Letras
144p.

Não gosto de ler livros cujo protagonista seja uma criança, pois costumam descambar para a síndrome da criança gênio, insuportável. O que, felizmente, não é o caso do incrível "A estepe" e de seu protagonista Iegóruchka.

Tchékhov consegue expressar toda a ansiedade, receio e insegurança que um menino, com nove anos, afastado de sua mãe e enviado a uma viagem pela estepe russa rumo a uma cidade desconhecida para continuar seus estudos, sentiria numa situação dessas.

Iegóruchka é um personagem adorável. Na imensidão da estepe, ele se adapta e se orienta, é uma criança esperta e crível para sua idade. Por meio do seu olhar, temos um retrato dessa Rússia que vê com nostalgia um passado mitificado e vê, com desconfiança, o que virá. Nos perdemos na imensidão dessa estepe que é vivificada, é passagem, é ruptura e parte essencial do seu amadurecimento.

É Iegóruchka quem alinhava os personagens que percorrem a estepe: o afetuoso Padre Khristofor e o tio Kuzmitchóv - seus companheiros no início da jornada - o misterioso Varlámov, o apaixonado Konstantin e, finalmente, o comboio de mujiques, Pantelei, Emelian, Vássia, Dímov e Kiriukha.

?É muito difícil pensar num autor com uma escrita tão bonita, tão concisa e tão apaziguadora quanto Tchékhov. Lê-lo é ser transportado a outro tempo, é ser levado à reflexão. Como nesse trecho:

"Quando contemplamos o céu profundo por muito tempo sem desviar os olhos, não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. Começamos a nos sentir irremediavelmente sós e tudo que antes achávamos próximo e familiar se torna infinitamente distante e sem valor. As estrelas, que miram do céu há milhares de anos, o próprio céu insondável e a escuridão se mostram indiferentes à vida breve dos homens e oprimem nossa alma com seu silêncio, quando? acontece de ficarmos cara a cara com eles e tentamos alcançar seu sentido". p. 85.

Li "A estepe" para o Clube do Livro Russo e foi daquelas leituras unânimes. Indico com fervor. Deem uma chance a Tchékhov.
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Ivy 28/09/2021

A estepe é a mais complexa das personagens
As descrições são lindas, poéticas e intensas e certeiras. A estepe ganha vida, assim como os outros personagens. As mudanças do clima, da personalidade das personagens, da tensão entre as cena são tão bem descritas que nos é perfeitamente possível sentir cada transição, ouvir cada ruído, perceber apuro, ver cada clarão, cada expressão. E o leitor vai junto na viagem, nos percalços e tudo. É lindo

"[...] em meio aos chiados monótonos, perturbando o ar imóvel, irrompe cada vez mais frequente o mesmo "ah ah!" de espanto e se ouve o grito de um pássaro que não dorme ou delira... E ao olharmos para o céu verde-pálido, coalhado de estrelas, onde não há nenhuma nuvem ou mancha, entendemos por que o ar morno está imóvel, por que a natureza está totalmente desperta, mas treme se mexer: ela tem medo e pena de desperdiçar um só momento da vida."
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Carol 10/08/2021

Um livro bem tranquilo de se ler, com linguagem bem fluida. O livro conta a viagem de Iegóruchka, uma criança que sai de sua cidade para estudar em outra cidade, pois sua mãe quer uma vida melhor para ele. No trajeto, nos deparamos com outro protagonista: a estepe. Tchekhov nos leva a uma viagem pelas estepes russas.
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Gabrieli 06/08/2021

A Estepe
Nossa, que livro! Mais um que entrou para os meus favoritos desse ano! Tchékhov escreveu essa obra com apenas 28 anos, e é uma pena que ele não tenha escrito mais novelas e até romances, essa obra foi sua primeira tentativa de um texto mais longo, e deu super certo.

Lendo, temos a sensação de estarmos ouvindo uma história de um colega, que narra com tanta vivacidade que muitas vezes pensamos que estamos junto com os personagens. É impressionante os diálogos, como são inteligentes, as reflexões sobre coisas banais são feitas com tanta consciência que nos gera reflexões sobre a vida.

