spoiler visualizarbrisa 21/04/2021
o quinze.
Esse clássico, é sem dúvidas, o principal e humano relato da seca de quinze. De maneira simples, ela traz os fatos que se sucederam naquela época penosa e desenvolve para que sua história desenvolva-se no senso crítico de quem lê. Conceição, uma das personagens principais, é professora e ajuda em campos de concentração, destinados aos retirantes da seca que almejavam migrar para a capital ou regiões de melhores condições, no entanto, eram parados e mantidos nesses campos para evitar sua população miserável nos grandes centros urbanos. Nesses locais, havia pouca comida, fome, a seca presente e morte em virtude do descaso. No livro também temos, Vicente, um fazendeiro, que representa muito bem a parte da população que escolheu ficar apesar da seca para cuidar da terra que lhe pertencia e do gado, disposto a morrer como penitência por seu pedaço de terra.
Chico, faz parte da grande parte dos nordestinos que perderam seus filhos e parentes para seca, fome e prostituição, vendo-se em situação de lamento e genuína de estar sem rumo, pensa em migrar para o Norte, onde muitas pessoas ainda acreditavam que a borracha era sinônimo de lucro, contudo, migra para o São Paulo, em busca de condições de trabalho depois que sua patroa abriu as portas da fazenda. No São Paulo, apesar de não ser dito, sabemos que há muito Chicos que fizeram aquela cidade grandiosa, e muitas daquelas obras importantes brasileiras, sem contar a economia, é em virtude grande parte a mão de obra escrava da colonização, como também de nordestinos, mesmo que os sulistas não assumam o essencial papel que nós tivemos nos marcos monumentais e arquitetônicos no Brasil.
Avaliei cuidadosamente para não apresentar um julgamento precipitado. Gostei. Gostei bastante! Muito bem escrito, a seca na medida certa, sem romantizar, com um contexto histórico surreal. Me lembrou muito a casa de vô e as histórias da família. Pecou no desenvolvimento dos personagens, mas pouca coisa, a questão era a seca, não os personagens, eles ilustravam aquela realidade hostil. Escrito com maestria!
Muito masssaaa, beijo Rachel!!