A auto-estrada

A auto-estrada Stephen King...




Resenhas - A Auto-Estrada


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Clau Melo 27/02/2021

Drama...
Não concordo que A autoestrada é um suspense psicológico eletrizante, como descrito na sinopse.
Para mim é drama!
Este livro foi escrito em 1981 e imagino o sofrimento pelo qual King passou com a morte de sua mãe.
"O livro foi um esforço para dar sentido à dolorosa morte da minha mãe, que faleceu um ano antes da publicação, vítima de um prolongado câncer. A doença a levou embora tirando dela cada pedaço, e eu fui deixado em aflição e sofrimento, balançado pela aparente falta de sentido em todas as coisas. A Auto-estrada é um livro que tenta profundamente parecer bom e encontrar algumas respostas para os mistérios que envolvem a dor nos seres humanos", explica Stephen King.
Gostei muito do protagonista e sofri com ele. Fez muitas coisas que não devia, mas mesmo assim senti muita pena.
O final foi como eu imaginava... infelizmente!
Recomendo para quem gosta deste estilo.

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Vitor 25/02/2021

Previsível
O livro é extremamente tedioso com os movimentos e decisões do personagem previsíveis. Ele diz algo na página 10 e realiza oque ele disse na página 100. Tentando colocar algum tema de mistério ao longo dessas 90 páginas, e o pior que você já sabe tudo oque vai acontecer desde o inicio do livro. Tentei, mas não consegui ler por inteiro.
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Francisco 19/02/2021

Um pobre homem no caminho do "progresso"
Barton George Dawes trabalha como executivo de uma lavanderia chamada Blue Ribbon em sua cidade e mora com sua esposa Mary nas proximidades. Porém, sua tranquilidade é subtraída quando o Departamento de Estradas de Rodagem decide prolongar a rodovia 784 até Westview, o que ocasionará na demolição da lavanderia e de metade do distrito residencial.

A demolição da casa de Dawes lhe privará de sua moradia e de seu emprego na lavanderia, já que havia planos na administração da Blue Ribbon de levá-la das margens da Interestadual 784 até Waterford, uma cidade a 4,5 km. Por isso ele recusa-se a abandonar sua residência onde perdeu seu filho Charlie devido a um tumor cerebral. Esse fato torna o seu casamento infeliz, fazendo com que sua esposa Mary se distancie cada vez mais aos poucos um homem violento, a ponto de comprar armas (logo no primeiro capítulo) e explodir por meio de um incêndio criminoso a zona de construção com todas as máquinas de construção.

Os acontecimentos narrados se passam ao longo de um mês, entre 20 de novembro de 1973 e 20 de janeiro de 1974 e ao longo desse intervalo Dawes faz diversas digressões sobre a vida feliz de um homem e como ele fôra feliz outrora com sua esposa e seu filho.

Das primeiras histórias de Bachman, essa é uma das que mais me agrada, juntamente com "O Sobrevivente", pois é uma narrativa construída aos poucos e faz com que nos apeguemos ao protagonista e seus sofrimentos.

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bianca 28/01/2021

Primeiro livro que leio do King e não gosto, coincidentemente é o primeiro livro que leio do pseudônimo Richard Bachman. Arrastado do início ao fim, previsível e cansativo, infelizmente não funcionou para mim, e eu estava com muitas espectativas da leitura.
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Leonardo.Heffer 16/01/2021

É preciso saber o que esperar de bachman
Bachman talvez não seja um alter ego, um id ou um pseudônimo do qual vc gostaria de tomar uma cerveja no bar - dependendo do quão vc goste ou não do King, pode ser que o mesmo valha pra ele.

O fato eh que Bachman é o lado obscuro de Stephen King, como ele mesmo gosta de contar. É aquele autor onde todo o lado sombrio do autor pode ser extravasado.

