Monique | @moniqueeoslivros 27/02/2022
Samarcande
{Leitura 09/2022 - ?? Líbano}
Samarcanda - Amin Maalouf
Essa é a história de um livro. Um livro de poemas que atravessa a Ásia e os séculos, o tempo e o mundo. O Rubaiyát, de Omar Khayyam (1048-1131), na sua versão original e manuscrita.
Mas ele é muito mais que isso. Se fosse exclusivamente a história da perda e da busca por um livro, ouso dizer que o título da obra de Amin Maalouf não se chamaria Samarcanda. Até mesmo porque, segundo a história, os Rubaiyát de Omar Khayyam foram encontrados e publicados ainda em 1859.
Essa obra é a história da cidade de Samarcanda, escrita às margens do caderno original de Omar, a quatro mãos com o seu fiel ajudante. É a história de uma cidade crescendo às margens de algo maior e mais conhecido, pelas mãos do trabalhador, e que simplesmente naufraga quando tenta sair do seu "Ocidente Natal".
E numa semana como essa que vimos Rússia e Ucrânia travarem de fato batalhas sobre as suas respectivas posições e poderes no Oriente e no Ocidente, a gente entende melhor como a palavra tem poder, como a palavra é uma ponte, que pode transportar conhecimento, mas também armas e morte. Depende de quem a atravessa.
Samarcanda é uma história de cultura, tempo e buscas diferentes. Permeada pelas guerras, pelos conflitos, por personagens reais e fictícios. Afinal a obra nunca deixou de ser um romance.
E também nunca foi uma caricatura do Oriente Médio. Basta ver as mulheres desse livro: independentes, bem resolvidas, que escrevem e pensam, sendo donas dos seus narizes e de seus corpos inteiros. Mulheres assim existiam nesse recorte de tempo em que o livro foi escrito? Nem o narrador do livro tem certeza, mas eu quero acreditar que sim.
Numa semana em que a guerra na Ásia mais uma vez se tornou real, nunca fez tanto sentido ler Samarcanda.