Aninha Schimidt 03/04/2021
Um grande clássico escondido na sombra de seu filho
Gostei bastante de Carmilla. É uma história rápida e a narrativa segue bem fluida, mas gostaria de pontuar os motivos pelos quais não darei pontuação máxima:
1 - Tem várias partes muito corridas, principalmente o começo. Inclusive, o primeiro capítulo, apesar de contextualizar bem o início da história, não foi muito cativante, na minha opinião. O que mais me fez prosseguir nesse comecinho era o meu conhecimento prévio sobre o que a obra iria tratar, e não o suspense que o autor tenta passar. Não que seja ruim, só acho que poderia ter sido muito melhor.
2 - O livro deixa vários mistérios em aberto. Algumas lacunas podem ser preenchidas com o nosso conhecimento popular sobre vampiros e dicas deixadas no decorrer do conto, mas outras são completamente inexplicáveis com as informações a nossa disposição.
3 - Ao contrário do que as sinopses e resumos dizem, não há de fato uma "subversão da heterossexualidade". Digo isso porque o máximo que acontece são alguns atos românticos por parte de Carmilla, mas Laura parece ignorar as juras de amor e até se pergunta se a chegada da moça podia estar relacionada a um homem querendo cortejá-la. Ou seja, Laura nunca deu bola aos avanços de Carmilla, ou sequer os notou.
4 - Também acho que o autor podia ter aproveitado melhor o backstory, pois ele era interessante e dramático demais para só ser contado de maneira tão simples no final. Se fosse um romance inteiro, seria 100% possível haver a tal subversão da heterossexualidade enquanto Laura iria aos poucos descobrindo mais sobre Carmilla e o que aconteceu 200 anos antes. Se algum dia este livro tiver a adaptação cinematográfica que merece, eu surtaria vendo isso acontecer.
Porém, ainda assim acredito que vale bastante a pena dar uma chance a Carmilla, por ser uma história curta, rápida, e tão importante para a consolidação do gênero. Com certeza, é um clássico que deveria ser melhor reconhecido.