Se vc leu Revival, assim como eu, e achou o tom do livro pra baixo, meio down, talvez o Bachman não seja pra vc. Em A Autoestrada, bachman cria um personagem do qual tudo de ruim possível e inimaginável aconteceu com ele, então ele meio que está no fundo do poço e o fato de quererem derrubar sua casa para a construção de uma Autoestrada foi a gota d'água pro seu surto.

Com essa premissa, estava eu preparado pra algo ao melhor estilo Michael Douglas em "Um Dia De Fúria". E com isso em mente comecei a devorar as primeiras páginas. E os pontos desenhados inicialmente por ele, que prometiam conformr os pontos iam se ligando, foram criando uma expectativa que infelizmente nunca chegou lá!

De uma.premissa interessante que poderia prometer tantas cenas boas, o livro caiu numa espécie de melodrama que infelizmente não se conseguia explicar. Por mais que eu tentasse me colocar na pele da personagem, entender o que realmente motivava a cometer erro atrás de erro, não conseguia chegar lá.

Fatos do passado que nunca foram suficientemente explicados ou relatados, narrados como King costuma fazer para dar força às suas personagens nunca apareceram. E isso acabou minando a própria força e motivação de George, o personagem principal.

Resultado, quando o livro constrói cenas para chegar ao seu clímax, vc já está querendo é que o livro termine logo. Mas daí vem a parte final, aquilo que vc sempre quis, estava a 250 páginas esperando, e ela simplesmente não acontece. Aliás, até acontece, mas tudo de forma tão rápida, tão apressada que vc não consegue nem ter tempo para saborear. As frases estão ali, mas a profundidade do negócio não.

No fim, tudo segue, a vida continua e nada do que for relatado gera um eco. Mas é como King disse: o King acredita que o amor sempre vence, já o bachman, é apenas um sujeito desiludido pela vida real, onde as grandes mensagens não existem. Poderia ser a vida real, mas até mesmo na vida real as ações ecoam, como dia no filme "O Gladiador".
Kariny.Leite 20/01/2023minha estante
descreveu tudo que senti lendo, não foi tudo que eu imaginava




Josi 26/12/2020

Confesso que fui "arrastando" o livro até terminá-lo. Não me surpreendeu, infelizmente.
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Larissa | @paragrafocult 21/12/2020

" A realidade era triste, mas não assustadora de fato."
Eu já esperava algo pesado assim que li o nome "Richard Bachman" na capa. Para quem não sabe, esse era um pseudônimo do Stephen King e sob esse nome, o autor escreveu livros que na minha opinião, apesar de manterem a sua qualidade de escrita, conseguem ser mais pesados. É como se King não se importasse muito em trazer uma mensagem positiva ou um final feliz para suas histórias quando está escrevendo como Bachman. Ele passa uma mensagem dolorosamente realista, pesada e muitas vezes até pessimista. Por conta disso eu já estava esperando uma obra e um final que fosse um belo tapa na cara.

Bart Dawes é um cara que está com a vida de cabeça para baixo: seu único filho morrera três anos antes por conta de um tumor cerebral inoperável, seu casamento parece já não ter mais salvação já que desde a morte do filho, ele e a esposa se afastaram muito por conta de terem lidado com a perda de formas diferentes e para piorar, tanto a lavanderia em que trabalha e gerencia há vinte anos quanto a sua casa (local que guarda as melhores memórias da sua vida de quando o filho ainda estava vivo e seu casamento era feliz) estão para serem demolidos para a construção de uma autoestrada que passará pelo local onde ambos se encontram.

Todo o livro tem uma atmosfera pesada. Desde as primeiras páginas já nos é mostrado que o psicológico do protagonista não está na sua melhor fase e que o próprio já começou a tomar algumas decisões precipitadas. Vale lembrar que o livro se passa no ano de 1973, então a Guerra do Vietnã está acontecendo e por isso o governo está tentando "fazer o progresso acontecer" mesmo que isso não agrade a todos os envolvidos, como é o caso de Bart.

