Duda 26/10/2023
Divisor de águas
Juro que não sei como começar a escrever sobre esse livro a não ser: histórico. Esse livro é, definitivamente, um marco na luta antimanicomial no Brasil e espero que todos um dia tenham a chance de lê-lo e entender a desumanização que ocorre nos chamados "manicômios".
Incontáveis as vezes que me peguei chorando durante a leitura do livro. Entrei na leitura de mente aberta e prometendo me colocar no lugar dos pacientes (a famosa empatia) e simplesmente não aguentei, chorei demais. Chorei ao perceber os motivos mais fúteis pelos quais as pessoas eram encarceradas ali, com a conivência não só do Estado (já estamos acostumados com ele nos destratando) mas da FAMÍLIA! Isso eu não aguentei. Quantas crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, alcoolistas, viciados, entre outros, só precisavam de um cuidado a mais, amor e um pouco de dinheiro, mas foram mandados pro Colônia por terem se tornado um incômodo... Chorei pensando em como essas pessoas se sentiam ao verem que realmente tinham sido abandonadas, deixadas a própria sorte, por pais, mães, filhos, irmãos... Chorei quando puderem se ver livres dessas amarras, quando encontraram liberdade, filhos que foram arrancados dos seus braços... Chorei quando finalmente puderam viver a vida com seus próprias pés, fazendo suas próprias escolhas... Chorei quando muitos, depois de livres, não conseguiam fazer coisas básicas pois nunca foram permitidos. Chorei!
Me sinto uma boba por nunca ter escutado sobre esse fato na história brasileira. Como podemos confiar num modelo de educação que nos faz decorar fórmulas, fazer ENEM e passar no vestibular se não aprendemos a ser gente, a ter empatia e saber como os renegados pela sociedade são tratados?