As cidades invisíveis

As cidades invisíveis Italo Calvino




Resenhas - As Cidades Invisíveis


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Fernando Campos Kanigoski 02/05/2020

Descrições deliciosas de se ler e que muitas vezes nos faz questionar: se são cidades diferentes ou a mesma ao longo de diversos períodos do tempo. Ou até mesmo, por serem sempre nomes de cidades femininas, se não seriam descrições de mulheres que conheceu com suas características e personalidades materializadas.
Simplesmente fantástico.
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Pedro.Gondim 12/08/2023

Cidades humanas
?? Eu falo, falo - diz Marco ?, mas quem me ouve retém somente as palavras que deseja. Uma é a descrição do mundo à qual você empresta a sua bondosa atenção, outra é a que correrá os campanários de descarregadores e gondoleiros às margens do canal diante da minha casa no dia do meu retorno, outra ainda a que poderia ditar em idade avançada se fosse aprisionado por piratas genoveses e colocado aos ferros na mesma cela de um escriba de romances de aventuras. Quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido?. (p. 123)
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Andre.Pithon 25/03/2023

4.5

Cidades invisíveis foi um dos melhores livro do ano (empatado com Jade Legacy), o que é engraçado por que isso mal tem uma história. Marco Polo tá lá de boas falando com o imperador, e começa a descrever umas cidades. E é isso. Cidade, após cidade, após cidade. Parece o melhor arcabouço de prompts aleatórios para RPG, cada pequeno capítulo pintando as especificidades de uma cidade que não existe, ou que talvez exista por não ser imaginada, ou que talvez só sejam todas Veneza. Impossível saber, mas não é preciso saber.

Cada cidade é única, as vezes com elementos físicos inesperados, as vezes com uma cultura estranha, e quando mais o livro progride, mais exóticos e sobrenaturais elas vão se tornando, quebrando a fronteira entre vida e morte em alguns casos, outras atemporais, com Marco Polo descrevendo coisas que não viriam a ser inventadas por séculos. Ítalos Calvino faz um trabalho excelente de worldbuilding surrealista, cada cidade podendo ser facilmente expandida em um conto inteiro (ou um cenário de RPG, e é praí que vou roubar), misturando entrada filosóficas bonitas, prosa curta e direta, um estilo extremamente casual e poderoso.

Não tem muita narrativa, mas não precisa, o simples enganchar das cidades imaginárias construindo palacetes de imaginação. É uma obra atemporal, fácil de ler, que se encaixa perfeitamente como livro de cabeceira, para encaixar pequenas entradas imaginativas em momentos de calma, deixar a mente vagar, e permitir-se viajar pelo que não existe, e por isso existe.

Ítalo Calvino era um nome que sempre me assustou, e que jamais esperaria encontrar algo tão casual, aproximável, e absurdamente agradável de se ler. Não acho que vai demorar para eu explorar o restante do catálogo dele.
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Maria 27/01/2021

O livro é bem poético e cheio de metáforas, você precisa focar na leitura ou não entende muita coisa, mas é bem bonito tudo o que você pode descobrir e perceber nas entrelinhas, detalhes cotidianos que passam despercebidos.
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Mawkitas 02/01/2022

Lirismo
As cidades oníricas e fantásticas de Ítalo Calvino são conceituais, algo entre ideias e estados de espírito. São reais como poucas coisas, principalmente mais reais do que todas as coisas concretas em que se pode pôr as mãos.
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Toni 20/03/2012

Exercício de leveza
"As cidades invisíveis" será uma experiência diferente para cada leitor. Assim como o viajante experiente vê numa nova cidade todas as cidades em que já esteve, da mesma forma que todas as descrições são possíveis a partir de um único lugar, para onde cada palavra se volta ansiosa por reencontrar sua origem, "As cidades invisíveis" é um livro que contém todos os livros, ou ainda uma narrativa que parte de todas as narrativas, que se afasta e se perde delas, escrito às margens da memória. “Cada pessoa tem em mente uma cidade feita exclusivamente de diferenças, uma cidade sem figuras e sem formas, preenchida pelas cidades particulares”, de maneira análoga, cada leitor pode encontrar lá um exercício imaginativo ou um caderno de sonhos, uma proposta para o próximo milênio ou um diálogo dos mortos, um compêndio de ilusões, um labirinto de palavras, visões fantásticas, desvarios históricos, uma coisa ou outra, quiçá todas elas imbricadas. Certamente, encontrará um livro indefinível.

São narrativas imaginadas, ou que se imaginam narrarem, ou que são imaginadas narrando, ou que enfim narram imaginativamente diálogos entre o maior viajante de todos os tempos, Marco Polo, e o famoso imperador dos tártaros, Kublai Khan. O primeiro, viajante infinito, que através de símbolos e palavras é capaz de engendrar infinitas cidades para saciar a curiosidade de Khan; o segundo, soberano de um vasto império que sofre com os limites da idade avançada e a falta de limites do mundo, e busca lenitivo nas descrições de Polo que, entretanto, adverte: “jamais se deve confundir uma cidade com o discurso que a descreve”.

