Leitora Viciada 27/03/2014A primeira impressão que, não apenas Veneno, mas toda a Saga Encantadas passa é positiva, por causa da capa belíssima e ideia geral promissora. A capa é um luxo nos detalhes e na imagem, cuidado que se estende para o interior do livro e seus doze capítulos e Epílogo. Adorei os diagramas rebuscados presentes nas entradas e encerramentos de cada capítulo. E cada um deles possui um título simples sempre combinando com os acontecimentos.
O título é perfeito. A maçã é envenenada, porém não apenas ela: As personagens destilam inveja, egoísmo e muito veneno!
Contos de fadas. Contos medievais. Quem não se interessa por eles ao menos uma vez na vida? Quem nunca ouviu falar de ao menos uma versão de um conto famoso? Eles fazem parte praticamente da fantasia e imaginário mundial. Folclore, mitologia, histórias criadas há séculos para entreter, assustar ou dar lições às crianças - e aos adultos. Ou tudo misturado! Não importa.
Alguns deles têm origens conhecidas, mas a maioria não. Historiadores sempre estão descobrindo ou redescobrindo contos antigos. De trovadores, de escritores... Como sobrevivem até hoje? Como algumas histórias conseguem ser tão mágicas ao ponto de influenciarem gerações e nações?
Adoro contos de fadas, gosto de conhecer todas as versões possíveis, desde que ganhei uma coleção em capa dura de livros enormes de contos de fadas do mundo todo da extinta Editora Vecchi. Assisto as versões das animações Disney e Pixar e sempre busco por mais.
Então conheci a Saga Encantadas da Única Editora e fiquei ansiosa para conhecer a versão sexy e sarcástica da Sarah Pinborough.
Embora as opiniões se dividam sobre a facilidade de se criar histórias a partir de clássicos já existentes, pessoalmente acho difícil encontrar boas reciclagens, já que encontramos essas mesmas histórias em todo lugar. Nem sempre encontro uma versão que me encante ou me marque, seja como for. Atualmente gosto de conferir versões ousadas, criativas, diferentes. Exatamente o que Sarah traz com Veneno.
Com uma narrativa em terceira pessoa simples e ao mesmo tempo voltada aos adultos, ela recria um dos contos de fadas mais conhecidos: O de Branca de Neve. O palavreado da autora ora tenta ser poético, ora um pouco cru. Não é um vocabulário e escrita ricos, porém ela consegue segurar o leitor e ser muito, muito sarcástica. E sexy.
As cenas de sexo são sensuais e diretas. Não é um livro erótico como alguns pensam, é uma versão adulta da história, logo temos sexo no contexto. É indispensável para o desenvolvimento de relações entre as personagens e até mesmo em construções de personalidades, mas talvez alguns detalhes poderiam ter sido dosados. Eu não gosto de excesso de erotismo, porém concordei com todas as cenas em Veneno e gostei. Ou seja: Está na dose necessária.
O fator principal do livro está estampado na capa da Única: Repense seus vilões. Resume tudo. Uma história adulta, mesmo de fantasia e magia, não pode ter personagens tipicamente heróis e vilões, porque sabemos que ninguém é assim.
Era uma vez um conto de fadas em que sobrenatural ou não todos são complexos... E complexados.
Em Veneno cada um tem suas motivações. O passado influencia na formação do ser, assim como as experiências, os relacionamentos, a criação e acontecimentos. A autora foca nisso e nos apresenta um conto de fadas mágico e ao mesmo tempo realista, porque as personagens têm suas bases fortes e convincentes. Parecem de carne e osso. Podemos ter bruxas, fadas, anões e qualquer outro ser sobrenatural presente, mas a essência humana permanece de modo marcante.
A madrasta má de Branca de Neve, a bela Lilith, tem uma origem mágica. A maldade, frieza e crueldade dela são realmente inatas? Ela pode simplesmente ser assim? Não em Veneno.
Ela tem uma história que, não exatamente justifica, no entanto, explica seu comportamento oriundo da criação, desesperança e tragédia. Sua inveja por Branca de Neve não vem apenas do fato da princesa ser bela, pois a rainha também é (mas a beleza também a incomoda!). Lilith é diferente de Branca de Neve, mas é tão linda quanto. Então o que a faz invejar tanto Branca de Neve, nesta versão, ao ponto de desejar a morte ou o desaparecimento dela?
A própria Branca de Neve não é perfeita. Muito menos um exemplo de princesa. Ela tem qualidades dignas de admiração, como a bondade com os criados, o povo e os anões. Já outras características são muito interessantes, como a falta de pudor, seu jeito rebelde, selvagem e sua sede por liberdade.
Branca de Neve não é nem um pouco "princesinha". Ela cavalga feito homem, sai do castelo quando quer, odeia espartilhos apertados e adora uma cerveja amarga. Ela é divertida.
A rainha é seu oposto. Controlada, calculista, fria, nada impulsiva. Segura, firme e uma rainha tão poderosa que prefere ser temida e odiada, porém respeitada; que amada e sem controle total do povo.
Ela possui magia no sangue. Ela está prestes a explodir, mas fica se controlando, enquanto Branca de Neve explode em risadas, diversão e faz o que quer. Opostos!
A pouquíssima diferença de idade entre enteada/princesa e madrasta/rainha associada ao fato do rei estar fora e distante inicia um embate entre as duas que já era previsto desde o começo. Gelo contra fogo.
Para ler toda a resenha acesse o Leitora Viciada.
Faço isso para me proteger de plágios, pois lá o texto não pode ser copiado devido a proteção no script. Obrigada pela compreensão.
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http://www.leitoraviciada.com/2014/03/saga-encantadas-livro-1-veneno-sarah.html