Bru | @umoceanodehistorias 20/07/2015Filha da FlorestaPreciso começar essa resenha dizendo que esse livro me deixou com um misto de sentimentos, senti raiva, amor, ódio, amargura, sofrimento, saudades e, principalmente, medo. Sei que esse livro não é de terror, mas ele me aterrorizou em diversos momentos.
Lorde Colum, sétimo filho, dono das terras de Sevenwatters, é pai de seis homens mas, quando sua esposa esta para ter o sétimo filho, que todos pensam ser um homem, nasce Sorcha, a sétima filha de um sétimo filho. Após o nascimento de Sorcha a esposa de Lorde Colum falece deixando para seus filhos uma semente para plantar uma árvore e o pedido para que cuidem um dos outros e, principalmente, de Sorcha.
Sevenwatters, localizada na Irlanda, é um lugar com uma população bastante supersticiosa. Eles acreditam que grande parte do poder de suas terras está nas três ilhas que foram invadidas pelos betrões e que é motivo de diversas lutas e guerras, pois Lorde Colum quer recuperá-las de qualquer forma.
Sorcha e seus seis irmãos, Liam, Diarmand, Conor, Cormarck, Finbar e Padiark, vivem com a ausência do pai e cuidam um dos outros – quando não estão lutando ao lado do pai. Eles aprenderam a ler e escrever com o Padre Brian e cada um possui um dom, Conor é muito sábio e um futuro druida, Finbar gostaria de revolucionar o mundo e tirar tudo que causa dor, Padriark é bom cuidando de animais feridos e construindo coisas e Sorcha domina muito bem a arte de curar as pessoas com plantas e unguentos.
Mas, um belo dia algo muda. Um prisioneiro é levado à casa de Lorde Colum e todos seus filhos veem como o pobre rapaz sofre. Lorde Colum ordena que o homem seja preso e interrogado, mas Finbar não pode concordar com isso e pede para que Sorcha prepare ervas que farão com que os soldados durmam para que ele possa resgatar o prisioneiro. Padre Brian se compromete a cuidar do rapaz que está muito ferido, mas chega um ponto que ele não mais é capaz e pede para que Sorcha o ajude. Ela passa, então, a morar com o Padre Brian, tenta ajudar o rapaz que se chama Simon, mas ele possui demônios que o atormenta e o trabalho é muito duro.
Quando Simon está quase bom e pronto para ir embora, Sorcha recebe a visita de seus irmãos e precisa deixar Simon sozinho, pois algo extremamente estranho aconteceu: seu pai irá se casar novamente. A noiva de seu pai é Lady Oonagh, uma mulher má que parece querer dominar o reino de Sevenwatters. Lorde Colum está enfeitiçado e nenhum de seus filhos consegue alertá-lo sobre quem realmente é essa mulher. Enquanto tentam, coisas estranhas começam a acontecer e, aparentemente, a única responsável e culpada é Lady Oonagh.
Enquanto os irmãos tentam encontrar uma solução para que o pai veja quem é Lady Ooonagh, são presos em feitiço e a única pessoa capaz de libertá-los é a pequena Sorcha. Mas, para isso, ela precisará passar por uma tarefa extremamente dolorosa e trilhará um caminho bem sinuoso.
Como disse no início da resenha, esse livro despertou um misto de sentimentos em mim que até agora não consigo descrever. O livro é narrado do ponto de vista da Sorcha, portanto, tudo o que ela passa de sofrimento é narrado com os detalhes e olhos de quem está passando por aquilo e só torna a história ainda mais real e dolorosa para o leitor.
O universo que a autora criou também é fascinante. A fé que os personagens têm em algo maior é comovente. Sorcha é uma extremamente forte e fiel. Por ela ser apenas uma criança, senti pena de diversos acontecimentos em diversos momentos e é nítido o quanto a personagem evolui com o passar do tempo. Vejam, ela nunca foi uma personagem infantil, muito pelo contrário, ela possuía um trabalho: cuidar dos feridos e fazia isso com muito amor e força de vontade e esse sentimento se intensifica ainda mais quando ela recebe a missão para salvar os irmãos.
Acreditei que a história teria um rumo, mas ela teve outro e foi ainda melhor do que eu havia imaginado. A autora soube trabalhar o amor de Sorcha pelos irmãos com muita intensidade e criou uma personagem incrível que, com certeza, será lembrada por toda minha vida. Recomento muito essa leitura, mas deixo claro que essa história deve ser absorvida e lida aos poucos, pois, às vezes, você pode não entender muito o contexto se ler o texto de forma rápida. Haverá momentos que vocês precisaram fechar o livro e processar a informação para confirmar que aquilo aconteceu.
Estou extremamente ansiosa para ler o próximo livro e saber o que mais a autora reservou para Sevenwatters. Peço desculpas pelo tamanho da resenha, mas é impossível falar de um livro que foi tão incrivelmente bem escrito sem usar mil palavras. Apenas para completar, a diagramação da Butterfly está incrível e só torna a leitura ainda mais prazerosa. Por favor, leiam, mas, lembrem-se, não devore esse livro e, sim, aprecie.
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