As mentiras de Locke Lamora

As mentiras de Locke Lamora Scott Lynch




Resenhas - As Mentiras de Locke Lamora


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May 22/09/2015

Esse rating pode ter sido uma surpresa para aqueles que conhecem a minha história com esse livro, mas eu tenho que admitir: eu havia julgado o livro rápido de mais.
Essa foi a minha terceira vez lendo o livro. As duas primeiras vezes foram um desastre, eu simplesmente não estava interessada o suficiente para continuar a leitura. Eu decidi tentar uma última vez e, não importa o que viesse, dessa vez era para valer. Eu iria terminar o livro. Começou da mesma maneira que das últimas vezes. Eu me entediei e não conseguia me conectar com a história. Entretanto, para a minha surpresa, duzentas páginas depois, eu me envolvi na leitura e simplesmente não consegui parar de ler.
Leia a resenha completa no blog.

site: https://sobresonhoselivros.wordpress.com/2015/08/17/resenha-as-mentiras-de-locke-lamora-nobres-vigaristas-1-de-scott-lynch/
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Anderson 15/09/2015

Grandioso!
Sério mesmo que esse é o livro de estreia de Scott Lynch?, fico imaginando quando o cara tiver experiência. Porque, Pelos Deuses, que livro magnífico!!!

Quando li a sinopse de As Mentiras de Locke Lamora, e vi que se tratava de um grupo de aprendizes de ladrão, chamado de Nobres Vigaristas, liderado pelo "decoroso" Padre Correntes(pense num padre safado!), que roubam dos nobres da Cidade de Camorr para os... Não, eles não roubam para os pobres, mas para eles mesmos, pra viver no luxo, na opulência... Tudo na base do dinheiro alheio. Bom, não é? Então, pensei que leria algo meio clichê, sem originalidade...  Felizmente eu me enganei!!!

Lynch nos brinda com essa fantasia maravilhosamente bem escrita, ousada, imprevisível, cheia de reviravoltas, diálogos sarcásticos, com personagens alegres, irônicos, inteligentes... Ah, não posso esquecer: um bando de vigaristas sacanas!! Hahaha!

Sabemos que mentir é feio, mas Os Nobres Vigaristas fazem isso com grande maestria, que faz da mentira algo tão bonito, posso dizer assim.

Toma cinco estrelas!!!
#recomendo

Agora deixa eu ir ler Mares de Sangue, segundo livro da série.


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Ari Phanie 08/09/2015

A história de como Scott Lynch me ganhou com umas mentiras
Quando comprei esse livro, não tinha tantas expectativas com relação a ele. Gostei da sinopse, gostei de algumas críticas que li e gostei do primeiro capítulo quando li antes de comprar. Mas não comecei a leitura no mesmo entusiasmo que normalmente tenho quando ponho as mãos em um novo livro de fantasia. Bom, isso não durou muito. Eu não poderia ficar indiferente por muito tempo a uma história tão criativa, tão apaixonante e tão surpreendente. Scott Lynch conta a história de Locke Lamora com maestria, criando um mundo original que encanta e o qual ora você pensa que se trata de um passado medieval avançado, ora acha que é ambientado em um futuro estranho e longínquo. É simplesmente diferente do que eu estava acostumada a encontrar nos livros de fantasia. Agora falando dos personagens, temos os Nobres Vigaristas. Me apaixonei por cada um deles igualmente, como se fossem uma unidade. Espertos, engraçados, leais, corajosos e habilidosos, eles me fizeram rir muito, me surpreender, e admirá-los. Correntes e Ibelius também ficaram entre os meus favoritos. Outros dois personagens que eu admirei muito (e odiei com todo o meu coração e alma) foram o Rei Cinza e o Falcoeiro. Os outros personagens secundários também se destacam por serem muito bem escritos. A única coisa que me deixou um tantinho decepcionada foi a falta de uma personagem feminina de destaque. Não coloco a “vozinha” Vorchenza, nem Dona Salvara, nem mesmo Nazca nessa posição porque pra mim, elas não tiveram o mesmo destaque que outros personagens. No entanto, não considero isso um ponto fraco. Afinal, tem outros dois livros sobre os Nobres Vigaristas que podem suprir isso. Bom, concluindo, Scott Lynch criou um fabuloso universo cheio de aventuras, trapaças, violência, mistérios e uma certa dose de crueldade. Por isso, e por todo o resto, As Mentiras de Locke Lamora é agora um dos meus favoritos.
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Livros e Citações 25/07/2015

Não consegui largar por um minuto
Autora: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Páginas: 464
Classificação: 5/5 estrelas

http://www.livrosecitacoes.com/resenha-arqueiro-mentiras-de-locke-lamora-scott-lynch/

As mentiras de Locke Lamora conta a história de Locke Lamora e seus nobres vigaristas, um grupo treinado pelo Padre Correntes para se infiltrar entre os nobres e dar elaborados golpes ao mesmo tempo em que se safam de serem punidos por quebrarem a paz secreta, esta última feita pelo dois maiores governadores de Camorr com o objetivo de proibir que a nobreza fosse roubada.

Só que a vida dos nobres vigaristas sofre uma reviravolta com chegada do Rei Cinza, que comete uma série de assassinatos que aterrorizam os ladrões de Camorr, além de ameaçar a paz e segurança dos nobres vigaristas.

Sabe aquele livro que você passa a noite lendo porque não consegue larga-lo por um minuto sequer? E aquele outro que te faz perguntar porque você nunca tinha se importado com esse tesouro que estava na sua estante aguardando ansiosamente para ser lido? Ou aquele outro que te deixa achando que vai ser difícil encontrar um livro que o supere? Então, As mentiras de Locke Lamora provoca essas mesmas três sensações e muito mais.

"Não preciso de ninguém para me lembrar que estamos mergulhados em água escura até o pescoço. Só peço a vocês que se lembrem de que os malditos tubarões somos nós."

Não é por nada que o Patrick Rothfuss é fã de Scott Lynch, porque o homem é realmente maravilhoso, sua escrita é fantástica, fluída e perspicaz, além de adotar uma boa dose de sarcasmo, assim mesmo que haja uma carga muito forte e dramática no livro, houve vários momentos que eu me fiquei gargalhando ou rindo, principalmente porque o autor soube regular o humor durante todo o livro.

Além disso, é necessário se preparar para toda as reviravoltas, imprevisibilidade e surpresas que aguardam o leitor em vários momentos do livro, sendo que cada uma delas serve para te deixar pasmo com a inteligência de Scott por criar uma trama tão instigante. Assim, mesmo que ás vezes o autor perca algum tempo nas descrições de determinados locais, ainda sim é impossível não mergulhar nesse mundo tão diferente e ao mesmo tempo fascinante.

Os personagens são por si só um dos pontos mais altos da história, todos são bem desenvolvidos e cada um deles cumpre sua função no enredo, mas aquele que se destaca mais do que todos é nosso querido Locke Lamora e devo lhe dizer que impossível não amar esse brilhante trapaceiro e vigarista, que com suas ideias loucas e incrivelmente interessantes faz com que o livro consiga um brilho especial.