Em vários momentos ele divaga sobre sua vida antes, sobre como seu casamento era diferente e cheio de paixão, seu relacionamento muito próximo com o filho e a importância da casa para ele. A forma como ele e Mary, sua esposa, lidaram com a perda do filho foi muito diferente e por isso eles se afastaram tanto. Bart não soube aceitar a perda de seu pequeno tão "facilmente" mesmo que ele quisesse. Ele se mostra extremamente apegado as suas memórias e é isso que acaba o deixando da forma em que se encontra, é isso que ajuda a fazer com que perca sua estabilidade mental, ele sente que deixar a casa ser destruída é como enterrar o filho novamente e não pode lidar com isso de novo.

Quando li um outro livro de King como Bachman, "A Maldição" (que tem resenha aqui no blog também), eu não consegui me sentir tão apegada ao personagem protagonista porque naquela obra, Bill Halleck tinha uma moral bem duvidosa sendo um advogado que fechava os olhos para muitas coisas e que era ajudado por seus amigos de alto cargo apenas por ser quem é. Mas aqui em "A autoestrada", Bart era um cara comum e você consegue se identificar, de certa forma. Apesar das suas escolhas erradas, Bart se mostra muitas vezes uma preocupação com as pessoas que estão em sua vida e até tenta ajudá-las.

Mesmo que ao menos para mim, o final do livro estivesse bem óbvio desde o início ao ponto de o desfecho acabar sendo inevitável, King soube trabalhar o suspense da obra muito bem. A decadência mental de Bart, as consequências de suas escolhas, as perdas que vai sofrendo uma atrás da outra e como tudo se desenrola para o final de tirar o fôlego me deixaram totalmente presa na obra. O final, como eu já imaginava, foi sim um tapa na cara e mesmo sendo um desfecho pesado, foi perfeito. Não consigo imaginar um final diferente.

Não acho que seja um bom livro para quem quer se aventurar e conhecer a escrita de King mas não deixa de ser uma obra maravilhosa que na minha opinião não deveria ser tão subestimada.

site: https://www.instagram.com/paragrafocult/
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Larissa | @paragrafocult 21/12/2020

" A realidade era triste, mas não assustadora de fato."
Eu já esperava algo pesado assim que li o nome "Richard Bachman" na capa. Para quem não sabe, esse era um pseudônimo do Stephen King e sob esse nome, o autor escreveu livros que na minha opinião, apesar de manterem a sua qualidade de escrita, conseguem ser mais pesados. É como se King não se importasse muito em trazer uma mensagem positiva ou um final feliz para suas histórias quando está escrevendo como Bachman. Ele passa uma mensagem dolorosamente realista, pesada e muitas vezes até pessimista. Por conta disso eu já estava esperando uma obra e um final que fosse um belo tapa na cara.

Bart Dawes é um cara que está com a vida de cabeça para baixo: seu único filho morrera três anos antes por conta de um tumor cerebral inoperável, seu casamento parece já não ter mais salvação já que desde a morte do filho, ele e a esposa se afastaram muito por conta de terem lidado com a perda de formas diferentes e para piorar, tanto a lavanderia em que trabalha e gerencia há vinte anos quanto a sua casa (local que guarda as melhores memórias da sua vida de quando o filho ainda estava vivo e seu casamento era feliz) estão para serem demolidos para a construção de uma autoestrada que passará pelo local onde ambos se encontram.

Todo o livro tem uma atmosfera pesada. Desde as primeiras páginas já nos é mostrado que o psicológico do protagonista não está na sua melhor fase e que o próprio já começou a tomar algumas decisões precipitadas. Vale lembrar que o livro se passa no ano de 1973, então a Guerra do Vietnã está acontecendo e por isso o governo está tentando "fazer o progresso acontecer" mesmo que isso não agrade a todos os envolvidos, como é o caso de Bart.

