Patricia Chame 15/07/2019Excepcional!No enredo ela é uma russa que vivia com a família em Leningrado. Durante a segunda guerra, a cidade sofreu um cerco, que ficou conhecido como "Cerco a Leningrado" que durou 900 dias (de 8 de setembro de 1941 até 27 de janeiro de 1944). Vocês podem imaginar o que foi para estas pessoas que ficaram presas na cidade ao longo destes dias? Não havia comida para todos, o frio era intenso e a morte morava ao lado. Em um pesquisa rápida no google para saber mais sobre este cerco que serviu de pano de fundo para a estória de Anya, comprovei todo o desespero que ouve por conta da falta de comida. As pessoas recebiam "rações" para sobreviverem, mas isso não era nem mesmo suficiente, e muitos morriam de fome ou frio. Isso quando não era dos dois. Tudo era racionalizado e matava-se por um pedaço de pão. Um desespero que me passou como um filme conforme ia lendo o livro.
? - Perder o amor é algo terrível - Mamãe disse suavemente -, mas virar as costas para ele é insuportável. Você vai passar o resto da vida repassando isso na sua cabeça? Imaginando se o afastou cedo demais ou com facilidade demais? Ou se vai algum dia amar alguém novamente com tanta profundidade? ?
Página 57
- Seu pai pensa que não posso lidar com a morte dele.
- E você pode? - Nina perguntou com simplicidade.
- Você ficaria surpresa com o que o coração humano pode suportar.
Página 333
- Você conseguiu comida? - ele diz.
- Conseguiu? - Anya repete, levantando da cama, carregando o cobertor com ela.
-Bolos de óleo - Vera diz.
Anya fica abatida.
- Ah, não, Mama.
O coração de Vera chega a doer ao ouvir isso. O que não daria para conseguir batatas ou manteiga ou mesmo trigo. Mas bolos de óleo é o que terão que comer agora. Não importa que fosse usado para alimentar o gado ou que tenha gosto de serragem ou que seja tão duro que só um machado consiga cortar. Eles usam raspas para fazer panquecas que mal são comestíveis.Mas nada disso importa. O que importa é que eles têm alguma coisa para comer.
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Vinte e cinco graus abaixo de zero torna-se normal.
Página 374
Quando volto para casa do hospital, cozinho tudo que posso encontrar.
Arranco o papel de parede e o cozinho. A cola é feita de farinha e água, e ela engrossa em uma espécie de sopa. Cola de carpinteiro dá o mesmo resultado. Estas são as receitas que ensino para minha filha.
Que Deus nos ajude.Cozinho um cinto de couro de Sasha e faço dele uma geleia. O gosto é horrível, mas faço Leo comer um pouco dela...
Desculpem, eu sei que não é legal dar spoiller, mas quando eu li que ela cortou o dedo para dar ao filho para que este sugasse e pensasse que estava se alimentando, não teve como segurar as lágrimas...
"(...) E talvez assim as coisas devessem ser, a forma como a vida se desdobra quando você a viveu o suficiente. Alegria e tristeza eram parte do pacote; o truque, talvez, fosse permitir-se sentir tudo, mas agarrar-se à alegria um pouquinho mais, porque nunca se sabe quando um coração forte pode desistir."