Thiago662 14/05/2021
Subversivo/A seca pela ótica feminina
Escrito por uma mulher de 19 anos, publicado em 1930. Subversivo. O quinze apresenta uma forma direta de contar e escrever sobre a seca e seus efeitos sobre a população. Quinze porque retrata ou é influenciado pela famosa seca de 1915, que assolou partes do Nordeste.
São três núcleos principais. O retirante Chico Bento, expulso da sua terra, e sua família. O sofrimento, desenraizamento, as humilhações, fome, mortes. Esfacelamento da família no longo percurso em direção a uma vida talvez melhor. Jamais saberemos se conseguiram, mas é a história de muitas pessoas que fizeram o sudeste.
Vicente, o fazendeiro que fica, tenta resistir, luta para salvar seus animais e sua gente. Vive por aquele pedaço de chão, tão seco quanto a sua vida.
E Conceição, a professora, independente, que lê sobre tudo, e que se considera sozinha. É diferente das outras. Não consegue se enxergar casada, mas sente falta de algo.... Por isso mesmo, tem um amor irrealizado com Vicente. Não combinam e combinam ao mesmo tempo. Não se ajustam, é uma escolha.
Pensar a mulher tão independente, leitora de obras feministas e socialistas, que desafia a sociedade do seu tempo, no momento em que às mulheres era reservado o casamento ou o magistério (outro casamento) é um ponto interessante da obra.
Impossível não se emocionar e se sentir imerso no ambiente desolador descrito por Rachel de Queiroz. Impossível ficar indiferente a fome doída de Chico Bento e sua família ou a morte de Josias. Uma fome de tudo, que ainda caracteriza o Brasil.