spoiler visualizarRafa Centeno 25/04/2021
Sophie e Liv
Que história muito boa de ser lida. Como sempre, personagens bem reais com sensações e sentimentos descritos de uma forma que nós sentimos tudo junto com os personagens, bem característico da Jojo. Confesso que gostei muito mais da parte da Sophie do que da Liv. Nossa que mulher foi a Sophie, nem consigo descrever tão bem o quanto eu gostei dessa personagem. Toda a história dela, desde sua vida na França conhecendo seu marido, a parte que ela está na cidade natal com a família em seu hotel, até o trajeto depois que ela foi levada. Mas não posso deixar de comentar que fiquei bem traumatizada com o momento que ela foi para o alojamento do alemão, aquilo custou a deixar de ser vivo na minha imaginação. Acho que a história da Liv acabou não sendo tão boa pra mim, pq inevitavelmente eu acabei comparando com a da Sophie que é maravilhosa. Mas tb foi uma boa história e bem escrita. E a forma que as duas histórias se entrelaçam, em uma costura brilhante feita nada mais nada menos do que com o quadro com a imagem da Sophie, foi muito boa tb. Quando ainda não se sabia se o quadro era roubado ou não, eu fiquei me questionando se o que a Liv tava fazendo em querer brigar pra ficar com o quadro realmente não era algo errado. Acho que a comoção popular de simpatizantes, descendente e pessoas que viveram os saqueamentos (dentre outras barbaridades) de guerra me deixou meio dividida. Apesar de eu não concorda com as agressões psicológicas e físicas feitas por muitos contra ela, as vezes eu tinha a sensação de que ela realmente não estava fazendo algo certo, insistindo em ir pra justiça pelo quadro. Afinal, o certo seria não ficar com algo que foi usurpado, principalmente nas condições da guerra. Mas isso faz lembrar o quanto os personagens da Jojo são reais e as vezes a realidade não é tão "nítida" quanto ao que é certo ou errado fazer em algumas situações, as nunces acabam deixando as escolha mais difíceis de serem muito bem interpretadas, principalmente quando se tem apegos emocionais com o assunto. O que justifica todo o desenrolar da história da Liv. Mas gostei muito do livro como um todo. Como crítica negativa, que tb não sei se eu atribuiria a autora ou a tradução, seria o emprego de alguns termos racistas como a utilização, mais de uma vez, do termo "denegrindo" dentre outros. Tb me incomodou um pouco terem mostrado um mínimo de humanidade no Kommandant, como alguém educado e gentil com ela, principalmente alguém que "cumpriu" com sua palavra no trato que eles fizeram. Mas acho que é algo mais pessoal mesmo, ter esse outro lado de alguém que tb foi cruel e sem respeito com outros seres humanos. Mas acaba que a própria Sophie se surpreendia que o mesmo homem educado que conversava sobre artes, tb foi o que fuzilou outro homem no meio da rua. É um livro que eu super indico, mas já aviso que se vc é de se envolver muito com os sentimentos dos personagens, não é uma leitura leve.