Gildo 23/09/2013
Infringindo a regra, o volume Dois é melhor do que o Um.
Geralmente, as continuações, sejam de livros ou de filmes, decepcionam no segundo volume. Regra particular que tenho observado na maioria das produções. Quando sobrevive ao terceiro produto, este geralmente mostra uma melhora em relação ao segundo.
Subvertido na história, na lógica e na fantasia, Murakami consegue botar por terra essa teoria. O segundo livro é alucinante, ansioso, é possível ouvir as batidas do coração de ambos os personagens protagonistas. Aomame e Tengo estão unidos e longínquos. Mas a união é presente e sentida a cada passo em que as estranhas coincidências da história se convergem.
Se os elementos fantásticos deram as caras no primeiro livro, agora, aparecem claramente para fazer um estranho sentido. Mais sensual, com passagens marcantes, o livro dois de 1Q84 trata do corpo com detalhes e da alma com vastidão. Ao descobrir que seus destinos foram ligados pelo amor e que, por isso, ambos foram transportados a uma outra realidade, Tento e Aomame vivem sua história fatal, cada qual em seu universo. E mesmo quando estão diante um do outro, percebem que suas vidas também nasceram para estar separadas e a união é impossível.
Fascinante como o nonsense das duas luas torna-se ainda mais agradável e dotado de estranha lógica. Como escreveu um crítico na orelha do livro: Magnum Opus de Murakami.