Como olhar a imensidão do céu, e nos lembrarmos o quanto somos pequenos, e quão velhas são as estrelas que ali estão, e tudo vira silêncio, porque não tem o que ser dito sobre isso, a vida é uma indagação que levaremos para o túmulo, a vida é o que é.

Bom, a história em si é sobre a viagem de Ivan, o padre Khristofor e o sobrinho de Ivan, um garoto de 9 anos, chamado Iegóruchka. Os três viajavam de N.. para Z, os dois primeiros queriam vender sua mercadoria, e o garoto foi mandado pela mãe para estudar na cidade. É muito interessante a descrição que o autor faz entre a perda da infância para ingressar na vida adulta de uma forma tão repentina.

Talvez, o autor tenha colocado um pouco de si nesse personagem, porque ele chegou a escrever ?Na minha infância, não houve infância?. (Pg.7)
Iegóri se sentia triste e abandonado, e é compreensível, apesar de sua mãe querer o melhor para o menino, querer que ele tivesse uma chance que talvez ela não teve, o garoto ainda era apenas uma criança.

Conforme a viagem segue, muitas coisas acontecem, mas ele precisa seguir viagem com alguns mujiques para chegar mais rápido, então entra na viagem alguns personagens que são extremamente interessante, e a forma que é descrita a vida deles, de pessoas que já foram sucedidas mas que agora estavam ali fazendo a sorte deles é tão profunda que parece que estamos em volta da fogueira com eles ouvindo suas histórias.

É um livro que nos dá muito aprendizado, principalmente sobre dar importância as coisas simples da vida, de ouvir o silencio, de ouvir a natureza, de enxergar beleza onde muitos não enxergam.

?Mas nenhum daqueles sons perturbava o silencio, nem agitava o ar parado; ao contrário, eles incitavam o silêncio?. (Pg.19)
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nay 26/06/2021

Boa viagem
A leitura da Estepe parece muito com uma carroça rústica (velha) que leva os viajantes, não é o veículo que mais parece convidativo a fazer esse passeio, nem parece que se manterá inteira até o fim, mas se você se deixar a história te leva devagar e a cada parada você se apega mais à narrativa, outros viajantes te acompanham, o cenário conta sua história, o clima natural muda tudo e, quando você menos espera, chegou ao seu destino e o final da história. Não que alguém anseie chegar ao fim, o importante é o percurso. Por isso aos que desejam ler: que façam uma boa viagem.
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Patty Lima 13/06/2021

Uma viagem emocionante
Essa foi minha primeira experiência com Tchékhov. Foi rica, envolvente e emocionou-me grandemente. A viagem de Iegóruchka não é muito longa, mas as experiências que ele tem faz-nos, enquanto leitores, perceber seu amadurecimento ao longo da jornada. As paisagens vistas, as pessoas com quem convive o transformam em outro menino quando chega ao destino final. Sabe aquelas listas de livros a serem lidos "antes de morrer"? Não estarão completas se não listarem "A estepe". Que viagem prazerosa foi essa leitura.
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Rickson.Ramos 27/03/2021

Retrato em prosa das estepes
A estepe?, novela do escritor, dramaturgo e médico Anton Tchékhov, é o retrato em prosa do ecossistema estepe, juntamente com o amadurecimento de um inocente jovem.

Iegóruchka ? enviado pela mãe para estudar em outra cidade ? tem na viagem contato com personagens únicos que tem muita voz dentro da história, representando arquétipos reais dos variados estilos de vida russos. O rapaz passa metade da viagem com seu tio comerciante e com um padre, e a outra metade com um comboio de mujiques das estepes.

Usando muitas vezes de simbolismos e analogias, o autor descreve mais do que uma simples travessia, e sim o primeiro contato com o mundo adulto, o verdadeiro mundo, narra o medo frente à imensidão do desconhecido, muitas vezes personificado na própria estepe ? esse sendo um dos principais elementos do livro: a maneira como a estepe e o clima refletem os sentimentos de Iegoruchka, suas confusões e anseios.