Para fechar com chave de ouro, fiquei surpresa e feliz em ver a representação feminina nesse livro, principalmente nas partes secundárias, na qual é possível ver as mulheres tendo as mesmas ocupações que os homens, como capangas, comerciantes, contadoras, entre outros. Afinal, na maioria dos livros do gênero as mulheres têm determinados papéis e dificilmente os autores fazem algo para mudarem isso, como donzelas em perigos, curandeiras, prostitutas e algumas são lutadoras, assim mesmo que haja alguma personagem feminina, elas são geralmente a exceção e não a regra.

E sem medo indico As Mentiras de Locke Lamora, leiam!, é uma história deliciosa, divertida, sem deixar de lado uma trama bem elaborada e diferente. Sério, depois vocês vão me agradecer por ter indicado um livro tão maravilhoso humildade zero.

"– Eu só roubo porque minha querida família precisa do dinheiro para viver!
Locke Lamora fez essa afirmação com o copo de vinho erguido bem alto. Ele e os outros Nobres Vigaristas estavam sentados em volta da velha mesa de madeira-bruxa no opulento refúgio situado sob a Casa de Perelandro: Calo e Galdo à sua direita, Jean e Pulga à sua esquerda. Sobre o móvel estava disposta uma profusão de comida e o lustre celestial pendia do teto com sua conhecida luz dourada. Os outros puseram-se a vaiar e entoaram em coro:
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque este mundo cruel não permite que eu tenha um trabalho justo! – exclamou Calo, erguendo o próprio copo.
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque tenho que sustentar meu pobre irmão preguiçoso, cuja indolência partiu o coração de nossa mãe! – Galdo deu uma cotovelada em Calo.
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque estou convivendo temporariamente com maus elementos – disse Jean.
– Mentiroso!
Por fim, o ritual chegou a Pulga, que ergueu o copo com um leve tremor e berrou:
– Eu só roubo porque é muito divertido, porra!
– VIGARISTA!"

Resenha por: Debora

site: http://www.livrosecitacoes.com
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Sara Muniz 03/06/2015

Resenha - As Mentiras de Locke Lamora
Resenha
Demorei um pouco do esperado, mas terminei em maio a leitura de As Mentiras de Locke Lamora, o qual eu avaliei com cinco estrelas e favoritei! Eu não sei se vocês sabem, mas eu queria muito ler este livro porque meu namorado me contou que a personalidade dos personagens era parecida com a personalidade dos personagens de A Crônica do Matador do Rei (clique aqui para ler a resenha do primeiro livro). Foi então que eu fiquei o tempo todo dizendo que queria esse livro e quando meu aniversário chegou, ele me deu! Pense numa pessoa feliiiiiz!

Enfim, o livro é narrado em terceira pessoa e conhecemos através da narrativa do autor o personagem Locke Lamora, conhecido como o Espinho de Camorr, por ser um dos maiores ladrões da cidade de Camorr. Sim, Locke é um ladrão... mas não é um simples ladrão: ele é um Nobre Vigarista. Ele e seus companheiros: Jean Tannen, Calo e Galdo Sanza (irmãos gêmeos) e Pulga são Nobres Vigaristas, mas quem realmente tem talento para atuação e para se passar por outras pessoas é o Locke.

Ele e seus companheiros são conhecidos como sacerdotes por alguns que não sabem que eles são ladrões, pois eles moram na igreja e quando eram crianças eram conhecidos como Iniciados de Perelandro (o nome da divindade no livro). Mas os pobrezinhos não chegaram felizes na igreja quando crianças! Eles eram crianças órfãs e meros ladrõezinhos por sobrevivência quando foram acolhidos pelo Aliciador, que viva para ter ladrõezinhos. O Aliciador vendia alguns meninos ao Padre Correntes. Locke foi vendido para o Padre, se tornou um Iniciado de Perelandro e aprendeu a ser um excelente Nobre Vigarista com o Padre Correntes. Pois é... Quem, para a sociedade, parece um simples padre, é um treinador de ladrões.

Mas como eu disse, ele não foi treinado para ser um simples ladrão. Depois de adulto, Locke e seus companheiros tentam dar golpes nos nobres (eles decidiram roubar apenas dos nobres). Locke se veste como nobre, inventa um nome, faz uma voz diferente, cria um novo personagem para aplicar golpes envolvendo muito dinheiro.

Locke e muitos outros ladrões de Camorr são comandados por um chefe de gangues e todos devem impostos a esse homem, mas um desconhecido, com poderes mágicos desconhecidos chamado Rei Cinza, quer tomar o poder desse chefe das gangues, e assim a trama começa (mas só vai acontecer quase no final do livro -.-).
✖ Avaliação da Escrita: A escrita de Scott Lynch é muito boa e livre (ele usa todo o tipo de palavrão), com isso ele consegue te transmitir melhor o estado do personagem e até dar mais humor em algumas situações. A narrativa dele é incrível, descrição de cenários muito boa.

✖ Avaliação do Enredo: Eu nunca li e nunca esperava ler algo parecido. Já havia visto algum filme onde um homem era ladrão e se vestia para conseguir roubar facilmente. Mas esse tipo de coisa misturado com magos e tudo o mais, eu não esperava de verdade. Achei muito bom o enredo e mal posso esperar para ler a continuação!

✖ Avaliação da Capa: A capa é LINDA! Não ilustra 100% do que se trata o livro, as pessoas podem se enganar, mas eu acho ela linda, sou apaixonada por essa capa.

✖ Sobre o protagonista: Locke é um personagem completamente autêntico! Sua personalidade é incrível. Não consegui visualizar bem a sua aparência de acordo com as descrições do autor, imagino ele de um modo totalmente diferente, mas ele é um homem que não aparenta ser agressivo, mas que é muito impetuoso. Criei uma certa afinidade com ele.

✖ O que me levou a avaliá-lo como excelente?
Como comentei, eu esperava que os personagens da estória fossem parecidos com os de O Nome do Vento. Na realidade, não vi nada parecido. Patrick Rothfuss e Scott Lynch são autores completamente diferentes em seu jeito de escrever e também de criar os personagens. Se for em questão de personalidade pouco comum, talvez eles sejam parecidos. Antes de terminar O Temor do Sábio eu estava no começo de As Mentiras de Locke Lamora e conseguia ver que o Patrick Rothfuss conseguia ser muito mais legal, claro! Mas mesmo assim, gostei do livro e pretendo concluir a leitura da trilogia, simplesmente pelo fato de que é um bom livro, os personagens são diferentes, o enredo é único e é fantasia... Porque, infelizmente, de estilo Patrick Rothfuss não tem nada, haha. Mesmo assim o estilo de Scott Lynch não deixou de me cativar!
✖ Considerações finais: Parece ser um livro que pode não agradar à todos, então procure saber se é isso que você quer mesmo caso deseje comprar. Se você gosta de fantasia e de uma trama bem elaborada, vai nessa e mergulha fundo! Depois me conta o que achou, okay? ;)


site: http://interesses-sutis.blogspot.com.br/2015/05/resenha-as-mentiras-de-locke-lamora.html
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Frank 03/06/2015

Não contarei nenhuma mentira!
Verdade. Nenhuma. O livro é muito bom, mas do meio para o fim. O começo eu achei arrastado, mas porque eu gosto quando a história me faz uma promessa, quando eu sei pra onde está indo ou o que o personagem aspira. Locke Lamora, no começo, parece completamente satisfeito com seus roubos e farsas. Parece que ele está bem assim e a história parece que não vai pra lugar nenhum.

