spoiler visualizarJohnnyCamilo 04/07/2023
Até onde vai a determinação de um homem?
Nem todos gostam de Richard Bachman. Mesmo aqueles que gostam de Stephen King.
King escreve sobre os terrores do mundo. Bachman escreve sobre os terrores em si mesmo.
Essa persona, ou alter ego de King se destaca por sua extrema desilusão, seja com o mundo, com a sociedade ou consigo mesmo.
Desde o polêmico Fúria, passando pela Longa Marcha e desembocando na Auto-Estrada, todos os protagonistas dos livros de Bachman são pessoas que... literalmente ligaram o 🤬 #$%!& . Pra tudo e pra todos. E sem um grande motivo. São pessoas simplesmente... cansadas. Cansadas do mundo em que vivem, da sociedade, do governo... enfim, cansadas da vida.
Bart Dawes está cansado. Cansado da impessoalidade da vida. Cansado da impessoalidade da doença que matou seu filho. Cansado da impessoalidade do "progresso", que decide que, para seguir adiante, precisa colocar uma rodovia no caminho onde está sua casa, varrendo todas as suas lembranças, memórias e vivências naquele lugar. Tudo em nome do "progresso". O impessoal e inexorável progresso.
Ler Bachman nunca é "legal". Nunca é "divertido". Nem mesmo aquela pegada de "terror pop" que muitos livros de King possuem (e que o tornaram um autor tão popular) existe aqui. Bachman é a voz que King não gostava de ter, mas que precisava existir.
A espiral de decadência e loucura de Bart Dawes é incômoda. Muitas vezes você se pega pensando: por que diabos esse puto está fazendo isso consigo mesmo?
Mas essa é a questão. Por que diabos muitas vezes fazemos várias coisas conosco?
Bachman é um "homem" que olhou pro abismo. E escreveu livros sobre ele.
Dawes é um homem que olhou pro seu abismo. E explodiu a si mesmo e a sua casa.
A questão de 1 milhão de dólares é: se cada um de nós, leitores, olhássemos para nosso próprio abismo, o que faríamos a seguir?
Encontraríamos nosso Bachman? Ou nosso Dawes?