A Invenção das Asas

A Invenção das Asas Sue Monk Kidd




Resenhas - A Invenção das Asas


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Gabriela Novaes 19/06/2020

A invenção das asas
A invenção das asas traz uma história sobre liberdade, amor e luta. Baseada na vida de uma das pioneiras na luta pelo direito da mulher e anti escravidão, Sarah Grincké, a autora criou ficção para contar a história de Sarah e uma criada que lhe foi dada aos 11 anos. Juntas as duas trilham os caminhos a que são destinadas e durante os próximos 35 anos lutam suas próprias lutas.
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Berta4 28/04/2020

Invenção das asas
Que livro sensacional, foi um livro totalmente diferente para mim, eu achei que não iria gostar, mas não poderia estar mais errada, é um livro fluido que apesar de abordar o tema escravidão, não nos deixa angustiados do começo ao fim, mas foi retratado de uma maneira maia leve, super indico a leitura vale muito a pena ler, e nos mostra o quanto somos privilegiados de nascermos em uma época que não se é comum a escravidão.
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Berta4 28/04/2020

Invenção das asas
Que livro sensacional, foi um livro totalmente diferente para mim, eu achei que não iria gostar, mas não poderia estar mais errada, é um livro fluido que apesar de abordar o tema escravidão, não nos deixa angustiados do começo ao fim, mas foi retratado de uma maneira maia leve, super indico a leitura vale muito a pena ler, e nos mostra o quanto somos privilegiados de nascermos em uma época que não se é comum a escravidão.
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Rebeka.Cirqueira 14/04/2020

A Invenção das Asas
Sarah Grimké é filha de uma família conservadora e escravocrata no sul dos EUA. Desde que Sarah presenciou, quando criança, uma escrava ser chicoteada, ela nunca mais foi a mesma. Mesmo criança, ela já tinha decidido lutar pela abolição se tornando uma futura jurista. No entanto, ao completar 11 anos, Sarah ganha de presente uma escrava de 10 anos que se chama Encrenca. Sarah começa a perceber que o "estilo de vida" sulista não será tão fácil de ser derrubado.
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Encrenca faz jus ao nome. Aos 10 anos, quando a sinhá decide que ela será a dama de companhia de Sarah Grimké, ninguém espera muito da garota. Porém, com o passar dos anos, em meio aos castigos e grilhões, Encrenca e Sarah criam uma relação até mesmo maior que a amizade. Juntas buscam a liberdade e uma igualdade que parece impossível.
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A Invenção das Asas narra um dos períodos mais cruéis da história da humanidade. A escravidão. A autora tem uma maneira tão poética e ao mesmo tempo fria de narração que faz a gente ficar com um bolo na garganta.
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Depois de concluir o livro, a autora disponibiliza algumas informações sobre a vida da Sarah Grimké e sua irmã Angelina Grimké que lutaram pela causa abolicionista, igualdade racial e igualdade de gênero. Saber que essas personagens realmente existiram me fez dar pulos de alegria.
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Enfim, esse livro é emocionante, dói e nos faz refletir sobre o passado e o presente que infelizmente ainda é marcado pela escravidão e o racismo.
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Ian.Luc 21/02/2020

Depre Books | Resenha
"[...] Sarah Grimké é a filha mais nova da família Grimké, e sonha em ser advogada e acabar com a escravidão. Encrenca é a uma escrava que sonha em ser livre. Ambos os sonhos parecem impossíveis no início do século XIX, mas, juntas, aprendem a torná-los possíveis.
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Desde que assisti "A Vida Secreta Das Abelhas" eu fiquei apaixonado pela história e já quis ler tudo de Sue Monk Kidd - e não me arrependi.
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Em "A Invenção Das Asas", baseado em fatos - as Grimké realmente existiram -, vemos como mentes revolucionárias surgem e lutam em meio a uma sociedade que as oprime e tenta, a todo custo, calar suas vozes. [...]"

