Marina 25/06/2013Tudo que é bom dura pouco...stava achando O inverno das fadas muito bom. A leitura não é complicada demais nem simples demais. Conhecer o universo das Leanas Sídhes foi muito interessante, não conhecia essa lenda e achei tudo muito legal, até chegar a metade do livro. Ou melhor, quando a história começa a se desenrolar, o livro fico chato e cheio de contradições. Alguns personagens se perdem no meio da história, o livro se foca em William e Sophia, deixando os outros de lado. Personagens como o padre, os pais e os amigos de William, o avô de Sophia, os elfos e os amigos da fada poderiam ter deixado a história mais profunda e mais interessante, mas não tiveram tanto destaque quanto mereciam. Faltou a autora trabalhar mais os personagens na história. Alguns deles serviram apenas como "degraus" para ajudar os protagonistas a conseguirem o que queriam.
O inverno das fadas tem um monte de referências a celebridades pop. Isso chega a ser irritante, não entendi porque a autora quis usar a morte de artistas reais como se eles tivessem sido envolvidos por Sophia. Não entendi se foi uma homenagem ou uma tentativa de deixar na mente do leitor uma dúvida sobre a existência das fadas. Um artista com quem Sophia envolveu se chama Mickey, considerado "rei", começou a carreira quando criança, era muito simpático, dançava muito bem e sua música conquistou o mundo, fez um monte de cirurgias plásticas, as pessoas tinham dúvidas sobre a sexualidade dele, sua morte fez com que ele ficasse ainda mais famoso, Sophia o matou, mas a culpa caiu sobre o médico que cuidava dele... Tudo isso (e mais um pouco) estava no livro, se referindo a uma pessoa. Não precisa nem de detalhes, pelo nome já dá pra saber quem é esse rei. Outra vítima de Sophia foi um ator que cometeu suicido depois de ficar sem inspiração para um personagem sombrio que ele estava interpretando, "o sorriso macabro do personagem estava marcado no braço da garota". Palavras do próprio livro... Sorriso macabro, personagem sombrio... "Why so serious?" As referências a artistas são muitas, reconheci poucas pessoas, mas pelas características dava para saber que elas realmente existiram. O livro também tem referências a outros livros, como Crepúsculo ou Harry Potter, e no finalzinho, de brinde, uma pequena "homenagem" ao universo dos sonhos presentes A origem.
A história é cheia de falhas. Algumas coisas não são explicadas com clareza. O final é decepcionante. O título dos capítulos são letras de músicas (americanas) e praticamente contam o que vai acontecer naquele capítulo. Senti que a autora estava escrevendo, ficou mais de um ano sem escrever e retornou a história, sem ideia do rumo que ela iria tomar. Como se tivesse mesmo esquecido o que fazer. Uma vilã aparece do nada, com objetivos completamente sem sentido. A terra das fadas, que poderia ser explorada ao máximo, foi esquecida. Mas a autora fez questão de levar o leitor ao mundo dos sonhos, e o acontecimento que leva a isso é tão forçado que a impressão de que o livro foi escrito aos pedaços só aumenta. As marcas que Sophia tem no corpo não são muito bem explicadas, pode ter sido falta de compreensão minha, mas não fica claro se todas as Leanans Sídhes tem essas marcas ou se é apenas Sophia. As falhas são tantas que fazer uma lista demoraria dias.
A história parece original a princípio, mas é um pouco clichê. Um amor proibido, criatura sobrenatural amando um humano, humano arriscando a vida por causa da criatura, entre outras coisas. William é o rapaz "perfeito", inteligente, forte, bronzeado, gentil, bonito, entre outras mil qualidades. Sophia é a mulher bonita, mas que não tem nada de especial além disso. O tempo todo a autora repete que ela é sexy e bonita, de uma forma bastante generalizada (loira, olhos azuis, etc.), mas fora isso Sophia não tem nada de interessante. Fiquei pensando o livro todo se William não estava gostando dela apenas pelo encantamento, segundo o livro, ninguém poderia resistir ao encantamento da fada. Encantamento ou não, os protagonistas não me cativaram, o casal é muito vazio.
Apesar dos personagens terem um lado que parece legal, são extremamente irritantes e egoístas em determinados pontos. William esquece da família e dos amigos por causa de Sophia. Não se importa em morrer por causa dela, mesmo sabendo que sua mãe e seu pai sofreriam com isso. Se tranca no quarto por meses com uma fada invisível, se isolando completamente (ninguém liga para esse fato também). Chega a ser aceitável a fada aceitar a morte do namorado numa boa, deixar seus amigos se sacrificarem por ela e tudo mais, porque ela é descrita como uma pessoa de "coração de gelo". Porém, ela vai mudando aos poucos, mas não consegui torcer por ela, nem acreditei que ela se sacrificaria pelo namorado.
Apesar de tudo, não consegui largar O inverno das fadas com facilidade, mesmo ficando com raiva da história a cada página virada. A escrita da autora contribuiu para isso. Não posso dizer que me envolvi com o livro, porque no exato momento em que eu fechava a página eu esquecia do que tinha acabado de ler. Cheguei até mesmo a esquecer o nome dos personagens, o que estava acontecendo e que eu estava lendo um livro! Talvez seja por isso que alguns pontos não ficaram muito claros para mim, como o final. Li o livro rapidamente, mas não me envolvi com ele. O tempo que gastei durante a leitura valeu a pena, serviu para me distrair e eu até chegue a gostar da história, por isso não posso dizer que o livro foi uma completa decepção. Também não tive que me esforçar para chegar no fim, se a história tivesse sido mais elaborada, e o final bem trabalhado, teria gostado bastante dele. Mas não foi isso que aconteceu. O inverno das fadas tinha tudo para se tornar um livro excelente, mas perdeu o foco no final.
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