Em vários momentos ele divaga sobre sua vida antes, sobre como seu casamento era diferente e cheio de paixão, seu relacionamento muito próximo com o filho e a importância da casa para ele. A forma como ele e Mary, sua esposa, lidaram com a perda do filho foi muito diferente e por isso eles se afastaram tanto. Bart não soube aceitar a perda de seu pequeno tão "facilmente" mesmo que ele quisesse. Ele se mostra extremamente apegado as suas memórias e é isso que acaba o deixando da forma em que se encontra, é isso que ajuda a fazer com que perca sua estabilidade mental, ele sente que deixar a casa ser destruída é como enterrar o filho novamente e não pode lidar com isso de novo.

Quando li um outro livro de King como Bachman, "A Maldição" (que tem resenha aqui no blog também), eu não consegui me sentir tão apegada ao personagem protagonista porque naquela obra, Bill Halleck tinha uma moral bem duvidosa sendo um advogado que fechava os olhos para muitas coisas e que era ajudado por seus amigos de alto cargo apenas por ser quem é. Mas aqui em "A autoestrada", Bart era um cara comum e você consegue se identificar, de certa forma. Apesar das suas escolhas erradas, Bart se mostra muitas vezes uma preocupação com as pessoas que estão em sua vida e até tenta ajudá-las.

Mesmo que ao menos para mim, o final do livro estivesse bem óbvio desde o início ao ponto de o desfecho acabar sendo inevitável, King soube trabalhar o suspense da obra muito bem. A decadência mental de Bart, as consequências de suas escolhas, as perdas que vai sofrendo uma atrás da outra e como tudo se desenrola para o final de tirar o fôlego me deixaram totalmente presa na obra. O final, como eu já imaginava, foi sim um tapa na cara e mesmo sendo um desfecho pesado, foi perfeito. Não consigo imaginar um final diferente.

Não acho que seja um bom livro para quem quer se aventurar e conhecer a escrita de King mas não deixa de ser uma obra maravilhosa que na minha opinião não deveria ser tão subestimada.

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Paulo 22/10/2020

Aviso: narrativa com gatilhos de suicídio. Quem não se sentir confortável com esse tema, sugiro que não leiam esse livro.

A Auto-Estrada é um dos romances que Stephen King escreveu sob o pseudônimo de Richard Bachman. Ele usou esse pseudônimo por uma década até que um deslize da editora revelou a identidade do autor. King afirma que criou essa faceta para experimentar coisas novas e diferentes. Mas, mais do que isso: Bachman é como se fosse um lado obscuro da alma do autor (se é que possível haver algo mais obscuro). Esses romances possuem uma vida própria e não se inserem nos esquemas e padrões do autor. Por isso, não é incomum um leitor estranhar bastante quando se depara com os famosos Livros de Bachman. São alguns dos livros mais pesados dele: Fúria, A Auto-Estrada, O Concorrente, A Maldição do Cigano, Os Justiceiros, Desespero entre mais alguns outros.

Posso dizer com segurança que essa é uma escrita bastante raivosa do King. A temática, a ambientação, o próprio protagonista. Existem até críticas políticas e sociais inseridas no meio da narrativa que, para quem conhece o autor, também não são comuns. A narrativa é em terceira pessoa, mas bem próxima de Bart, o personagem principal. O esquema de desenvolvimento é diferente do padrão do autor, com três atos criados, seguindo um estilo cinematográfico. As divisões são feitas a partir de dias e não de cenas. Isso fornece um ar quase de diário à narrativa. Em alguns momentos King adota fluxos de pensamento para o personagem à medida em que sua loucura atinge patamares mais elevados. Ao mesmo tempo a narrativa vai adotando um ar claustrofóbico com o fim iminente se aproximando como uma lâmina acima do pescoço do protagonista. Esse é aquele tipo de livro em que desde o começo o leitor está ciente de que não vai acabar bem. Não é uma narrativa de bem contra o mal; de mocinho contra bandido. É uma lenta dança de auto-destruição.