- resenha compelta no Instagram @deprebooks -
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Bianca.Schunemann 04/02/2020

O livro aborda questões duras e complexas - tendo como pano de fundo a escravidão na América do Norte - porém a leitura é fluida e extremamente agradável.
É um livro sensível, sem pecar por excesso de sentimentalismo e clichês. A história é bem construída e os personagens são cheios de camadas, o que torna o enredo profundamente tocante.
O destaque, na minha opinião, vai para a alternância de pontos de vista durante os capítulos, trazendo tanto a perspectiva da personagem branca, quanto a da escrava. Além da relação entre elas, e todos os dilemas decorrentes da escravidão, fiquei bastante tocada com o vínculo construído entre as irmãs Sarah e Nina, assim como pela força dos seus ideais, tanto abolicionistas quanto feministas.
Deixo um dos trechos que mais me emocionou:
"Eu vi então o que não tinha visto antes, que eu era muito boa em detestar a escravidão no abstrato, nas massas anônimas e distantes, mas no concreto, na carne íntima da garota a meu lado, eu perdera a habilidade de sentir repulsa. Tinha me acostumado às particularidades do mal. Há uma mudez assustadora que habita o centro de todas as coisas indizíveis, e eu encontrei o caminho até ela" Sarah Grimké
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Fer 09/01/2020

Surpreendente e apaixonante
Ganhei esse livro e confesso que torci o nariz por não ser fã de romances. Mas trata-se de um livro forte, feminista, antiescravagista, antirracismo, que coloca sua heroína como uma mulher além do seu tempo. Amei. E amei mais ainda quando soube que era baseado em uma história real. Leiam até a última página.
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Avalon2 11/12/2019

Tocante
No início, eu não esperava gostar tanto desse livro como gostei. A autora sabe usar bem as palavras, passar direitinho a emoção, sem exagero, é simplesmente simples e bonito.

Ambientado no início do século XIX, você fica chocado com a forma natural que banalizam a escravidão.

Amei a história de verdade, apenas nao dei cinco estrelas porque, um pouco depois de 70% do livro, a leitura começa a ficar arrastada e os acontecimentos não têm muita emoção.

No início do livro me identificava demais com a Sarah: a diferente da família, a que tem sonhos e medo de ir atrás por insegurança. Mas, conforme fui lendo, minhas personagens favoritas se tornaram a Charlotte e a Nina.

A leitura vale super a pena!
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deborah.fernandes 01/09/2019

Inspirador.
Inspirador! Este livro inspira a todos, principalmente mulheres, a lutarem por suas opiniões, independente do que a sociedade diz. Recomendo! =)
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Natalia.Eiras 03/08/2019

Simplesmente sensacional!
Quando você pensa em um livro que aborde o tema da escravidão, você logo imagina um negro sendo açoitado em alguma plantação de algodão, ou coisa do tipo, certo?
Mas como viviam os escravos domésticos? E as mulheres dos escravocratas? Todas concordavam com o que seus maridos faziam nos campos com os negros?

Sarah Grimké não é uma menina comum. Apesar de ser filha de um poderoso juíz escravocrata, ela não consegue aceitar a escravidão. Em seu aniversário de 11 anos, sua mãe lhe entrega Hetty, uma mulatinha de apenas 10 anos, com uma fita lilás amarrada no pescoço, de presente, para que esta lhe sirva como dama de companhia.
Sarah, à principio, se recusa a aceitar a menina como presente, mas em uma época onde as mulheres não tinham o direito de se expressar livremente, os desejos de uma criança só poderiam ser ignorados.

É dessa forma que Hetty, ou melhor, Encrenca que é o nome verdadeiro dela, entra na vida da sinhazinha Sarah.
Uma amizade começa a surgir entre essas duas garotas distintas, e Sarah promete que fará o possível para libertar Encrenca. Mas como ela poderia fazer isso?
A única coisa que ela consegue imaginar é ensinar a escrava a ler, o que na época era um crime grave, pois um escravo que sabe ler pode se revoltar mais facilmente.
Ao longo das páginas deste livro iremos percorrer toda a história dessas duas meninas, tão diferentes na cor da pele e no status social, mas que indo contra todas as possibilidades acabaram formando uma amizade e procurando, cada uma a sua maneira, a própria liberdade.

"Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Pra você, é o contrário". Encrenca para Sarah


A história é narrada intercaladamente entre Encrenca e Sarah, com isso temos o ponto de vista de uma escrava doméstica e de uma sinhá abolicionista. Esse contra ponto é muito interessante, pois você acaba entrando na mente das duas personagens.

Quanto mais eu lia, mais eu gostava da Sarah e da forma como ela vem crescendo ao longo da história, passando de uma menininha que sofria com a gagueira, até uma verdadeira revolucionária.
Quanto a Encrenca, o que chama a atenção é a perspicácia dessa escrava, que mesmo sem uma instrução formal, conseguia se livrar de grandes encrencas (desde pequena ela faz jus ao nome que recebeu) e nunca se deixou abater pela condição que vive e pelos horrores da escravidão.
Outros personagens de muita importância fazem parte dessa história, tais como Angelina Grimké, a irmãzinha de Sarah, que assim como a irmã, tem o ideal abolicionista correndo nas veias. Porém, ela é um pouco mais audaciosa em relação a irmã mais velha. Juntas, elas irão formar uma equipe incansável em busca de seus objetivos.

Eu levei bastante tempo para ler este livro, mas não foi porque a história era chata ou monótona, mas sim porque eu não queria perder nenhum detalhe. A narrativa flui muito bem e a diagramação esta impecável.
Cheguei a ter este livro em mãos, e a capa é feita de uma material aveludado, o que confere maciez. Todas as vezes que eu peguei no livro eu tive que "acariciar" a capa. Hahahaha

Conforme você vai lendo, passa a entender o título do livro, pois é justamente o que as personagens tentam fazer ao longo da narrativa: construir e inventar asas para alçar a liberdade.

E quando eu cheguei no final, eis a minha surpresa. Nas notas da autora, eu descubro que Sarah Grimké existiu!!! E grande parte do que se passa no livro é verdade!!!

Assim que terminei eu precisei correr pro Google e pesquisar mais sobre essa mulher fascinante, e descobri que ela foi muito importante para a época. Não achei uma biografia dela em português, mas quem souber inglês pode ler aqui. Ou entrar no link da Wikipédia e mandar traduzir a página, mas esse link que compartilho é mais confiável do que a Wikipédia. rsrsrs

Se você não sabe inglês, aqui esta uma parte da nota da autora, onde ela explica quem foram Sarah e Angelina.
"Descobri que passava dirigindo pela casa não sinalizada das irmãs Grimké havia mais de uma década, sem saber que essas duas mulheres foram as primeiras agentes femininas abolicionistas e umas das primeiras entre as importantes pensadoras femininas americanas. Sarah foi a primeira mulher nos Estados Unidos a escrever um manifesto feminista abrangente, e Angelina foi a primeira mulher a falar diante de um conselho legislativo. No final da década de 1830, elas eram, possivelmente, as mais famosas, e também mais infames, mulheres das Américas..."

A autora ainda chama a atenção para o fato de ela desconhecer até então as irmãs Grimké (e nós também!), o que prova que "as conquistas das mulheres foram repetidamente apagadas da história."

Esse livro é uma aula de História, com um ponto de vista diferente do que estamos normalmente acostumados a ver e uma belíssima narrativa sobre amizade e liberdade. Vale muito à pena!
Eu tenho certeza que vocês irão se apaixonar por essas mulheres...


site: http://www.perdidanabiblioteca.com.br/2019/06/a-invencao-das-asas.html
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Miry 16/07/2019

Metade não vale a pena
Eu gostei muito da história pelos olhos da escrava. Achei incrível. Mas a parte da senhora branca, que apenas se lamentava, foi bastante chata. Ela era contra a escravidão, mas estava à procura de um marido tipo ???????
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Jessica820 24/04/2019

A INVENÇÃO DAS ASAS por @todolivroumahistoria
O livro conta a história de Sarah Grimké (uma Sinhá) e Hetty ENCRENCA Grinké (uma escrava). Sarah é de uma família escravocrata da alta sociedade de Charleston. No seu 11º aniversário ela é presenteada com uma escrava, Encrenca, de dez anos, que será sua dama de companhia.

