Paulinha 23/03/2019O Espadachim de CarvãoFiquei surpresa com a imaginação e com o mundo criado por Solano, Kurgala e suas lendas e crenças, são sensacionais e diferentes de tudo o que li. Confesso que tive certas dificuldades para andar por essas terras devido a inovação em tudo, mas nada me impediu de seguir.
Vocês poderão ver pela foto que fiz diversos quotes e isso só me envolveu mais. Tive um pequeno problema de adaptação no início, até entender que os capítulos são intercalados com passado e presente. Não dei cinco estrelas na classificação no Skoob e GoodReads porque achei que certos pontos não ‘caminharam comigo’, o leitor.
Por exemplo, a forma como Adapak foi apresentado como um excelente espadachim que está sendo perseguido e inocente ao que se refere a maldade do mundo, não achei que deu muito certo em alguns pontos.
[Contém spoilers] A forma como ele foi ouviu e comprou o passe do enganador na ponte foi tão tranquilo, baseado na forma bruta, desconfiada e um pouco ‘eu sei do certo e errado’ que tratou Jarkenum, o homem que o alertou do enganador. Achei que houve uma distinção da forma que ele via e gostava de Barutir, antigo ancião que cuidou dele até os 4 ciclos, para a forma com que ele o tratou com o velho depois – Mesmo o velho se tornando, bruto, amargo, rancoroso e aparentemente louco pós a morte de sua amada Nafaela. Achei que ele agiu muito como um garoto mimado e que não quer ouvir o outro lado da moeda.
[Contém spoilers] E não engoli muito o fato que ele cresceu com um deus, Enki’ När – A Grande Voz, que seria seu pai, aprendeu tudo dele; mas não sabia o significado de uma pequena palavra derivada da Língua Antiga, Ikibu. Mesmo explicando mais para frente que é a língua dos mellat, não engoli. Segundo foi apresentado, através dos arcos ele tinha aprendido tudo com o Dingirï.
[Contém spoilers] E outra coisa que não me permitiu dar cinco estrelas foi que, primeiro, o grande plot twits – que se você leu até aqui ou já leu o livro ou realmente não se importa com spoiler, então aí vai um grande: que na verdade Adapak não era filho de Enki’ När, e sim uma criação – o resultado final de um experimento bem sucedido – de Anu’ När, o Artesão; foi liberado entrelinhas, mas o próprio protagonista custou cair a ficha e quando ele finalmente descobre eu fiquei com a sensação de: “Nossa, até eu já tinha intendido as indiretas”. Não foi agradável rsrs.
[Contém spoilers] Em segundo lugar, achei que Enki’ När morreu muito fácil para um ‘deus’, até porque quando é revelado o motivo de sua morte não existe nenhum ser ultra poderoso por trás e nem nenhuma magia obscura. E, em terceiro, achei que a mudança de humor, atitude e sanidade de Telalec foi muito exagerado, como o de Barutir foi em partes – retirando o sofrimento pela mulher. Não achei justificativa suficiente para tanto ódio do nada, até porque se fosse para ter ódio não seria de Adapak, ou de Enki’ När que impediu a destruição de Kurgala mais de uma vez e sim de Anu’ När que finalizou o experimento escondido de todos e pretendia libertar os verdadeiros donos de Kurgala para terminar com tudo, porque, oras, ele já tinha terminado seu experimento.
Não engoli, não mesmo. Poderia ser, sei lá, algo pior, como se eles fossem imortais graças as vidas que eles recolhiam – a cada morte, ou se sei lá, se Adapak descobrisse a verdade algo iria ativar em seu cérebro e ele destruiria Kurgala. Sei lá, qualquer coisa, isso não engoli.
Não vou nem falar do caso Sirara que achei meio, inhé. Vocês sabem odeio epílogos.
Por mais doido que possa parecer, apesar desses pontos que citei, eu amei a história. Porque foi diferente de tudo o que li, porque foi bem desenvolvida, os personagens foram bem enraizados, o mundo fez sentido e tinha uma explicação para tudo. A escrita de Solano é muito boa e as descrições magníficas.
Vale muito a pena ler, eu recomendo mesmo.