A imagem da bola de ferro chegando para derrubar seus sonhos paira na cabeça de Bartolomew Dawes. Tudo o que ele sempre lutou vai ser colocado abaixo por causa da extensão de uma rodovia interestadual. A lavanderia Blue Ribbon que se tornou sua casa e que ele viu crescendo se vê obrigada a mudar de terreno. E Bart é o encarregado dessa mudança (algo que ele não está se esforçando muito em fazer). Sua casa, um lugar que ele compartilhou por anos com sua esposa Mary. Um lugar de lembranças felizes e dolorosas como a de seu filho Charlie, que morreu vítima de um tumor no cérebro. Ausência essa que Bart não conseguiu superar e que paira como um silêncio desconfortável em sua sala de estar. O protagonista tem pouco tempo para sair dali... mas, será que ele quer?

O protagonista está passando pelas cinco fases do luto: negação, raiva, negociação/barganha, depressão e aceitação. Dá para ver claramente essas fases se alternando na história. Só para citar as duas iniciais e não dar spoilers, no começo Bart nega o que está acontecendo. Ele não consegue acreditar que tudo aquilo que ele fez e desenvolveu será posto abaixo. Em sua mente, existe uma saída, mas vamos nos dando conta de que se trata de um caminho sem volta. É quase como uma enorme rede para peixes: quanto mais Bart se debate, mais preso ele fica. Como ele se vê sem condições de dar um jeito no problema, ele resolve atacar. Sua raiva toma conta de seu ser. Bart se torna um homem raivoso que esquece a lógica para poder descontar naqueles que estão ao seu redor. A estrada se torna um ser físico, que precisa ser abatido e destruído. Só que o problema não é a estrada, mas aqueles que desejam construí-la. Quando Bart descobrir isso é que a narrativa toma um outro ímpeto.

King criou um personagem que é o protótipo do ideal americano, do self made man. Quase toda a primeira parte da narrativa que se passa no primeiro mês (os três atos correspondem aos três meses nos quais a narrativa se passa) e nela Bart descreve a sua relação com a Blue Ribbon. Desde o momento em que ele chegou até lá, à sua relação com os Tarkington, cujo sentimento é quase paternalista, até toda a sua vida sendo definida pela rotina lá. Ao tirar o espaço de Bart, mesmo ele mantendo o seu cargo em outro lugar, é como se tirassem um pedaço dele. A raiva do personagem vem do ato de retirar, como seu filho que foi retirado de sua vida. Associar a lavanderia a seu próprio filho talvez seja uma operação que amplificou a revolta dele. Perder a casa é a cereja do bolo. Essa relação paternal entre Bart e a lavanderia pode ser visualizada em alguns diálogos como quando ele discute com Steve Ordner o quanto este não se importa com a lavanderia, mas com o lucro que recebe dela.

Também temos um personagem que parece ter uma dupla personalidade. Pelo menos parece que essa era a ideia do King, mas ele não trabalhou com esse tema com afinco e nem da forma tradicional como este detalhe é apresentado na ficção. Ficou estranho porque ao mesmo tempo em que estas parecem ser alternâncias do humor do personagem, o fato de ele tê-las não tem nenhuma consequência futura. Podemos dizer que Bart é guiado por essas vontades de seu inconsciente, mas ao mesmo tempo se elas não estivessem ali, não fariam falta alguma. Fred seria o racional dentre as duas enquanto George seria o raivoso. Chega um momento em que Fred desaparece, o que podemos entender como um simbolismo para a fúria cega do personagem.