A narrativa é tocante e surpreendente. A história é contada pelo ponto de vista das duas personagens principais e vai ao longo de seus anos seguintes.
Encrenca contando sempre sobre as dificuldades de ser escrava e querer ser livre e Sarah sobre ser contra a escravidão, estar em uma família difícil e ser mulher.

O livro me tocou de forma absurda.
A luta de Encrenca para sobreviver e não aceitar baixar a cabeça para tudo, lutar por um mundo melhor. A sua mamã que no meio de tudo ensina muito sobre sobreviver e fala sobre ela lutar para ter liberdade. E a trajetória da Sarah que é emocionante, ela uma mulher, quase sem voz, muitas vezes diminuída, que mesmo com tantas dificuldades ela consegue ganhar espaço e voz. A cumplicidade da irmã de Sarah, Nina, também é muito importante para a construção da história.

O livro tem um desfecho muito legal, ele trata bem a relação de Sarah e Encrenca. E quando a gente traz o livro para a realidade, entendemos ainda mais o quanto tudo aquilo foi ainda mais cruel.
O livro fala sobre, amor, lutar, liberdade, confiança, respeito e escravidão.

💕O que fez eu me apaixonar no livro (mais ainda), foi no final a autora contar pedaço por pedaço o que é ficção e o que não é. O livro é sim baseado na história de Sarah e Angelina Grimké, elas de fato lutaram pela abolição dos escravos e também foram defensora do movimento sufragistas das mulheres. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀


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Queria Estar Lendo 03/12/2018

Resenha: A Invenção das Asas
A Invensão das Asas é o terceiro livro de ficção da autora Sue Monk Kidd - mesma autora de A Vida Secreta das Abelhas e A Cadeira da Sereia - e publicado por aqui pela Editora Paralela, que nos cedeu uma cópia para a resenha. A história é uma novelização da vida real de Sarah Grimké, uma abolicionista do inicio do século XIX que lutou não só pelo fim da escravidão, mas pela igualdade racial e de gênero.

Aos 11 anos de idade, Sarah Grimké, a filha do meio de dez crianças de uma abastada e aristocrática família sulista, recebe como presente de aniversário Hetty "Encrenca", uma escrava de 10 anos. Horrorizada com isso, ela tenta recusar o presente de todas as formas, inclusive ao tentar alforriar a escrava, porém sem sucesso. É ali que Sarah descobre seu destino: fazer de tudo para tornar-se uma jurista e lutar contra a escravidão.

Hetty, que prefere ser chamada de Encrenca - o nome de berço que recebeu de sua mamã - não conhece nada do mundo além da casa dos Grimké e sua vida como escrava. Ao lado da mãe, Charlotte, Encrenca cresce como uma garota curiosa, escutando as histórias da mãe sobre a África e sobre como o povo negro costumava ter asas. Desde muito cedo, Encrenca sonha em ser livre.

"Se você precisa errar, erre pela audácia."

A história das duas garotas se entrelaça definitivamente ali, no aniversário de Sarah e, mesmo com os anos que se passam, a diferença entre a vida das duas mulheres fica cada vez mais discrepante, embora no íntimo ambas desejem o mesmo: a liberdade. Enquanto Encrenca é prisioneira de corpo, Sarah, com suas opiniões fortes, é escrava de mente.

Eu não achei que fosse gostar tanto de A Invenção das Asas como gostei, em especial da história de Encrenca e sua mãe. Por vezes me peguei revirando os olhos para a Sarah, preciso confessar. Como a própria Sue Monk Kidd revela no fim, ao falar da figura histórica, Sarah era reservada e tomava atitudes com uma lentidão bastante enervante para uma romancista, o que fez com que ela adiantasse alguns acontecimentos e também entregasse a Sarah alguns atos e falas que, na verdade, pertenceram a sua irmã, Angelina.

