Rafael2157 16/08/2021
Não estamos sozinhos. E aí?
"Sustento que o sentimento religioso cósmico constitui a mais nobre e forte motivação para a pesquisa científica."
Albert Einstein (1954)
"Contato" não é uma história de sci-fi sobre alienígenas num disco voador. Aliás não esperaria menos de Carl Sagan, meu amado astronômo mastigador pessoal de diversos temas complexos da física. Sua maneira singular de lidar com as palavras faz de seus livros uma orquestra que nos conecta às situações tão longínquas das questões do universais.
Por se tratar muito mais das questões políticas e religiosas da confirmação de vida extraterrestre, Sagan tangência a proposta do gênero, e proporciona um prato cheio de embates de cosmovisões conflituosas.
O autor, portanto, se camufla de Ellie Arroway, a brilhante e desacreditada rádio-astronoma que divaga em vários momentos sobre a presença de um criador.
Carl Sagan passou sua vida procurando as provas concretas da existência de Deus, escrevendo sobre seus argumentos, mas nunca procurando desvalorizar ou ridicularizar pensamentos contrários ao seu.
A capacidade da escrita e da argumentação de Sagan é louvável. No capítulo "Precessão dos Equinócios" é evidente a forma com que ele dialoga com o seu ceticismo em relação à religião sem desfazer dos argumentos criacionistas.
"? O que eu queria era esmurrar aquele doutor sabe-tudo, aquele santarrão, aquele...
? Mas por quê, Ellie, exatamente? A ignorância e o erro já não são bastante dolorosos?
? Sim, se ele se calasse. Mas está corrompendo milhões de pessoas.
? Meu amor, ele pensa o mesmo de você."
Não apenas como um grande astronômo e divulgador científico, Carl Sagan não nos deixa somente um legado de grandes reflexões existenciais, filosóficas e científicas em suas obras, mas também um modo singular de olhar para nossa vida.
"A vastidão só é suportável por meio do amor."