Luisa 26/04/2021
1222 é sobre eu parar de criar expectativas
O que me fez querer ler 1222, foi a sinopse. Cata só a sinopse: após um acidente de trem, um grupo de pessoas fica preso em um hotel, com uma nevasca do lado de fora, impedindo de saírem e de serem resgatados. E para piorar a situação, acontece um assassinato no hotel.
Parece uma história de abalar estruturas não é? Mas foi? Nem um pouco.
A sinopse faz a pessoa criar um interesse - pontos pra sinopse, aliás, muito bem feita - mas na hora de ler..... Decaiu de um jeito bem degradante, fiquei decepcionada.
O livro não é de todo ruim, os pontos positivos que posso destacar: ele tem uma linguagem acessível, não é difícil e flui - de alguma forma, consegue fluir. Algo que gostei bastante é que a protagonista é uma ex-policial que é cadeirante, casada com outra mulher e com uma filha. Em tramas policiais, a maioria gritante dos protagonistas são os famosos homens-cis-brancos-héteros, foi bom isso ter sido mudado aqui.
No começo eu até gostava da personalidade meio irônica demais da protagonista, meio seca e até grosseira - me julguem - mas com o tempo fiquei indiferente ou revirava os olhos.
Algumas descrições me incomodaram um pouco, principalmente de Magnus, personagem com nanismo. Achei ofensivo a forma que a protagonista se referia a ele algumas vezes, talvez seja porque essa é a personagem, dela ser desse jeito (por mais que não concorde, existem pessoas que pensam daquela forma), mas é o tipo de coisa que pode ser tirada do livro (quem sabe tirar essas partes e focar em aprofundar nas investigações? K K K K ).
Aliás, eu preferia que o Magnus fosse o protagonista da história, mais carismático que a principal e pelo que pude ver, conseguia deduzir da mesma intensidade que a ex-policial.
O livro é fácil de ler, é fato, mas demorei três meses pra terminar. Parece que não saia do lugar, a trama não andava e isso me fazia sentir um pouco de preguiça em continuar. Vez ou outra acontecia algo intrigante, mas nas próximas paginas voltava ao que era antes. Só na metade do livro que a ex-policial RESOLVE que tem que tentar descobrir quem é o assassino.
As páginas finais do livro são bem mais movimentadas e o ritmo é bem melhor comparado ao do começo, confesso ter gostado daqui e principalmente o rumo da causa do assassinato, do motivo em questão, foi bem diferente do que a gente está acostumado. Quando foi revelado a identidade do assassino, confesso que não tinha suspeitado, mas não fiquei surpresa. É até um pouco óbvio, já que os outros suspeitos, não tem muito desenvolvimento.
No meio da história, além do assassinato, surge outro conflito que me deixou tão interessada quanto, me perguntando se podia ter envolvimento. Porém, no final, a explicação desse outro conflito foi fraca, rápida e ainda ficou com ponta solta, fiquei com cara de: o que houve aqui mesmo?
O final em si deixa umas pontas soltas (talvez seja gancho pra o próximo, já que o livro faz parte de uma série). Gostei de algumas coisas, vi pontos positivos, mas vi mais negativos.
A história tinha muito potencial (essa foi a minha decepção), principalmente pelo ambiente, pela situação, mas não foi nem um pouco aproveitada. O livro podia explorar mais a sensação de perigo de estar preso em um hotel, numa nevasca sem possibilidade de sair, mas esse perigo não cheguei a sentir, havia poucos momentos de tensão, animava um pouco, mas decaía depois.
OBS (TALVEZ UM SPOILER? NÃO SEI, FICA A DÚVIDA).: achei engraçado, fiquei até rindo, que a personagem, mais pro fim do livro, fica surpresa/crítica com a falta de reação de um das pessoas em relação ao assassinato, como se não fosse importante e não ligassem. Eu nem julgo porque do jeito que a narrativa não ia pra frente, não apresentava um perigo real, realmente nem parece que teve um assassinato mesmo, se brincar, estaria igual.
Nota: 2,5