O autor faz um fantástico quadro das estepes russas/ucranianas, descrevendo-as sempre de forma inegavelmente poética, tornando-as quase um personagem tangível da história. É importante se atentar à diferença na maneira como Tchékhov narra as passagens pela estepe e como ele narra as pelas cidades. Essa análise contribui muito para a reflexão das últimas páginas da novela.

?Afundou-se numa prostração sobre um banco e, com lágrimas amargas, saudou a vida nova e desconhecida que agora começava para ele? E que vida seria aquela??.
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Cinara... 12/03/2021

"... não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. "

De repente me bate uma nostalgia do que não vivi, viajar por uma estepe coberta de grama sentido o cheiro do mato!
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Maria Clara Mendes 23/02/2021

Que livro lindo!
A Estepe - Anton Tchékhov

A estepe é meu primeiro contato com Tchékhov e já me impressionei bastante com a forma que ele aprofunda a narrativa em tão poucas páginas.

O livro vai narrar a história de uma viagem de charrete pela estepe russa, onde três homens se encarregam de levar um menino para o seu novo lar.

É bem interessante como o autor consegue ambientar cada momento e lugar da viagem, além de despertar sentimentos de uma forma como se estivéssemos juntos na viagem.

O mais interessante no livro, e acrediro que é o ponto chave, é que a gente vai vendo a transformação do garoto ao longo do tempo e da viagem. A forma como ele vai encarando os mais diversos sentimentos ao se deparar com medos, descobertas, pessoas e ambientes.

É tão curto o livro, cerca de 136 páginas, porém tão bem escrito e construído que da a impressão que é mais longo. O final da um leve aperto no peito.

Achei que valeu muito a pena essa leitura.
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Marcelo Rissi 02/02/2021

A estepe (Anton Tchékov)
Encerrei, há alguns dias, a quarta leitura de 2021: ?A estepe?, do consagrado escritor russo Anton Tchekhov. Após maturar as ideias por curto espaço de tempo ? ao longo de alguns dias ?, lancei-me à tarefa, que ora realizo, de elaborar um texto ? uma resenha, talvez ? sobre essa obra de beleza ímpar. Faço-o, porém, de forma sucinta (tentarei, ao menos), visando a aprimorar a concisão, objetivo recentemente autoproposto.

O russo Anton Tchekhov (1860-1904) ? que atuou como médico, escritor e dramaturgo ? publicou ?A estepe? em 1888, obra que inaugurou a sucessão de narrativas mais longas do autor. Antes, o escritor já havia construído, com sucesso, extensa produção literária, desenvolvida até então, porém, na forma de contos mais curtos e sucintos.

A produção literária do autor coincide, aproximadamente, com o período de publicação de consagrados romances de seus compatriotas russos, a exemplo de ?Os Irmãos Karamazov? (1881), de Dostoiévski, e ?Anna Karênina?, de Tolstói (1877), apenas para citar algumas publicações da época.

A profícua produção literária russa, notadamente do século XIX, é marcantemente caracterizada pelas ações de impacto, pelas tramas e pelos enredos complexos e intrincados que abriam canal, expressa ou implicitamente, a reflexões e aprofundamentos filosóficos, políticos, psicológicos e sociais.

Tchekhov, seguindo direcionamento oposto, desenvolveu estilística própria, não coincidente com essa tendência presente à época. As narrativas do autor, norteadas pela concisão, não se caracterizavam, no geral, pela densidão e pela extrema erudição. Primavam, sobretudo, pela beleza estética ? quase poética ? da narrativa e pela prodigalidade e elegância nas descrições, objetivo que o autor alcançou com incomparável nível de excelência. Não à toa, Tchekhov pertence à categoria dos grandes escritores mundiais, titulando a autoria de indisputáveis obras clássicas.

