Verena.Rodolpho 16/06/2021
Richard Bachman é o completo oposto de Stephen King
Seguindo minha meta cronológica de publicação do King, cheguei em um que nem o próprio autor acredita ser um livro bom. De acordo com King, ele diz "desconfio que A Auto-Estrada é o pior do grupo [dos livros publicados por Bachman] simplesmente porque se esforça tanto para ser bom e para encontrar umas poucas respostas ao enigma da dor humana" (você pode encontrar esse texto na íntegra no site "stephenking.com/stephen-king-porque-eu-fui-bachman/"). E é verdade. Se tem uma coisa que o King sabe fazer, é mostrar ao leitor os extremos sentimentos do ser humano, e infelizmente um deles é a tristeza. Enquanto eu lia, percebi o quanto essa história poderia ser verídica, e isso só me deixou mais triste ainda.
Na minha opinião, não é um livro ruim. Não consigo falar isso. Porém, não é uma obra que você aproveita a leitura, porque ela tem um tom muito sombrio e depressivo. Por consequência, você também fica angustiado enquanto lê, já que parece uma situação muito simples de resolver (e não é isso que acontece).
No enredo, temos Barton George Dawes, um homem que vê a sua vida descer em uma espiral de situações péssimas, enquanto ele se sente impedido de fazer qualquer coisa para resolvê-las.
A primeira situação foi a morte prematura de seu filho, que faleceu por conta de um tumor cerebral enquanto ele ainda era uma criança. É claramente a partir daqui que Bart começará a entrar em colapso, já que ele não aceitou a morte do filho. Ao contrário da esposa, que apesar de ter ficado muito comovida com a perda, conseguiu seguir em frente e melhorar a cada dia que passava.
Tudo piora quando ele fica sabendo que a nova autoestrada passará pela sua rua, sendo que todas as casas dali, obviamente, terão que ser demolidas para que a construção ocorra. Bart, entretanto, viveu por muito tempo naquele local, e não consegue aceitar o fato de que perderá a sua querida casa.
Como uma montanha russa que só desce, Bart tenta viver um dia de cada vez, tendo que aceitar a perda do filho, a perda da casa, a perda do emprego e o casamento que está indo por água abaixo.
Como uma mente tão danificada irá suportar esses acontecimentos e aceitar que a vida deve continuar, apesar de tudo?
Acredito que esse livro teria se dado melhor se fosse um roteiro de filme, e não algo para ser lido, já que se tornaria algo mais rápido e não tão maçante. Mas mesmo assim, não seria um filme legal de se assistir em um final de semana com a família. Seria um drama pesadíssimo, daqueles que você fica remoendo pelo resto do dia.
Senti que era como se eu fosse uma visitante na mente de uma pessoa depressiva, e não foi uma experiência que eu gostaria de repetir, pois a sensação não é legal. Me senti impotente. É claro, não teria como eu ajudar um personagem, mas parecia algo tão simples de resolver, que acabei me sentindo assim.
Não é um livro para qualquer um. É para alguém que consiga suportar uma leitura pesada e deprimida, e que não ligue para isso.
Agora, se você prefere algo que tenha mais terror/suspense do que drama, sugiro procurar algum outro livro do Stephen King, e fuja do Richard Bachman, porque eles são mesmo completos opostos.