Rayssa Bonissatto @livrosdarayssa 03/03/2022
Idade média, secúlo XX e 2022?
Samarcanda é composto por dois livros: na primeira metade acompanhamos Omar Khayyam entre 1072 e 1131, já na segunda, Benamin O. Lesage, no final do século XIX e início do século XX.
Mas no fundo é um livro só: uma ode ao Rubaiyat, obra escrita por Khayyam e como esta foi perdida e recuperada nos eventos históricos da Idade Média e Contemporânea da região do Oriente que corresponde ao Irã.
Como todo romance histórico, ficção e realidade se mesclam, lacunas históricas são preenchidas com ficção.
Os personagens principais se veem nos bastidores de grandes eventos políticos: Khayyam vendo as intrigas da corte e sua linha sucessória, Lesage nas tentativas de destituir um poder absoluto e firmar a Constituição no Irã. Mesmo desejando se afastar do turbilhão político, eles são diretamente afetados. Até as personalidades e ações dos personagens principais e coadjuvantes são muito similares.
Os paralelos não param aí: não só entre os dois recortes históricos, vemos eventos se repetirem ainda hoje. O obscurantismo e perseguição aos detentores de saber científico se faz presente (pois é, perseguição à ciência! Mais 2020 impossível!). Além disso, acompanhamos o surgimento de grupos extremista, ações imperialistas, invasões de países, intrigas geopolíticas (oi? 2022?). Lendo esse livro foi impossível não lembrar de Edmund Burke ("Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.").
Samarcanda não é um livro para qualquer leitor, muito menos um livro de fácil leitura. É necessário assumir sua ignorância a respeito do Oriente e saborear, pesquisar, estudar. Possivelmente (e infelizmente) é esse o motivo de eu não ter aproveitado a leitura, foi cansativa uma vez que a escrita é muito evasiva, ela tergiversa. Não fiquei presa à leitura, principalmente na segunda metade em que achava inclusive enfadonha. Mas paciência, pode ser que no futuro, em outro momento, opte por reler e reavaliar essa experiência, só espero não notar que a humanidade continuará a repetir os mesmos eventos.