Em ?A estepe?, o autor desenvolveu uma narrativa alinhada à sua estilística peculiar, moldada às características já mencionadas. A obra em questão é relativamente curta ? a edição que possuo, da editora ?Penguin?, contém aproximadamente 120 (cento e vinte páginas) ? e descreve a história de uma viagem por uma estepe. É esse, em síntese, o tema central da ficção, que, assim, não à toa, recebeu o subtítulo ?História de uma viagem?.

Apenas para consignar uma breve síntese: o garoto Iegóruchka, criança, é o personagem central. Por iniciativa da mãe, Iegóruchka foi agraciado com a oportunidade de estudar num bom colégio, situado, porém, em localidade distante. A fim de viabilizar, então, os estudos, Iegóruchka inicia, ainda criança, uma viagem de alguns dias pela estepe, rumo a uma nova vida, longe da família e de sua cidade de origem. Iegóruchka é acompanhado, na oportunidade, pelo tio Ivan Ivanitch e pelo padre Kristofor, ambos comerciantes (que, na oportunidade, realizavam uma viagem de negócios), e pelo cocheiro Deniska, que conduzia a charrete, meio de transporte utilizado ao longo da viagem pela estepe.

A narrativa desenvolve-se, essencialmente, nesse cenário e nessas condições. Não há, em ?A estepe?, um enredo complexamente intrincado, com grandes aprofundamentos e tramas a partir de longas digressões. Tampouco assim o objetivou o autor, porém. Afinal, conforme adequadamente observado na sinopse do livro (escrita pelo tradutor Rubens Figueiredo), o desafio de Tchekhov, em ?A estepe?, ?era escrever uma narrativa sem enredo, sem heróis, sem outra crise que não um resfriado que o menino Iegóruchka pega na viagem. Uma narrativa sem aventuras e ações de impacto, senão aquelas presentes, de forma indireta, nas histórias meio inventadas que os carroceiros da estepe contaram para Iegóruchka?.

Equivoca-se, porém, quem porventura conclua, apressadamente, a partir desses breves apontamentos, que ?A estepe? encerra obra pedante e enfadonha. Como já afirmado, Tchekhov lançou-se ao peculiar desafio de escrever uma narrativa sem enredo, mas que, ao seu turno, primava pela beleza descritiva, em tons praticamente poéticos. Fazendo-o com incomparáveis maestria e sublimidade, o autor alcançou resultado ímpar, colocando-o, não por acaso, na categoria dos grandes escritores mundiais, fato evidentemente impulsionado por obras como ?A estepe?.

Tchekhov possuía aquele dom ? raro talento ? de, operando com as palavras, inserir o leitor na narrativa. As descrições, em ?A estepe?, foram desenvolvidas com tamanha elegância e minúcia, que o leitor é capaz enxergar os cenários, sentir o olfato dos ambientes e dos aromas retratados, o paladar das refeições, as oscilações das temperaturas, os sobressaltos das intempéries e assim por diante.

A obra em questão, porém, não é apenas rica em descrições objetivas (de lugares, de paisagens, de cenários, de sensações olfativas etc.). ?A estepe? é, igualmente, pródiga no desenvolvimento do íntimo dos personagens, expondo, após perscrutação interior, suas reflexões, seus pensamentos e seus sentimentos (tais como solidão, medos, incertezas, angústias, tristezas e inseguranças), usualmente manifestados nos solilóquios (especialmente de Iegóruchka, criança sobre quem se abatem, usualmente, diversos sentimentos conflituosos internos, claramente provocados por tantas mudanças e incertezas e, especialmente, pela necessidade de tantas e tão bruscas adaptações desde tão tenra idade).

Para citar um momento de íntima reflexão que expõe manifestação de intensa solidão, um dos solilóquios contidos na obra foi assim descrito pelo autor, com a beleza lapidar que dá o tom de ?A estepe?: ?Quando contemplamos o céu profundo por muito tempo sem desviar os olhos, não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. Começamos a nos sentir irremediavelmente sós e tudo que antes achávamos próximo e familiar se torna infinitamente distante e sem valor. As estrelas, que miram do céu há milhares de anos, o próprio céu insondável e a escuridão se mostram indiferentes à vida breve dos homens e oprimem nossa alma com seu silêncio, quando acontece de ficarmos cara a cara com eles e tentamos alcançar seu sentido; então, nos vem ao pensamento a solidão que aguarda cada um de nós na sepultura e a essência da vida parece misteriosa, assustadora...?.

