Monalisa (Literasutra) 02/02/2016O princípio do meu vício por Arthur C. ClarkeSéculo 22. O Projeto Spaceguard monitora todos os asteroides do nosso sistema solar, de forma que a humanidade (espalhada por diversos planetas e luas) possa dormir em paz em suas respectivas noites. Até que algo inesperado acontece: Os computadores do Spaceguard captam o sinal de um objeto completamente diferente de todos os já catalogados. Sua velocidade é impressionante, sua órbita não respeita o usual formato de elipse. Será uma nave alienígena?
“Foi nesse ponto que os computadores começaram a piscar o sinal ‘Oi, gente! Temos algo interessante!’, e, pela primeira vez, o 31/439 chamou a atenção dos seres humanos. Houve um breve acesso de entusiasmo no centro de operações do SPACEGUARD, e o vagabundo interestelar foi rapidamente dignificado com um nome, em vez de um número. Muito tempo atrás, os astrônomos tinham esgotado a mitologia greco-romana; agora, exploravam o panteão hindu. Assim, o 31/439 foi batizado de Rama” (Pág. 12)
Assim começa “Encontro com Rama”. Publicado pela primeira vez em 1972, em 2011 o livro ganhou nova tradução e projeto gráfico pela editora Aleph, que tem unificado as obras de Arthur C. Clarke sob a mesma conceituação visual. Este foi o meu primeiro contato com o autor (até então minha experiência se resumia a “2001: Uma Odisseia no Espaço”, e mesmo assim somente a nível de filme), e segunda tentativa do meu namorado de me introduzir no mundo da ficção científica. Tentativa muito bem sucedida, é preciso ressaltar, apesar de que a primeira também já havia cumprido seu papel (em 2015 ele me presenteou com “O Homem do Castelo Alto”). E se 2015 foi marcado pelo meu vício por Philip K. Dick, já vislumbro um 2016 viciada em Arthur C. Clarke.
A escrita dos dois autores, aliás, é muito diferente. Clarke tem um jeitão mais despretensioso, com um texto mais acessível e um ritmo nada cansativo. Além do assunto principal que permeia o background de suas obras: a discussão sobre fé e ciência. “Encontro com Rama”, portanto, apresenta todos esses elementos, com o acréscimo de uma narrativa sagaz, com aquele timing perfeito para tiradas irônicas.
“A reunião extraordinária do Conselho Consultivo Espacial foi breve e tempestuosa. Mesmo no século 22, ainda não haviam descoberto um modo de evitar que cientistas idosos e conservadores ocupassem cargos administrativos cruciais. Na verdade, duvidava-se que esse problema um dia seria resolvido” (Pág. 17)
“Encontro com Rama” é um livro onde tudo é muito simples, mas nada é exatamente óbvio. As coisas essenciais não estão explícitas, já que os diálogos conseguem se expressar muito bem. Sabe aquele segredinho de fazer o personagem agir de determinada forma em vez de simplesmente descrevê-lo? Arthur C. Clarke domina isso como poucos.
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