Quando aparece o personagem do Capa Barsavi, o ritmo fica melhor. Só achei que ele demorou para aparecer. De qualquer forma, o ritmo vai ficando cada vez melhor até o fim, que é um legítimo grand finale! Gostei muito do fim, muito mesmo.

A única coisa que me incomodou muito foi a quantidade, na minha opinião, excessiva de interlúdios. Não pulei nenhum, mas fiquei com vontade de pular quase todos!
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Albarus Andreos 07/04/2015

E a Ed. Saída de Emergência finalmente acertou!
“Uma vez a cada século, quando a lua incidir sobre as marcas na tumba, ele se levantará...”. Não, isso não tem nada a ver com As Mentiras de Locke Lamora (Editora Arqueiro, 2014), a não ser pelo fato de que, como na profecia acima, de vez em quando surge um livro de fantasia tão melhor que o status quo reinante, que realmente parece um presente cabalístico. E, seguindo o mesmo raciocínio, surge a esperança que mais um grande gênio da literatura fantástica possa estar despontando. O norte-americano Scott Lynch com seus longos cabelos de elfo, chega para mostrar como um franzino órfão da fictícia cidade de Camorr, pode se tornar uma lenda!

Para começar a ambientação, deixamos as frias pradarias nevadas de sotaque anglo-saxão, tão comuns à literatura de fantasia, para nos imiscuirmos em uma cidade estado formada por um arquipélago, com evidente influência italiana nos nomes das localidades e pessoas. Mas não um italiano de verdade, guardando mais a sonoridade das palavras do que vocábulos reais. E, sim, é um mundo inventado, com três luas no céu, para não deixar dúvidas sobre sua natureza. E há ainda alguns toques de magia e alquimia, quando vemos que a luz usada pelas pessoas durante a noite vem de globos alquímicos, há animais marinhos inventados e há torres e pontes de Vidrantigo sobre canais, construídas por uma raça antiga, conhecida apenas como Ancestres, da qual não temos muitas referências.

Dá para identificar as pessoas vestidas com trajes renascentistas, com seus chapéus engraçados, as mangas bufantes e os vestidos cheios de camadas. Os prédios são de alvenaria, alguns altos, com vários andares, as ruas são cheias de sujeira e dejetos e eles usam floretes e adagas como armas e não há qualquer referência à pólvora. Pronto, situados assim, no tempo e no espaço, vamos conhecer o tal órfão, que chega ao Morro das Sombras, onde o Aliciador, seu garrista (um vigarista experiente), o recebe e dias depois já tem de se desfazer dele, depois de uma série de dores de cabeça que o menino lhe arranja. É com um humor sutil, sempre presente, que vamos então acompanhando esse garoto hiperativo, emburrado, um vigarista nato, com a dom de arranjar problemas onde quer que ponha os pés.

A história vai e volta continuamente, alternando-se entre a infância do pequenino Locke e o tempo em que ele, já adulto, está executando um golpe com sua trupe de ladrões, batizada de Nobres Vigaristas. Vamos conhecendo cuidadosamente cada um dos seus companheiros, como se encontraram e como conviveram, até adquirirem a confiança que irmãos possuem uns nos outros. Os Nobres Vigaristas são uma famiglia, nos mesmo moldes das velhas casas mafiosas, todas reunidas sob a afeição e égide violenta do Capa Barsavi, que não permite que uma só mosca voe em sua cidade sem sua autorização. Além dos amigos, conhecemos os burgueses e a aristocracia, o modus operandi das gangues, da polícia e da cidade de Camorr, de uma forma magistralmente bem contada, que liga todas as pontas e conduz uma narrativa digna de um mestre.

Na fase do Locke criança, como disse, o Aliciador acaba “vendendo” o menino, seu pezon, pois senão viria a ter de matá-lo e contabilizar o prejuízo. Para se ter uma ideia, ainda com seis anos, Locke já havia tocado fogo num bar e roubado a bolsa de um casaca amarela, como são chamados os policiais, o que infringe a Paz Secreta, que permite a convivência harmônica entre a Lei e o Submundo, com uma boa cola de corrupção. Como o Aliciador tem que prestar contas de seus subordinados ao chefão de Camorr, o Capa Barsavi, ou ele mata o menino ou se livra dele de alguma outra forma. A perda de alguns cobres não agrada ao Aliciador, que acaba deixando o garoto por conta de um pobre sacerdote de Perelandro, que na verdade não é outra coisa senão mais um golpista da fauna local.

A deliciosa narrativa, cheia de chistes, detalhadamente contada, nos leva a conhecer o responsável pela “formação” de Locke no que ele viria a se tornar mais adiante. O padre Correntes, que lhe ensina a obediência às regras e cada um dos segredos de como ser um talentoso ladrão, um vigarista inigualável e um trapaceiro ímpar, ao ponto de Locke um dia vir a ser conhecido como O Espinho, numa alusão a sua capacidade de se meter na carne da sociedade e lhe causar as aflições advindas de suas atividades, sem nunca ser pego ou sequer identificado. Engraçado é que essa imagem é inchada com mentiras, como o fato de se descrever o Espinho como um exímio espadachim, sendo que Locke sequer sabe pegar numa espada. O embuste é tudo para um vigarista.

As descrições dos golpes são o ponto forte do livro. Cada detalhe é pensado, planejado e executado pelos talentos de cada um dos especialistas do bando. Há os irmãos Sanza, Calo e Galdo, inseparáveis e paus para toda obra, há o pequeno Pulga, um mãos-leves, um menino pouco mais velho do que Locke era quando chegou até o templo de Perelandro, e há Jean Tanen, um gordo amigo de todos os momentos, exímio na contabilidade e ótimo com os punhos. Cada um zela pelo outro com a própria vida, cada um possui talentos e aptidões especiais, duramente adestradas, desde as línguas dos povos ao redor de Camorr, incluindo seus sotaques, até as mais requintadas habilidades na cozinha, na moda, na fabricação de disfarces e no manuseio de uma adaga. Tudo que pode auxiliar em um golpe é treinado à exaustão, desde criancinha.