?A estepe?, porém, não se junge apenas à abordagem descritiva de uma viagem (seja no aspecto externo do transcurso, seja sob o viés da interioridade dos personagens). Há outras questões de fundo que, conquanto não explícitas, oportunizam algumas reflexões pertinentes, ao menos a partir das entrelinhas.

Cite-se, a propósito, a situação de miserabilidade e de extrema vulnerabilidade social e econômica que se abate sobre algumas famílias russas (fato que, evidentemente, não se limita à realidade daquele período e local). Esse aspecto é evidenciado a partir da condição de alguns dos personagens (inclusive, e especialmente, daqueles que surgiram brevemente ao longo da narrativa nas residências visitadas por Iegóruchka).

A relativização da importância do ensino de qualidade e das atividades intelectuais é outro assunto que, igualmente, oportuniza debates importantes acerca da necessidade de escolarização infantil. Isto porque, em alguns diálogos, Ivan Ivanitch manifestou expressa insatisfação com o fato de que Iegóruchka, guinado aos estudos e à vida acadêmica por influência da mãe, não atuaria no comércio conjuntamente com seus familiares (o que, na visão obnubilada daquele personagem ? Ivan Ivanitch ?, seria prejudicial à família, em termos de retorno financeiro).

O precoce amadurecimento experimentado por Iegóruchka, impulsionado pelas circunstâncias (notadamente pela necessidade de deixar a residência materna, ainda criança, para fins de estudos em cidade que lhe era nova, distante e estranha) é outro ponto que também confere azo a importantes reflexões e a ponderação de valores (por vezes inconciliáveis): de um lado, a necessária escolarização da criança, mediante oferta de ensino de qualidade (o que, no contexto da narrativa, era inviável na cidade de origem de Iegóruchka); e, de outro, o direito da criança ao crescimento e ao desenvolvimento no âmbito da família próxima (o que, no contexto da narrativa, também era inviável, já que, na cidade para onde Iegóruchka foi levado, ele não possuía familiares, parentes próximos ou remotos, amigos ou mesmo conhecidos).

Em suma, ?A estepe? conjuga, com maestria e excelência, a habilidade do autor em desenvolver uma narrativa pródiga em descrições, interiores e exteriores, de personagens (tendo, como ?pano de fundo?, uma viagem por uma estepe) com precisas incursões, ainda que implícitas nas entrelinhas, de questões ? sobretudo sociais ? abertas a importantes reflexões atemporais. Considero-a, portanto, e por todos esses motivos, obra altamente recomendável.
Débora 03/02/2021minha estante
Que análise primorosa, Marcelo! Suas ricas colocações realmente foram empregadas com precisão para descrever características desse consagrado escritor russo e, como pude notar, tão presentes nessa obra. Escritor esse que passei, há tão pouco tempo, a conhecer e amar. "A Estepe" vai para a minha fila. Resenha linda, merecedora de 5 estrelas!


Marcelo Rissi 03/02/2021minha estante
Débora, você é sempre tão gentil. Estou realmente lisonjeado com as suas palavras! De verdade. Muito obrigado pelo feedback!!

Eu também gostei muito desse livro. Depois, por favor, me conte o que você achou.

Garimpando, hoje pela manhã, a biblioteca do meu saudoso pai, eu encontrei, pelo menos, mais duas obras do autor: "As três irmãs" e "O assassinato e outros contos". Já entraram para "a fila" aqui! rs! Já leu algum desses? Se sim, o que você achou?


Débora 03/02/2021minha estante
Imagina, Marcelo!
Nossa, que tesouro vc encontrou! Não os li, Marcelo, aos poucos eu chego lá...rsrsrs




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