A relação dele com Mary tinha uma solidez que calcava a relação entre os dois. As lembranças compartilhadas por Bart são belas e mostram uma dinâmica carinhosa e repleta de cumplicidade entre o casal. Mas, o aborto espontâneo de um filho e a morte por tumor de outro causaram um baque na confiança deles. Enquanto Bart foi sufocado pela melancolia, Mary adotou uma postura fria e de indiferença. É o tipo de situação que vai minando o casal pouco a pouco, onde estar um com o outro se torna sufocante. Um faz mal ao outro, não por palavras e nem por gestos, mas pela presença. Talvez se Mary não tivesse se escondido no véu da indiferença ela teria conseguido salvar o espírito de Bart que caiu em um precipício de dor e angústia. Toda a explosão com a estrada é um reflexo de tudo aquilo que ele acumulava em seu coração.

Curioso ver uma narrativa politizada do King. Ele tece inúmeras críticas ao contexto em que ele vivia naquele momento. A Auto-Estrada é um livro de 1981, em plena administração Nixon com os EUA ainda vivendo os reflexos da crise do petróleo. As pessoas precisavam economizar energia e gasolina, o que eram situações que desagradavam ao norte-americano. A crise do petróleo tocou fundo no ego do americano e Bart e outros personagens como Magliore criticam o governo federal. Há uma clara perda de confiança em quem administra por não saber lidar com os novos tempos. E isso lembrando que pouco tempo depois estoura o escândalo Watergate em que Nixon se envolve em um terrível escândalo que acaba retirando-o da Casa Branca. Ou seja, é um momento crítico da história dos EUA em uma década considerada perdida pela população. A crise de energia afetava ricos e pobres, embora os ricos pouco se importassem em fazer sua parte. A solução de Nixon foi reverter a políticas de Roosevelt dos anos 30: investir na construção de estradas. É lógico que isso não vai dar certo.

A desapropriação da lavanderia e da casa de Bart podem ser associadas a algo que o brasileiro viveu durante o período antes dos grandes eventos esportivos da década de 2010. Várias famílias precisaram abandonar suas propriedades por conta de uma via que servia apenas como um ato populista e desprovido de mérito de um governo corrupto. Os moradores recebiam quantias irrisórias e precisavam lidar com a realidade de ter de deixar o lugar em que viviam. Claro que Bart recebe uma boa quantia em dinheiro, mas é o ato de ter que deixar suas raízes para trás o que incomoda o personagem. Isso é inaceitável para ele assim como para milhares de brasileiros afetados por essas obras. O detalhe curioso é a consequência inútil da construção da estrada.

Não quero entregar mais sobre a história porque ela revela ainda muitas surpresas como a chegada de Olívia, a mescalina que surge como ponto de mudança e a festa de ano novo fatídica. Isso sem falar na cena final que parece inspirada em um Forte Álamo em uma menor expressão. Não é uma trama fácil e o final não é o mais feliz.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Samantha 05/10/2020

Conta a estória de um pai que perdeu o filho e quando o estado resolve construir uma auto estrada onde fica sua casa ele acaba enlouquecendo.
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Angel 02/10/2020

A auto estrada
Após perder seu filho, Bart terá que lidar com outra perda, desta vez precisa deixar sua casa e a empresa onde trabalha.
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- Acho que vou gritar agora. Pelas coisas perdidas. Pelo seu sorriso,Mary. Me perdoe se eu jogar a cabeça para trás e gritar pelo sorriso que nunca mais aparece no seu rosto.
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O governo quer construir uma estrada em sua cidade, afetam várias pessoas que precisaram sair de seus lares e empregos.
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Mas é tão difícil ter que aceitar abandonar tudo, todos as lembranças que tem de seu filho em sua casa , apenas porque o governo decidiu construir a auto estrada naquele lugar.
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Seu abalo psicológico pela perda do filho e afetado mais um vez de forma que ele se torna o obstáculo para a aplicação da rodovia.
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-Poderia algo tão minúsculo deixá-lo louco de pedra, fazê-lo ver coisas que não estavam lá, pensar de uma maneira que jamais pensará antes?
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Mas será que armas, sabotagens e explosivos podem ajudar a parar a evolução da estrada?
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- Lá vai um cara afim de ver um acidente acontecer.
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Mais um livro do mestre King, escrito pelo seu pseudônimo Richard Bachman.
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Percebi que os livros escritos pelo Bachman são mais focados em personagens com alguma instabilidade emocional, e que não sabem lidar com isso, as vezes tornando a leitura pesada e monótona demais.
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Bruno G. Guimarães 29/08/2020

