Desde que soube que a Novo Conceito havia comprado o direito de publicação de vários livros da autora Sarah Jio fiquei animada. Já faz algum tempo que estou gostando cada vez mais de um certo tipo de romance e os livros da autora se encaixam nesse perfil. Romances com tramas que envolvem o passado, segredos e um ambiente diferente. Em seu primeiro romance Sarah Jio explora com destreza e propriedade uma trama de família que surpreende aos poucos se mostrando mais intricada e densa do que se sugere a primeira vista.
Emily está assinando o divórcio. Depois de dez anos a vida de Emily parece estar desaparecendo. Há dez anos ela era uma escritora best-seller e tinha como marido um dos homens mais desejados de Nova York. De lá para cá ela entrou em um bloqueio impossível da qual não consegue sair nem com ajuda da terapeuta. Mas o pior é que nem mesmo o divórcio conseguiu fazê-la chorar. Seguindo a sugestão de sua melhor amiga e em uma estranha sincronia com sua tia-avó Emily arruma as malas e atravessa o país de volta a Bainbridge. Sua ideia é passar o mês de março na ilha, se refazer do divórcio e quem sabe quando voltar escrever um novo livro. Algo que tenha realmente a ver com si própria. Já na primeira semana seu retorno se mostra proveitoso. Emily encontra velhos conhecidos, descobre novas amizades entre elas Henry, o estranho senhor e recluso vizinho que sua tia-avó evita e o Jack, que surpreendentemente ela não conhecia de seus tempos de infância e adolescência na ilha. Porém o que detém a atenção de Emily é o diário que ela encontra escondido na gaveta do quarto onde está hospedada. A história de Esther e de um romance há muito tempo passado. Uma história comovente e trágica que Emily não consegue esquecer. Quem será Esther? E os demais envolvidos? A história realmente aconteceu na ilha sessenta anos atrás? E se aconteceu onde estariam aquelas pessoas? Uma história que vai revelar a Emily muito mais do que seu talento de escritora, mas o próprio passado e os segredos intocados de família que alteraram sua vida.
A premissa é basicamente essa e é surpreendente notar que Sarah Jio consegue nos contar uma história repleta de surpresas, mistérios e complexidade em trezentas páginas. Com uma escrita fluida e uma prosa direta Sarah Jio apresenta uma gama de personagens variados e uma trama que peca em poucos pontos. É uma estreia notável. Numa concisão elegante e precisa a autora desenvolve um ambiente único, com belas descrições que aliada a trama do diário rendeu uma ótima história. Interligando o presente ao passado de forma sutil e inteligente a autora consegue um quebra-cabeça instigante que prende a atenção do leitor e se mostra cheia de surpresas. A forma como a vida de Emily se entrelaça com a história do diário foi acertada e as nuances que dividem as duas épocas e principalmente as duas personagens foram bem marcadas.
Emily é uma personagem boa, que cresce aos olhos do leitor aos poucos e que como escritora se utiliza bem dos recursos que tem para descobrir a verdade sobre o diário e sobre a ilha. Ao se distrair do seu divórcio e dos relacionamentos sua figura ganha força e a história idem. O único ponto que ofusca a estreia de Jio é o tratamento que ela deu aos relacionamentos. Tanto o divórcio de Emily e aquela cena próxima ao final totalmente fora de lugar quanto os dois encontros que ela tem em menos de uma semana da ilha. Pequenas coisas, mas que pode tirar o brilho para os leitores mais exigentes. O final foi satisfatório e encerrou bem ao unir passado e presente. Um tanto triste, mas ainda assim belo e misterioso. Como uma promessa.
Leitura rápida, agradável e de ritmo cadenciado, que instiga o leitor em busca da verdade sobre os personagens e não apenas da solução. Sarah Jio é uma autora que nessa estreia prova que merece atenção. A edição da (...)
Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2013/05/resenha-as-violetas-de-marco.html