É impressionante como o autor consegue nos passar esse sentimento de união entre os membros da gangue. Cada personagem é único, otimamente planejado e transbordante de carisma. E há ainda um singelo mistério que sempre aparece em pistas, aqui e ali. Um amor desfeito ou inacessível. Não dá para saber ainda. Uma incógnita. Uma misteriosa personagem da qual não temos quase nada para comentar: Sabeta. Brindes são oferecidos aos amigos ausentes e sempre se serve um cálice a ela, mesmo estando presente apenas nas recordações deles. Dá até uma apreensão. Será que ela está morta? Quase nada é dito mas sabe-se que teve sua importância para o grupo, desde menina, desde o tempo do padre Correntes. Um mistério que os próximos livros prometem revelar, mas a maneira como Scott Lynch insere esses momentos é com amargura e nostalgia.

Parte dessa simpatia, que temos por estes ladrões, se deve a maneira idealizada com que a história nos é contada. Afinal, quem poderia se afeiçoar a marginais? Qualquer um, se a maneira de contar fosse a adotada por Lynch, onde apenas os detalhes pitorescos são revelados. O golpe a que somos apresentados no livro, realizado pela gangue de Locke Lamora é contra gente rica, então fica uma coisa de “síndrome de Robin Hood”, como se roubar de ricos fosse menos mau. A polícia é corrupta, outro ponto a favor dos bandidos; o único que rouba de gente comum é Pulga, mas nesses momentos não há detalhes, ficando só no en passant. Eles são todos educados, falam várias línguas, são refinados, comem pratos complicados, mas todos vieram da miséria, o que “justifica” que possam ludibriar e prejudicar os outros. Atos violentos são praticados só pelas gangues rivais, então fica a sensação de que os Nobres Vigaristas são como “anjos vingadores do bem”, de alguma forma.

E para coroar, há o surgimento do real vilão da história: o Rei Cinza. Mas e o Capa Barsavi? Bem, ele é implacável, gosta de desmembrar os inimigos e não hesita em matar mulheres e crianças, quando precisa, mas como todo Chefão napolitano, é bonachão e afaga seus pezons como um pai austero. Barsavi não é, portanto o vilão. É só um engodo para atrair nossa atenção, um coadjuvante, enquanto ainda não conhecemos tudo a que o Rei Cinza veio.

Daí para frente o livro muda um pouco de andamento. A ação parece se intensificar. Personagens que havíamos começado a amar nos são tirados sem a mínima relutância, mostrando que G. R. R. Martin fez escola na sua técnica de foder sem piedade com suas criações. O Rei Cinza tem planos para Locke Lamora, e o magérrimo anti-herói não tem segredos para o Falcoeiro, um Mago-Servidor, um feiticeiro que trabalha para o Rei Cinza. Um pouco mais de magia é então introduzida na história, que é muito fraca nos elementos fantásticos, no máximo uma low fantasy.

O Falcoeiro é o Darth Vader que faltava para a trama. Um capanga terrível e sanguinário, um assassino frio, alguém que não pode ser morto, pois se for, toda a guilda de magos-servidores virá atrás do responsável, e sua família inteira será passada a fio de espada. É muito interessante como até nisso, Scott Lynch foi beber nas tradições italianas das vendetas e do processo de unificação da Itália, com todo o sangue e as chacinas que transformaram as cidades estado italianas em “mares de sangue” (ops... spoiler do próximo volume? Pois esse é exatamente o título).

O Rei Cinza já entra causando. A maneira como os filhos do Capa são tratados, e depois, o confronto que tem com ele, pessoalmente, são emblemáticos. Vemos que estamos diante de um dos vilões mais filhos da puta da literatura fantástica. Ele tem algo da crueza de Glokta, dos romances de Joe Abercrombie. É um homem violento, inexorável, rancoroso, cheio até as tampas do desejo de vingança, quase um lunático que alcança a chance de se vingar do mundo. O escritor sabe como fazê-lo assim, pintando-o com as cores certas, mostrando o caminho que toma em suas decisões e os detalhes escabrosos que utiliza para se afirmar como o novo Capa. O Capa Raza, que daí por diante vai infernizar Locke e os seus. Não dá para imaginar como ele vai conseguir se livrar dessa sina. Locke está fodido!

Ah, sim, o livro tem muito palavrão. É o estilo de Scott Lynch de embarcar na onda italianizada de sua obra. Palavrões, violência explícita, o vil metal, ladroagem, pobreza e sangue no zóio.

O final do livro deixou um pouco a desejar quanto a identidade do Rei Cinza/ Capa Raza. Acho que Lynch poderia tê-lo introduzido mais cedo, como alguém comum na trama que no final se revelasse o vilão que agia às escondidas. Assim como aconteceu com o Aranha (muito bem feito). Deixou passar essa oportunidade de criar mais uma reviravolta, mas há outras pequenas falhas que acabaram por comprometer um tiquinho só a beleza da coisa toda. Há os fechos finais, com tudo sempre dando certo para Locke. Não que haja algum Deus Ex-Machina, não. Mas o papinho de Locke, sempre convencendo os demais personagens acaba sendo um pouco só forçado.

O confronto entre Locke e o Falcoeiro, no final é muito bom. Desejávamos ardentemente que o filho da mãe levasse o troco pelas atrocidades que cometeu, e Scott Lynch não nos decepciona. Há a catarse por todos os seus pecados, assim como ocorre como o Capa Raza, embora ache que ficou tudo certinho demais. Talvez o autor não devesse ter deixado tudo tão fechadinho. De certa forma, destoa um pouco do tom italiano adotado durante todo o texto. Mas nada que faça com que As Mentiras de Locke Lamora deixe de ser um dos melhores livros que li nos últimos tempos, capiche?

site: www.meninadabahia.com.br
Junior 07/06/2015minha estante
Tem um pouco de spoiler na sua resenha amigo, sinaliza pra alguem que não queira ver, não leia inocentemente. Mas ficou muito bem escrita, estou lendo o livro já cheguei beeem no final e se tivesse lido sua resenha antes, com certeza estaria bravo com você pelos spoilers kkk




Frederico80 02/12/2014

Simplesmente fantástico
Um livro que nos envolve do início ao fim. Se passa numa época imprecisa, num lugar fantasioso onde a luta pela sobrevivência é o tema central.
Com um toque de magia e fantasia, assuntos como amizade, fidelidade, mentiras vem à tona.
Sinceramente, é um livro para os fãs do estilo Harry Potter - como eu - que já cresceram (e resguardadas as proporções, óbvio).
Coloco esse livro na minha lista dos top 10 (conto as coleções como 1 livro) e o recomendo pra quem quiser ler. Não se arrependerão...
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Laís Helena 22/11/2014

Resenha do blog "Sonhos, Imaginação & Fantasia"
Locke Lamora foi, quando criança, um ladrão muito esperto — e cuja esperteza levou o Aliciador, dono de uma gangue de jovens ladrões, a vendê-lo para Padre Correntes, pois Lamora agia com imprudência. Padre Correntes era o sacerdote da Casa de Perelandro, que em devoção a seu deus arrancou os próprios olhos e se prendeu com correntes ao templo, e desde então passa o dia pedindo esmolas. Porém, Locke descobre que Correntes não é cego e tampouco precisa ficar preso o dia todo. Ele é na verdade um dos Nobres Vigaristas, uma gangue de ladrões que tem como objetivo roubar dos ricos. E a partir deste dia Lamora será também um Nobre Vigarista, treinado de modo a ser capaz de assumir qualquer tipo de disfarce para aplicar golpes nos nobres de Camorr.