Foi realmente muito difícil para mim ler esse livro. É extremamente trabalhoso entender a mente de um personagem tão perturbadoramente desconexa.
O livro conta a história de Bart, um cidadão bem comum, com um emprego comum e uma vida bem ordinária. Algumas tragédias e desgraças ocorrem em sua vida, como o falecimento precoce de seu único filho, levado pelo câncer e o comunicado de que sua casa e seu local de trabalho devem ser desapropriados e demolidos para a construção de uma auto-estrada.
Ele, no entanto, não se mostra receptivo à ideia de abandonar tudo e começar novamente em outro lugar.
Eu, pessoalmente, consigo entender os desejos e indignações do personagem. Para mim, a propriedade de uma pessoa é exclusivamente dela. Governo algum tem o direito de ditar como gerí-la ou expulsá-lo de lá coercitivamente. Mas, ainda assim, encontrei muita dificuldade em compreender os caminhos e ações tomados pelo protagonista. É muito complexo acompanhar uma mente desestruturada e desesperada. Esse foi o grande desafio nesse livro.
A leitura não é lá muito fluída e confesso que há partes bastante cansativas. Mas o saldo final terminou no positivo. Não absolutamente fantástico, mas não me arrependo da leitura.
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Chico Barbosa Jr. 20/08/2020

Quando toda sua vida vem abaixo, Bart Dawes busca sentido no imprevisto, no impensável e no inimaginável.
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Dani Sousa - @eulieulerei 11/08/2020

Triste e cansativo
A auto estrada faz parte do grupo de quatro livros de Stephen King onde ele escreve sob o pseudônimo de Richard Bachaman, o livro começa até interessante onde conhecemos Bart Dawes, casado com Mary, trabalha em uma lavanderia por toda a vida, praticamente cresceu lá, acompanhando a abertura da empresa, que era familiar, e vê ela se transformar influenciado por grupos de acionistas.
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O grande dilema de Bart está na construção de uma auto estrada, que por questões que não ficam claras no livro, deve ser construída bem no seu bairro passando por sua casa e trabalho e casas de amigos que são obrigados a se retirarem até uma data determinada.
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O livro é um um suspense psicológico e segue lentamente quase parando com Bart e toda o seu medo da mudança, sem vontade de abandonar o que foi um dia o seu lar, as recordações de tempos felizes, de seus filhos enfim sua vida e diante disso somos arrastados a ações, pensamentos e loucuras de Bart, até quase perder uma conexão com o mundo, demonstrando assim um total desequilíbrio levando ele até as ultimas consequências.
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Sinceramente não foi um livro do King que eu gostei, foi a primeira experiência com seu alter ego, um livro cansativo e triste, acredito que por não envolver o famoso "sobrenatural" já conhecido das obras do autor deixou meio a desejar.
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Charles Alexandre 28/06/2020

Sem profundidade
A auto estrada faz parte do grupo de quatro livros de Stephen King onde ele escreve sob o pseudônimo de Richard Bachaman.
O livro começa bem, me levando a entrar na mente do protagonista Bart Dawes, que com o trauma da perca do filho desenvolve uma dupla personalidade, junto dessa apresentação nos leva a um embate político onde o mesmo sempre perde - acaba perdendo tudo que tem.

Tem um desfecho eletrizante, mas sinto que faltou algo mais aprofundado para me conectar e entender o que realmente fez o personagem tomar as decisões que tomou.
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