Aos 11 anos ela decide que quer ser jurista, como os irmãos mais velhos e o pai. Sarah é uma garota "peculiar" e, embora seu pai não incentive, nunca impediu seu desenvolvimento intelectual através das obras que ela retirava de sua biblioteca para ler ou dos debates que ele promovia entre a garota e seus irmãos a mesa de jantar. E é por isso que ela decide ser jurista, uma atitude que, quando toma conhecimento, seu pai faz questão de esmagar. Embora sempre tenha sentido o impeto de usar seu intelecto, Sarah acaba abaixando a cabeça para os costumes da época, almejando ao casamento e aos filhos e, quando isso não funciona, entregando-se a Deus em busca de um sentido na vida.

O que mais me irritou na personagem é que ela tomava uma decisão e com o primeiro não, com a primeira dificuldade, desistia. Então voltava a se relegar as atividades socialmente aceitáveis por um longo período, para só depois tentar novamente. A gente fica nesse vai e volta, nessa introspecção da forma como ela se sente e como gostaria de fazer tudo que tem vontade, e isso vai nos fazendo rolar os olhos com muita força.

"Naturalmente, eu sabia que não havia advogadas. Para uma mulher, nada existia além da esfera doméstica e aquelas florzinhas gravadas em caderno de arte. Uma mulher aspirar ser advogada - bem, possivelmente, seria o fim do mundo. Mas uma semente se tornava uma árvore, não?"

A narrativa é fluida, os capítulos são pequenos, então acaba sendo bem fácil de ler. A irritação fica total por conta da incapacidade da Sarah de se rebelar de forma consistente. Mesmo com os abusos em casa, ela se recusa a se impor, mesmo que por dentro esteja morrendo de vontade de fazer isso. Ela é muito passiva e permissiva, ela não age de fato. É uma pessoa para quem as coisas acontecem e que levou um tempão para começar a reagir. De fato, Sarah só toma as rédeas da própria vida e da sua militância em prol da abolição da escravidão, da igualdade racial e de gênero, quando sua irmã Angelina age.

Angelina é 12 anos mais nova que Sarah e, de acordo com a história real, a primeira mulher nos Estados Unidos a discursar na assembleia legislativa. Angelina foi criada pela visão de mundo de Sarah, mas com um fogo que a compele a, de fato, agir. E é apenas quando ela se vê livre das garras da mãe, reencontrando-se com a irmã mais velha, que Sarah finalmente começa a agir em direção ao seu futuro. É Angelina quem faz sua história acontecer, e até chegarmos nisso, passamos por muitos capítulos de Sarah lamentando-se por amores não correspondidos, pelo que sua vida poderia ter sido, pelo seu intelecto menosprezado e por seu desejo de ajudar Encrenca - embora nunca se imponha o suficiente para fazer isso.

"Mamã não queria o tecido, só queria criar confusão. Ela não podia ser livre e não podia dar na sinhá com uma bengala, mas podia pegar a seda dela. Você se rebela do jeito que pode."

Agora Encrenca já é outra história. Embora ela não seja exatamente uma figura histórica real, como tantas outras nesses livro, ela é baseada na escrava real, chamada Hetty, que Sarah recebeu de presente em seu aniversário de 11 anos, uma garota com a qual teve um forte laço de amizade na infância, mas que morreu cedo. Sue Monk Kidd, então, imaginou o que teria acontecido com Encrenca, coso ela não tivesse morrido, e nos entregou uma jovem mulher determinada, inteligente, habilidosa. Uma mulher que nunca se contentou com sua posição de escrava, que se rebelava como podia.

Quando eram crianças, Sarah ensinou Encrenca a ler e escrever e, como na época ensinar um escravo a ler e escrever era crime, ambas são punidas por isso quando descobertas. E é ali que Encrenca passa a compreender sua condição de escrava. Aos dez anos, ela não questionava. Ao lado de sua mãe, contentavam-se com os momentos juntas em seu quartinho, costurando suas colchas de retalhos e roubando doces quando a sinhá não estava olhando.