Os anos passaram, Lamora e os demais garotos se tornaram homens e estão prestes a aplicar mais um de seus engenhosos golpes, desta vez tendo como vítima o nobre Dom Salvara. Porém, em meio à execução de mais esse golpe, coisas estranhas começam a acontecer. Líderes de outras gangues de ladrões começam a ser assassinados, e fala-se em um misterioso Rei Cinza, que parece oferecer perigo tanto para os ladrões quanto para os nobres.

A trama se desenvolve em cima dessa premissa e foi muito bem trabalhada. A narrativa em terceira pessoa se alterna entre o que ocorre no presente e acontecimentos passados, estes explicando os personagens e os propósitos dos Nobres Vigaristas. Os golpes de Locke Lamora são muito bem planejados, e seus disfarces e atuações impecáveis. Há diversas reviravoltas, e o estilo de escrita do autor prende do início ao fim, detalhando as cenas de modo que pareçam mais reais e emocionantes e ao mesmo tempo sem torná-las lentas e arrastadas.

Os personagens, em especial os Nobres Vigaristas, foram muito bem trabalhados e são todos muito cativantes. No caso dos membros da gangue, o autor soube equilibrar muito bem seus momentos não muito honestos com os sentimentos de amizade que nutrem um pelo outro, fazendo com que parecessem bastante naturais. Cheguei até mesmo a gostar de alguns dos antagonistas, como Sophia e Lorenzo Salvara, pois mesmo que não fossem o foco da história suas personalidades foram bem trabalhadas e ficaram claras para o leitor.

No final o livro se torna mais frenético e ainda mais difícil de largar; o autor não teve receio de colocar seus personagens em situações horríveis e em nenhum momento estas situações foram resolvidas de maneira fácil demais ou inverossímil. Sua conclusão é satisfatória e deixou tudo muito bem explicado; apesar de fazer parte de uma série, a premissa se encerra dentro do próprio livro, de forma que não é necessário ler o restante da saga se não quiser (mas eu o desafio a não buscar os próximos volumes).

Este livro foi provavelmente a minha maior surpresa literária do ano; eu o comprei conhecendo-o somente pela sinopse e pelos comentários positivos que li na internet, e mesmo pressentindo que iria gostar, acabei me surpreendendo. Recomendo fortemente.

site: http://contosdemisterioeterror.blogspot.com.br/2014/10/resenha24.html
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Cristina Henriques 16/11/2014

Série Nobres Vigaristas - Livro 01

“O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula. Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas. O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver.
Camorr é uma cidade dividida entre a rica nobreza que vive em suntuosas chácaras e as gangues de ladrões que coalham as ruas. Para estabelecer a ordem, é ¬firmado um acordo entre os dois maiores governadores, intitulado a Paz Secreta, para proibir que qualquer um da elite seja roubado. Só que os Nobres Vigaristas não gostam de seguir as regras. Liderados pelo Padre Correntes, seus integrantes são treinados para se in¬filtrar entre os nobres e dar golpes desconcertantes, sem o conhecimento de seus superiores. Ao receber um novo órfão para cuidar, o sacerdote enxerga nele um potencial enorme para a vida no submundo. Com apenas 5 anos, Locke Lamora já conseguiu feitos que ladrões bem mais experientes ainda não alcançaram. Arduamente preparado para a carreira na pilantragem, ele se torna o líder da gangue e dá prosseguimento às elaboradas armações que ¬fizeram sua fortuna, sempre se valendo do humor e da audácia. Porém uma série de mortes aterroriza os ladrões de Camorr. Elas são atribuídas ao sanguinário e ambicioso Rei Cinza, que visa derrubar o ma¬fioso Capa Barsavi e eliminar qualquer um que tente impedir sua escalada de poder – especialmente uma gangue que já conseguiu ludibriar toda a cidade. De repente, o grupo de Locke se vê ameaçado por um rival que parece ser indestrutível e saber tudo sobre suas vidas. Mais do que nunca, Locke Lamora precisa pôr em ação suas mentiras para que nenhum deles morra. Com uma trama recheada de reviravoltas imprevisíveis, Scott Lynch constrói personagens incríveis e um cenário fascinante que mergulham o leitor em um mundo fantástico e inesquecível.”


“– Eu só roubo porque minha querida família precisa do dinheiro para viver!
Locke Lamora fez essa afirmação com o copo de vinho erguido bem alto. Ele e os outros Nobres Vigaristas estavam sentados em volta da velha mesa de madeira-bruxa no opulento refúgio situado sob a Casa de Perelandro: Calo e Galdo à sua direita, Jean e Pulga à sua esquerda. Sobre o móvel estava disposta uma profusão de comida e o lustre celestial pendia do teto com sua conhecida luz dourada. Os outros puseram-se a vaiar e entoaram em coro:
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque este mundo cruel não permite que eu tenha um trabalho justo! – exclamou Calo, erguendo o próprio copo.
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque tenho que sustentar meu pobre irmão preguiçoso, cuja indolência partiu o coração de nossa mãe! – Galdo deu uma cotovelada em Calo.
– Mentiroso!
– Eu só roubo porque estou convivendo temporariamente com maus elementos – disse Jean.
– Mentiroso!
Por fim, o ritual chegou a Pulga, que ergueu o copo com um leve tremor e berrou:
– Eu só roubo porque é muito divertido, porra!
– VIGARISTA!”

Um livro maravilhoso, inesquecível. Original, divertido, imprevisível, surpreendente! Já é um dos meus livros favoritos.
O melhor livro de aventura e fantasia que li este ano. O autor foi incrível ao criar os Nobres Vigaristas. Já virei sua fã e juro solenemente ler tudo que ele publicar, amém!
Locke é demais! Sua inteligência, humor, coragem, caráter, tudo é perfeito! As aventuras que ele cria e as reviravoltas na história, me deixaram com um riso no rosto e aquele sentimento de “E agora? Não, não pode ser! Puta que pariu!” Foi muito, muito bom!
Na verdade, não existe um personagem principal, não é só Locke Lamora, ele é um dos maiores trapaceiros, vigaristas e ladrão de coração mole que já vi, mas não podemos esquecer de seus comparsas: Jean Tannen, os irmãos Calo e Galdo, e o aprendiz Pulga, todos bem orientados pelo Sacerdote Cego da Casa de Perelandro, Padre Correntes, seu menor - talvez o maior vigarista de todos.
Além desses, todos os outros personagens deixam sua marca: o Aliciador, a surpreendente Dona Vorchenza, o temido Capa Barsavi e seus filhos e capangas, os Meia-Noites, os atrapalhados Casaca-Amarelas e o quase invencível Rei Cinza e seu mago-servidor, Falcoeiro. Isso só para citar os mais relevantes mas todos são importantes na história.

