escrivadocaos 01/10/2022
"Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto, porque a vida toda é um doer"
Este livro era tudo que eu precisava ler no momento e mais um pouco. Dôra nos abre espaço para acompanhar sua vida desde de um inicio complicado nas terras da fazenda onde sua mãe reina, até o término de um ciclo, depois de tantas voltas pelo Brasil.
Cansada da tirania de sua mãe, Dôra, em terras sertanejas se vê casada e apaziguada pela monotonia da vida. Fofocas vem e vão em um cenário que mesmo incômodo em alguns aspectos é cheio da sensação de tranquilidade e pertencimento. Mas, essa vida plácida tem data de validade e uma revelação MUITO CHOCANTE (sim, se arrepiar os pelos da nuca) muda o curso da história, e lá se vai nossa Maria das Dores junto com uma companhia de teatro, abandonando tudo inclusive suas heranças, para viver itinerante, nômade pelo país.
E quantas aventuras por este país? Este mundão de Deus? Tantas e tantas voltas, tantos caminhos tomados, para regressar a casa muitos e muitos anos depois, com o coração vazio e despedaçado.
Esse livro é espetacular não somente pelas reviravoltas mas, pelas incríveis reflexões que Rachel lança entre os percursos da história. Aqui vivemos o luto de várias formas. Não da morte morrida do ser humano, como também de sonhos, inocências e de corações que perdem a doçura.
Há uma sobriedade extremamente necessária sobre o que é a vida após se perder tudo, e ter que começar do zero. A sem gracisse dolorosa que é se reerguer e toda a força extraordinária que é necessária para isso.