"Ninguém pode escrevê num livro quanto ocê vale."

Porém, com o conhecimento dos livros logo chega o conhecimento do mundo. Encrenca e Sarah tem uma relação de amizade que perdura por toda sua vida, e através dessa relação, fica muito claro a condição de escravidão e a visão que se tinha dos escravos na época. Encrenca sabe que é um ser humano como todos os outros, não tem nenhuma diferença entre ela e os brancos, e conforme vai conhecendo o mundo, recebendo punições e assistindo as pessoas que ama recebendo-as também, nasce um ódio dentro dela que a torna rebelde e ao mesmo tempo destemida. Inteligente pela forma como lida com as pessoas.

Eu nunca consegui me conectar muito bem com Sarah, e um dos motivos é pela forma como ela se lamentava pelos romances que não deram certo e pelos decretos do pai de que jamais poderia seguir em frente com sua intenção de tornar-se jurista. Ela age como se não tivesse opção nenhuma no mundo, embora pudesse enfrentar seus pais sim, caso o desejasse. Eu entendo que Sarah estava presa pelo machismo e pelo patriarcado, pela noção com a qual cresceu de obediência e tudo o mais, mas isso irrita muito quando do outro lado temos Encrenca, sendo punida pelos atos de Sarah. Assistindo a mãe ser punida por rebelar-se.

"Permanecer em silêncio em frente ao mal é, em si, uma das formas do mal."

A disparidade entre a existência das duas mulheres é tão grande que quando Sarah se lamentava por ter o acesso a biblioteca negado em um capítulo, no outro Encrenca, aos 11 anos, estava recebendo sua primeira chibatada. E não tem como eu lamentar pela Sarah ou achar isso tão importante quanto o sofrimento da Encrenca. Porque Sarah jamais seria punida daquela forma cruel por rebelar-se ou desafiar os pais e a sociedade.

Porém, preciso dizer que minha personagem preferida de todos foi Charlotte. A forma como ela se rebela, como engana a sinhá, como se arrisca alugando-se clandestinamente em busca de comprar a liberdade dela e da filha, como se relaciona com um negro livre que instiga nela ainda mais a ideia de que negros não são inferiores aos brancos. Charlotte cozinha dentro de si um ódio aos brancos que a escravizaram e uma reverência a sua mãe e as histórias dos negros de asas que a impulsiona a seguir em frente, sempre em frente, em busca de liberdade. Mas a bem da verdade, Charlotte nunca se deixou domar, aprisionaram seu corpo, mas nunca seu espírito e eu amei cada passo que ela deu nesse livro.

"Eu sempre quis a liberdade, mas nunca tive para onde ir nem como sair. Não importava mais. Queria liberdade mais do que respirar. A gente iria, em cima dos nossos caixões se precisasse. Foi assim que mamãe viveu a vida dela. Ela dizia, "cê tem que saber que lado da agulha vai sê, o que tá amarrado na linha ou o que fura o pano."

A Invenção das Asas é um livro curto, mas com uma narrativa que encanta e personagens verdadeiros. Um livro que não abranda o período da escravidão porque é uma parte "feia" da história, como alguns autores já fizeram - o que, honestamente, é o equivalente a chamar Hitler de "bobo" - e que traz relatos reais de quem lutou contra esse sistema que encontrava apoio mesmo dentro das igrejas.

"Eu era cautelosa, ela era intrépida. Eu pensava, ela agia. Eu acendia o fogo, ela o espalhava. E bem ali e para sempre, eu vi como as Moiras tinham sido espertas. Nina era uma asa, eu era outra."

É uma leitura que indico, apesar dos pesares, porque no fim os pontos positivos são muito maiores. A história de Encrenca, sua resiliência e luta, merece ser lida. A invenção de suas asas é uma história que deveria ser conhecida por mais pessoas, e a narrativa de Sue Monk Kidd é impecável ao fazê-lo.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2018/12/resenha-invencao-das-asas.html
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