A série Nobres Vigaristas será composta por 6 livros e eu lerei todos!
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neo 19/10/2014

Eu estava meio apreensiva de ler As Mentiras de Locke Lamora justamente porque ouvi falar muito, muito bem dessa obra e desse autor, e de uns tempos para cá, como quem acompanha o blog já sabe, venho me decepcionando bastante com livros bem afamados. As Mentiras de Locke Lamora, porém, conseguiu cumprir seu papel para mim; foi uma leitura divertida e original que certamente merece a fama que tem. Não vai entrar no meu top 5 de livros de fantasia apenas porque não é meu tipo de fantasia (estou nesse gênero pela alta, sabe), mas com certeza está entre minhas leituras favoritas do ano.


O que realmente se destacou nesse livro para mim foi o worldbuilding. A cidade onde se passa a história, Camorr, foi tão bem construída e descrita pelo autor que deu para se sentir nela durante toda a história. Ela (e as cidades próximas) é inspirada na Itália do século XV ou XVI, lá pela época da Renascença, e essa inovação foi mais do que bem vinda para mim, que já ando meio de saco cheio de histórias que se passam apenas na Europa medieval. Camorr lembra bastante Veneza, já que é uma cidade divida em ilhas e cheia de rios, e eu adorei o modo com que o autor praticamente deu uma personalidade para a cidade. Foi um aspecto que me divertiu bastante durante a leitura.

Outra coisa da qual gostei bastante foi a escrita. Vivo dizendo isso, mas até mesmo a história mais cliché e sem sal ganha vida se tiver uma boa escrita, do mesmo modo que uma história original e bem construída morre ao ser mesclada com uma escrita ruim. Felizmente para Scott Lynch, a história dele já era boa, mas sua escrita foi o que me conquistou de vez. A única coisa que me incomodou nesse sentido foram os infodumps que aconteciam de vez em quando sempre que um novo local era apresentado ao leitor, o que, lá pela décima vez que isso aconteceu, já estava me enchendo o saco. Mas fora isso a escrita é perfeita, e um alívio. Esse ano li fantasia com escrita pobre para uma vida inteira.

Gostei bastante também do fato de que Locke e seus Nobres Vigaristas não roubam para sobreviver, e sim porque acham divertido. Vejo muitos autores sempre justificando seus protagonistas ladrões, e apesar de justificativas existirem em situações assim, depois de um tempo fica chato ler o tempo todo sobre ladrões com peso na consciência. Os Nobres Vigaristas são, bem, vigaristas, como o próprio nome diz. Eles não roubam pelo resultado final, para conseguir o dinheiro, e sim pelo próprio ato de roubar, o que tornou tudo bem mais divertido de se ler. Vários momentos são engraçados e isso dá uma leveza para história, que em alguns momentos fica mais ou menos pesada.

O que me impediu de dar cinco estrelas para As Mentiras de Locke Lamora pode ser dividido em dois tópicos. Primeiro, eu gostei dos personagens (quando certa coisa aconteceu com certos personagens fiquei meio :| e foi aí que percebi que, surpresa!, eu até que gosto deles), mas não consegui me conectar de verdade com nenhum. Gosto de livros que me fazem sentir mesmo, e com As Mentiras de Locke Lamora eu só me vi meio aborrecida quando algo de ruim acontecia com alguém. O Locke, por exemplo, apanha que nem um condenado e sofre bastante, mas enquanto tudo isso acontecia eu estava pensando "ah, velho, que ruim" e "não cacete, isso não pode está acontecendo". Saca a diferença?

Segundo, o início é muito, muito lento. Tipo, é divertido, mas não é aquele tipo de divertido que faz com que você queira continuar lendo sem parar até a última página. Isso só aconteceu mesmo lá para depois da metade do livro, quando as coisas realmente ficaram interessantes, mas o início, meu Jesus, anda a passo de tartaruga, e olha que geralmente não me incomodo com livros lentos. Então se você começar a ler e achar que não tem muita coisa acontecendo, espere um pouco que te garanto que depois fica melhor. Mas, mesmo assim, é um defeito.

Pretendo continuar com a série, mas acho que vai demorar até eu pegar o segundo livro, Mares de Sangue, para ler. Tem muita série para iniciar antes de eu voltar para o mundo de Locke Lamora, mas eu retornarei (um dia). Recomendo para quem gosta de uma fantasia sem muitos aspectos fantasiosos, leve e divertida. É uma leitura que vale a pena.

site: http://lynxvlaurent.blogspot.com.br/
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Vagner46 11/10/2014

Desbravando As Mentiras de Locke Lamora
Ah, esse livro. Prepare-se para dar muitas risadas, desbravador, pois se você entrar no mundo de Locke Lamora será difícil sair. Scott Lynch nos brinda com uma história bem humorada, intrigante e que só faz nossa expectativa aumentar a cada capítulo. Dizer que As Mentiras de Locke Lamora é uma das grandes leituras do ano parece pouco perto da diversão que é desbravar todo esse livro e da tristeza que é ler a última página sabendo que o livro acabou.

Nessa obra somos apresentados a Locke Lamora, um pirralho infernal que só apronta confusão no lugar onde mora com outras muitas crianças, o Morro das Sombras. Vendo que ele possui um "dom" especial para esse tipo de situação, o responsável pelo local, chamado Aliciador, resolve vendê-lo para o padre Correntes, figura emblemática do livro e que você com certeza vai aprender a gostar. O que Locke ainda não sabia é que esse padre comandava os Nobres Vigaristas, ladrões de Camorr que roubam dos ricos e acumulam fortunas para eles próprios, vivendo no conforto abaixo da igreja de Perelandro.

"Nós temos um ditado: a boa sorte imerecida esconde sempre uma armadilha."

Não posso esquecer de falar do cenário: Camorr é uma cidade medieval com aquele toque clássico de Veneza, cheia de rios cortando os bairros e com o mar rodeando a cidade. O que gostei disso é que tudo parece extremamente real e palpável, nada é inventado e diferente do que vemos hoje, e assim podemos nos imaginar perfeitamente no meio do cenário.

Locke conhece então seus novos companheiros vigaristas Calo e Galdo (dois irmãos gêmos) e posteriormente Pulga e Jean, as últimas aquisições do padre. Todos têm uma habilidade especial que os diferencia na gangue e os fazem ser importantes nas missões, pois precisam aprender a trabalhar em equipe e engordar os cofres dos Nobres Vigaristas. Desbravador, eu preciso lhe falar novamente: você vai rir MUITO com as trapalhadas dessa gurizada e dos diálogos sarcásticos do livro! Cada capítulo traz uma pérola e fica difícil não gostar de uma história que te divirta tanto. Seguem alguns exemplos:

"Não, ser prudente não era uma alternativa. Pulga precisava vencer. Aquela pilha de lixo bem ali tornava possível uma grande e gloriosa estupidez."

