Lucas_Callisto 15/09/2022
O clássico ?deixei a vida me levar e olha onde estou agora?.
Essa foi a minha primeira experiência com um livro escrito sob o pseudônimo de Richard Bachman, e queria dizer que foi bem diferente do que eu imaginava. Estava com expectativa, pois por saber do contexto do Bachman eu estava empolgado para iniciar logo em suas histórias. O próprio King descreve o Richard como uma pessoa sem esperanças, sendo assim, sobre esse livro tenho somente algumas coisas a dizer.
A Autoestrada vai contar a história de Bart Dawes. Ele trabalha numa lavanderia e em um dia recebe a notícia de que uma autoestrada está sendo construída, mas para esse projeto ter seu andamento ele terá de vender sua casa pois ela está no meio do trajeto e precisará ser demolida. Acontece que vender sua casa não será tão simples assim para o Bart, pois, além de sua vida estar de ponta-cabeça, a casa guarda todas as suas memórias, assim como das gerações de sua família, não tornando isso uma opção para ele.
Dawes perdeu muito e agora está prestes a perder mais, assim, a estruturação crescente de sua linha de pensamentos se perfilou aos seus atos, e o final do livro eu particularmente gostei. É bem raivoso, muito Bachman, uma face sombria do King. A história em si é mais brutal e carrega um drama em uma escala diferente dos outros que já tinha lido do autor, dando uma característica ao pseudônimo que o King não explorava tanto nos assinados com seu próprio nome.
Foi fácil ver pela perspectiva do Bart e até entender sua dor, mas demorou para acontecer qualquer proximidade. É um livro meio parado, de fato no começo demora um pouco para iniciar as explicações de algumas coisas, o que me deixou impaciente. Apesar de gostar do final, um detalhe do desenvolvimento eu não gostei, pois o protagonista realmente passou por muita coisa, então não sei se foi de propósito para parecer diferente, mas eu não senti tanto aquele apego emocional que o King trabalha nos seus personagens.
Não tem o fator da sobrenaturalidade, e seu final me lembrou muito o de uma outra história do King que não posso contar, pois, spoiler. Acho também que muita coisa poderia ter sido explorada, pois poucas cenas são realmente marcantes, e o King tem uma capacidade grande para explorar a expansão da vida de seus personagens, como ele sempre faz, mas aqui me pegou diferente. Me senti mais distante da história, ela é mais realista, mas não tão convidativa no seu decorrer, tornando-a mais mediana. Esperava por algo mais frenético, pelo menos em intervalos de tempo.
Se eu não soubesse, não conseguiria suspeitar que o Richard seria o Stephen, então essa época deve ter sido muito louca pros fãs do mestre. E a propósito, recebi uns spoilers pesados de outros livros do King que ainda não li, no final onde tem palavras dele sobre seu pseudônimo, então fica a dica.