Mariana 17/03/2019uma só árvore, diversos jardineirosMeus amigos, que livro bonito! O enredo do romance em si (a doença de Théo, sua relação com a tia e com a família) é secundária frente ao tantão de informação que o livro traz sobre as inúmeras religiões do mundo.
A abordagem não é super profunda, mas dá uma boa pincelada sobre qual é o fundamento de cada religião: judaísmo, islamismo, cristianismo (os vários catolicismos e protestantismos), hinduísmo, budismo, xintoísmo, taoísmo, confucionismo, candomblé... eu desmistifiquei muito meu preconceito sobre várias religiões e pude entender melhor sobre o que elas de fato se tratam.
"Jesus falava sobretudo de amor, Maomé de justiça e a Gita da irradiação da divindade. A guerra santa do Corão era, antes de mais nada, guerra contra si mesmo, para lutar contra as injustiças de que a pessoa se tornava culpada; as aparentes ameaças de Jesus Cristo incitavam os cristãos à coragem e a Gita esclarecia os hindus sobre a luminosa verdade da Ordem do mundo."
No fundo, no fundo, pode-se prescindir de religiões mas não da ideia de deus: ideia de amor, de coletividade, de paz de espírito.
Quando Théo chega ao Brasil, é curioso ver o olhar da escritora francesa sobre o nosso país. Os estados da Bahia, Rio de Janeiro e Pará são os destinos visitados no tour de religiões para tentar descrever a complexidade da nossa identidade nacional.
"O Brasil era o mais vasto cadinho das religiões do mundo, o lugar em que elas tinham se misturado sem remorsos, o país do sincretismo absoluto, o país da loucura divina."
O livro é bastante denso porque contém muuuuita informação, mas pra quem se interessa por religiões, super recomendo!