"- Eu só roubo porque é muito divertido, porra!
- VIGARISTA"

"- Pensei que Graumann estivesse de folga durante essa parte.
- E está. - Locke gesticulou com impaciência para as costas do gibão. - Preciso dos serviços da mais feia costureira de Camorr.
- Galo está ajudando Pulga a lavar a louça.
- Vá pegar suas agulhas, quatro-olhos."

"- Grande consolo. Se consolos aliviassem a dor, ninguém se daria o trabalho de pisar uvas."

Scott Lynch resolveu dividir esse livro em vários capítulos para narrar a história atual de Locke Lamora e, entre esses capítulos, sempre há um interlúdio contando a infância do protagonista e de seus companheiros, como eles cresceram e foram parar onde estão, o que Locke fez para se tornar o líder dos Nobres Vigaristas, entre outras coisas, mas sempre retratando acontecimentos do passado e a história de Camorr. Esses interlúdios acabam quebrando um pouco o ritmo da história, mas todos eles são igualmente importantes por esclarecem fatos e nós entendermos a motivação de alguns atos dos nossos personagens.

Vivendo do roubo e das confusões que aprontam e escondendo os roubos maiores dos olhares de Capa Barsavi, o homem que controla todos os ladrões de Camorr, a gangue vai crescendo e prosperando sem ninguém saber.

Na história atual, Locke (com uma idade próxima dos 27-28 anos, ninguém sabe) e seus companheiros planejam roubar Dom Lorenzo Salvara, um importante nobre da cidade de Camorr e que possui uma grande fortuna. Você, desbravador, irá literalmente pirar acompanhando o golpe dos Nobres Vigaristas e tentando entender a sequência dos acontecimentos, pois o autor resolveu INVERTER a ordem dos acontecimentos durante o golpe e o resultado foi muito bom! Preste atenção a cada detalhe, tudo fará sentido depois de um tempo.

Porém, certo dia, um certo Rei Cinza ronda Camorr e começa a assassinar líderes de gangues em toda a cidade, causando apreensão em todos que vivem lá e botando em perigo pessoas importantes como Capa Barsavi e, por que não, os Nobres Vigaristas. E isso sem falar que esse assassino possui a ajuda de um Mago-Servidor, também conhecido como Falcoeiro, um homem com poderes especiais e dono de um falcão mais perigoso que o próprio dono praticamente (haha).

Toda a trama dá uma guinada gigantesca depois que o Rei Cinza aparece e começa a cometer seus crimes que você dificilmente irá fazer outra coisa que não seja ler e ler e ler mais um pouco para descobrir o que acontece. Todos os seus atos são explicados no final do livro e eu jamais iria dar um spoiler tão gigante sobre isso e estragar a vida do leitor do blog. Leia e descubra, vale a pena!

Eu não encaixaria muito As Mentiras de Locke Lamora no gênero fantasia por haver pouquíssimos elementos fantásticos na história e eles não serem TÃO importantes assim para a trama, tirando algumas poucas partes onde o Mago-Servidor aparece. Diria que "Aventura épica" seria o mais apropriado para isso, mas é somente um detalhe que eu quis comentar.

A série Nobres Vigaristas será composta por 7 livros + 1 com dois contos e todos os livros são "independentes" entre si, ou seja, você não precisa ler o 1º para ler o 2º e assim por diante, sendo que nesse primeiro livro os desdobramentos iniciais se finalizam e no segundo a história já começa em um local totalmente diferente. Porém, como normalmente acontece em séries assim, o ideal é sempre ler na ordem, até para se ter um conhecimento maior dos personagens e seguir a sequência.

Se você procura por um livro instigante, cheio de reviravoltas e com protagonistas hilários e muito divertidos, pare na livraria mais próxima da sua casa e procure por esse livro, trazido ao Brasil pela editora Arqueiro. A chance de você se arrepender é zero!

site: http://desbravandolivros.blogspot.com.br/2014/10/resenha-as-mentiras-de-locke-lamora.html
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Henrique 30/09/2014

Mentir nunca foi tão épico. (SEM spoiler)
Esse livro me fez chegar à seguinte conclusão: Se o Martin morrer, temos um substituto mais que à altura para seguir publicando Livros de fantasia com L's maiúsculos. E, fazendo minhas as palavras do Patrick Rothfuss, um dos melhores livros que li em minha vida.

Sempre que um autor de fantasia deixar sua originalidade fluir, teremos algo que merece nossa atenção. Mas, quando um autor, além de original, tem domínio sobre as palavras e uma mente dotada de toda sorte de inteligências, teremos algo como As Mentiras de Locke Lamora (cara, que livro bom!). Agora, vamos aos porquês...

Originalidade (um artigo raro na fantasia atual)

Scott Lynch teve seu primeiro livro publicado em 2005 e hoje sua tradução chega ao Brasil pela Arqueiro, uma editora que tem feito ótimas escolhas em termos de publicações e que se dedica apenas à literatura fantástica (louvemos a Tolkien!!) Não me admiro nem um pouco ao descobrir que o autor recebeu o prêmio de Melhor Revelação do British Fantasy Award e foi finalista do World Fantasy Award com As mentiras de Locke Lamora ou que a série dos Nobres Vigaristas já foi vendida para 28 países e já tem os direitos comprados para adaptação cinematográfica (que nunca poderá atingir a grandeza desse livro incrível) pela Warner Brothers.

Mas, como só números não são sinônimos de qualidade, vamos ao que mais importa: as impressões que essa leitura deixou em mim.

As Mentiras de Locke Lamora é uma raridade por várias razões e uma delas (a mais importante) é a originalidade, é a ausência de mais do mesmo, é a novidade, o incomum, é a maravilha de ter em mãos algo que foi fruto de um trabalho muito bem feito, obrigado! E sim, eu preciso elogiar esse livro e preciso fazer isso de diversas maneiras, pois há muito para ser elogiado. Temos uma escrita original, personagens originais e um cenário tão fod* de tão original e que venham mais Scott Lynch para o Brasil (um beijo na testa para a SdE!)
Se você está à procura de um universo novo ou reclamando por ainda não ter saído o sexto livro do Martin, vai no Lynch e corra o risco de mudar a posição de seus favoritos.

A Escrita

Na primeira página fiz duas marcações (DUAS!) e na segunda página fiz mais uma e assim foi durante toda a leitura. A escrita do Lynch é inteligente, seus personagens dão vida à diálogos que transbordam e fervilham de ironia, sarcasmo e perspicácia. Durante toda a leitura me peguei rindo e, em alguns casos, estarrecido, tal é a capacidade que o autor possui de criar comparações e frases de sabedoria e sempre mantendo o humor. Portanto, rir e se divertir também são elementos que posso garantir para os leitores de Lamora.

