Rafael 20/05/2023
Orgulho e preconceito
Me apropriei do título da obra de Jane Austen para intitular esse meu breve comentário sobre o livro de Maya Angelou por entender que essas duas palavras descrevem, dignamente, a sua dimensão. Orgulho, por poder ler uma obra escrita por uma Negra que fez da sua vivência um instrumento na luta contra o Preconceito estrutural que, infelizmente, antagoniza brancos e pretos. A narrativa de Maya assume uma proporção quase universal na medida em que escancara os pequenos (leia-se velados) preconceitos contra os Negros que, diuturnamente, assolam a existência dessa raça. Isto é, qualquer Negro que lê Maya Angelou se identifica, pois não há como não se enxergar nas suas linhas. Este livro deveria ser leitura obrigatória em todas as escolas do país para vermos se, quem sabe algum dia, o pernicioso racismo que corrói nossa sociedade deixe de existir ou, pelo menos, seja mitigado a ponto de não ser quase nada. Como homem branco que sou, me sinto muito privilegiado por ter a oportunidade de ler Maya Angelou e aprender a identificar e combater esse odiento racismo estrutural. Além disso, não podemos deixar de esquecer o machismo estrutural que, igualmente, é combatido por Maya. Se ser Negro já é difícil quando o paradigma social é o preconceito, imagine ser Negro e mulher! Para instigar a leitura, destaco, dentre tantos outros, dois trechos do livro: "Se você perguntar a um Negro onde ele esteve, ele vai dizer aonde está indo."; "Muitas vezes, eu pensava no tédio da vida depois que tinha visto todas as suas surpresas. Em dois meses, eu me tornei blasé.". É importante refletir sobre a razão pela qual o Negro tem que explicar para onde está indo quando lhe é indagado de onde veio. Porque um Negro precisa justificar sua, em tese, liberdade de ir e vir? Sem dúvida, é porque dele sempre é exigido explicar seus passos. Isso é triste e assim não deveria ser.