Marcus.Vinicius 10/11/2021
Neste romance, acompanhamos a história de Antônio Balduíno, negro, órfão criado pela tia, que se criou no morro do Capa-Negro, em Salvador, mesmo local onde vive o pai de santo e mentor espiritual Jubiabá.
Pode-se dizer, porque não, que é um romance de formação: acompanhamos Balduíno desde criança até sua vida adulta, bem como toda sua transformação nas diversas situações em que ele vive. Baldo vive nas ruas por um período com um grupo de outros meninos, cometendo pequenos delitos para sobreviver, torna-se boxeador profissional, trabalha numa fazenda de fumo e posteriormente num circo, e até vira líder sindical quando trabalha no porto de Salvador.
Esse é um dos romances da fase mais politizada de Jorge Amado. Percebemos claramente suas críticas ao sistema capitalista e sua simpatia pelo comunismo. Mas também, é um forte manifesto acerca do orgulho de ser negro, em contrapartida a superioridade ariana pregada no início dos anos 1930 que culminaria com a 2ª Guerra Mundial (o romance é de 1934).
Depois de terminada a leitura, e tendo lido várias outras obras do autor, ficou a sensação que Jubiabá foi um "ensaio" para o que viria depois, ou, que dentro deste livro encontramos muitos elementos das obras posteriores de Jorge: a questão dos meninos de rua, abordada em Capitães da Areia (Balduíno ; o racismo e o preconceito, de Tenda dos Milagres; a aparição de personagens centrais, de Mar Morto.
Jorge Amado definitivamente não decepciona nunca.