Gostaria de falar oceanos sobre a belezura que é a escrita do autor, mas vou guardar para mim e quem quiser descobrir que vá ler o livro. U,U

A Trama

Também estão garantidos, sem sombra de dúvida alguma, a imprevisibilidade, as reviravoltas e sangue, bastante sangue, sangue para fazer correr rios e mentiras para formar oceanos. Mentiras épicas!

O autor cumpre o papel que deve ser exercido por toda alma que decide escrever fantasia ou ficção fantástica, isto é, prender o leitor, fazer o leitor desejar, mais do que qualquer outra coisa, voltar para as páginas do livro, para seus diálogos, seus personagens, seu universo, fazê-lo perder o sono e ignorar a fome para ler só mais um capítulo. E falando em capítulos...

Um convite para expandir a memória

A forma como os capítulos do livro são distribuídos é mais um sinal de uma mente inteligente por trás da obra. Essa distribuição possui seu grau de complexidade, ao qual me habituei sem demora. No livro nós temos os capítulos, que vão abordar um trama específica, ou seja, uma série de acontecimentos menores, que vão estabelecendo bastante tensão, dentro de uma trama maior que nos conduz ao clímax. Temos os interlúdios, onde se estabelece a alternância, que é uma técnica narrativa que consiste em contar duas ou mais histórias de maneira intercalada, de forma que ora se narra uma ora outra. E a anacronia, que é um recurso narrativo que consiste na alteração da ordem cronológica linear. Isso é um convite irrecusável para expandir a memória. (Amém)

Cada capítulo possui subcapítulos que, na maioria dos casos, são uma mudança de foco sobre os eventos ou personagens. Enfim, são peculiaridades que podem exigir do leitor menos experiente uma dose de pera um pouco para armazenar e organizar a dinâmica entre os capítulos, subcapítulos e interlúdios, para que não ocorra confusão. (Quem já leu O Nome do Vento e O Temor do Sábio estará habituado).

É cientificamente comprovado que, ao tentar lembrar-se da história que ocorreu em um tempo distinto do tempo em que ocorre uma outra história que é intercalada à leitura, o espaço para novas memórias se amplia e como resultado, temos vaga sobrando para que novos conhecimentos instalem-se bem confortados

Verosimilhança

A verossimilhança, que é muito importante em um livro de fantasia adulto e que está intimamente relacionada com os eventos que se desenrolam, é responsável por atribuir à história um caráter, digamos, próximo da realidade, do que é real, do que é possível de acontecer. Um forte e atual exemplo é "As Crônicas de Gelo e Fogo", com um sistema de governo convincente, personagens humanos e um mundo ou universo regidos por leis com aspecto coerentes, sem recorrer ao Deus ex machina, que podemos reservar para os infanto-juvenis.

Em Camorr, cidade onde o enredo da história se desmancha, temos uma divisão de classes bastante interessante, apesar de diferente, mas que poderia ocorrer em qualquer finalzinho de século V XV, período da Idade Média. O sistema de magia também é bastante peculiar e, possivelmente, é fruto das experiências de Lynch com RPG.

Por fim...

... aguardo ansiosamente o livro 2, Marés de Sangue. Apesar de ser uma série, temos um livro 1 com uma história que possui início, meio e fim, sem deixar ganchos para um outro livro, exceto os próprios protagonistas que, sem dúvida, são um convite e tanto para continuarmos seguindo seus passos. Eu altamente recomendo As Mentiras de Locke Lamora.

site: http://pilulasliterarias.blogspot.com.br/2014/03/resenha-as-mentiras-de-locke-lamora-de.html
Biju 02/04/2014minha estante
Já estava louca para ler esse livro, agora então... me deu vontade de largar tudo e comprá-lo. Parabéns pela resenha Henrique! Deu para sentir o quanto você gostou do livro. :)


sagonTHX 27/09/2014minha estante
Henrique, concordo contigo em tudo. Eu ia por uma resenha aqui falando bem desse livro, mas, diante da sua resenha nota 10, onde vc já diz tudo e um pouco mais do que eu pretendia dizer, prefiro apenas elogiar e acrescentar que o livro, de fato e tudo isso que você diz e muito, muito mais. É o melhor livro de fantasia que li esse ano, e olha que eu já tinha dito isso do Espada de Shannara. E como você, tb aguardo ansiosamente o segundo livro da série.


Thiago Martins 28/09/2014minha estante
Nossa o livro está com um preço bacana, você me convenceu a comprá-lo rs


Carol 30/09/2014minha estante
Nossa, sua resenha é maravilhosa, me deu mais vontade de ler do que quando li a sinopse...


Cleiton 30/09/2014minha estante
Não sei o que é melhor, se é o livro ou se é a sua resenha! Parabéns!


Ed 22/11/2016minha estante
Estou lendo e gostando muito mesmo. Amei sua resenha.. Perfeita.
E que capa é essa minha gente! Maravilhosa.


Barbara.Duarte 01/12/2017minha estante
Porra!!!!!! Que resenha, comecei a ler e estava curiosa para ver o que as pessoas achavam da obra, mas nem vou ler outra, vou para casa ler meu livro depois dessa! Kkkkk


Matteo 15/12/2017minha estante
Ótima resenha! Estou de olho nele faz um tempo, pois terminei os livros de Patrick Rothfuss e estava à procura de obras inteligentes como tal. Tinha receio de adquirir As Mentiras de Locke Lamora, mas agora minha vontade aumentou e ele será o próximo da lista de compras (sim, porque de leitura ainda tenho muitos rsrs).


Pedrinho 22/01/2021minha estante
Parabéns monstro... Quanto talento em uma resenha


Gabriel 21/05/2021minha estante
Cara, tem 7 anos que vc fez essa resenha, talvez nem use mais o skoob, mas eu precisava passar aqui pra te agradecer. Eu já estava querendo ler esse livro, e então passei aqui pra ver as resenhas, a sua resenha em particular foi tão apaixonante em relação ao livro que foi a única que li. Comprei o livro e devorei, e devo concordar um dos melhores livros que li na minha vida. Mais uma vez obrigado


Henrique 28/10/2021minha estante
Que bom que gostou, Gabriel. Faz alguns anos que não uso o Skoob. Retornar e perceber que um texto que escrevi há a tanto tempo ainda ecoa em outros leitores me deixa muito assombrado (no bom sentido). Sigamos lendo ?


Heloise 18/11/2021minha estante
Concordo com tudinho que você disse. Foi uma resenha perfeita!


Gabriela.Bertuci 24/01/2022minha estante
O livro é realmente fantástico. A resenha do henriquemagalhaes resume bem os diversos aspectos que tornam a obra essa grande surpresa. Não ha nada melhor, quando se é um leitor assíduo, do que se deparar com um livro criativo como este. As vezes passamos meses sem ler nada nesse nível. É empolgante. Um livro que inquieta a mente e traz a mais pura alegria de viajar/viver uma aventura nova através do presente que é a literatura fantástica.




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