O discurso é, pois, o ponto de transcendência da obra, que tudo comporta e tudo olvida. Nele, imprimem-se os valores que Calvino considerou fundamentais à literatura do século XX, nas conferências que compõem as "Seis propostas para o próximo milênio". Escrito com a leveza de imagens sutis e abstrações emblemáticas, é rico em formas breves que denotam rapidez, "uma mensagem de imediatismo à força de pacientes e minuciosos ajustamentos". Traz, por meio da crença na exatidão, “um projeto de obra bem definido e calculado, a evocação de imagens visuais nítidas, incisivas e memoráveis e uma linguagem que seja a mais precisa possível”. "As cidades invisíveis" é, ainda, obra de visibilidade, ao mesmo tempo instrumento de saber e comunicação com a alma do mundo, uma vasta enciclopédia que revela a multiplicidade do mundo, e faz conhecer “as redes de conexões entre os fatos, entre as pessoas, entre as coisas do mundo”. Nele, “cada objeto mínimo é visto como o centro de uma rede de relações de que o escritor não consegue se esquivar, multiplicando os detalhes a ponto de suas descrições e divagações se tornarem infinitas. De qualquer ponto que parta, seu discurso se alarga de modo a compreender horizontes sempre mais vastos, e se pudesse desenvolver-se em todas as direções acabaria por abraçar o universo inteiro” (CALVINO, Seis Propostas...).

"As cidades invisíveis" revela uma compreensão da história do mundo como o espaço do potencial, “do hipotético, de tudo quanto não é, nem foi e talvez não seja, mas que poderia ter sido”. Um texto multíplice que bebe de várias fontes, desde as "Mil e uma noites" às metrópoles hollywoodianas, substituindo a unicidade pela coexistência de várias vozes e olhares sobre a realidade. Da mesma forma que muitas cidades, nesse livro de Calvino não se encontra o paliativo que uma narrativa com início meio e fim proporciona aos escapistas; pelo contrário, dele se aproveitam as respostas aos nossos anseios de habitantes inquietos em um mundo veloz, em busca de leveza, e que, como Kublai Khan, não dispõem mais de tempo para conhecer a própria amplitude.
Hélio Rosa 02/03/2018minha estante
Tua resenha expressa aquilo que eu gostaria de ter dito sobre Calvino, essa paciente afinação entre a mão e o olho, ajustando os ideais de uma possível literatura à arte de escrever.




Jean Bernard 23/11/2021

Ótimo livro, mal momento.
O livro é extremamente bom. Diálogos perspicazes e descrições das mais criativas e cativantes. Mas, com pouca atenção devido à agitação dos últimos meses, não consegui aproveitar a profundidade da leitura.
Livro para reler em outro momento.
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danilo 29/05/2012

As Cidades Invisíveis é um livro curto, porém complexo, e difícil de digerir. Não porque é um livro complicado, mas porque assim como o próprio Calvino diz no livro, é um livro pra ser lido com calma, como um viajante, um turista, que deslumbra cada paisagem em suas viagens. É um livro com vários contos curtos, de uma, uma página e meia em sua maioria, e cada conto deve ser absorvido suavemente.

Quando eu o li, cada página, cada adjetivo que Marco Polo dava pra cada cidade de nome exótico que ele visitava, eu me imaginava exatamente naquele mundo, deleitando cada possível status geográfico que Calvino escreveu. Pena que me roubaram e nunca pude terminar.
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pedro villar 13/11/2022

Obra-prima de Italo Calvino a respeito de memória, humanidade, e de como nossa relação com as coisas constroem mundos e cidades, tanto reais quanto imaginadas, mas sempre fruto de nossas experiências de vida.
E que tais cidades, por serem construções sociais, serão sempre subjetivas e múltiplas, dependendo de quem a descreve ou de como a enxergamos.


" o inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço."

Maravilhoso.
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e-zamprogno 02/01/2013

Não sintonizei
Uma série de descrições delirantes de cidades -como o título diz- invisíveis, intercaladas com diálogos entre Marco Polo e Kublai Khan.
Pode ser que minha sensibilidade para o tema não esteja à altura do autor, mas simplesmente não entendi nada. Ao colega Denis cheguei a escrever:

"Parece que não entendo direito o que o autor quis dizer e, quando acho que entendo, sempre fico com a impressão que aquilo poderia ser dito de outra forma... em outras palavras, se entendo o conteúdo, não entendo as razões."

denis.caldas 02/01/2013minha estante
Destarte, não fiquei curioso em ler... Tô querendo saber como é a Trilogia do Visconde... Um abraço Emerson!




Welma 15/07/2021

O encontro com a excepcional criatividade de Calvino é inspirador. Um livro para muitas releituras.
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Caroline Gurgel 19/01/2014

As eternas-sempre-atuais cidades de Calvino
Li As Cidades Invisíveis há quase dez anos na faculdade de Arquitetura e Urbanismo e, apesar de aqui e acolá lembrar-me de quão boa e intrigante fora sua leitura, jamais parei para relê-la. Recentemente, lendo As cidades de Papel, de John Green, tive vontade de reviver as tais fantasiosas cidades de Calvino e fiz a releitura. Não me entendam mal, John Green faz apenas uma leve crítica à superficialidade das cidades, de suas fachadas e seus habitantes, mas é um livro de ficção juvenil que em nada lembra Calvino.

O livro foi publicado em 1972, mas parece que suas histórias jamais se perderão no tempo e, por ser variável no imaginário de cada leitor e dar brechas a diversas interpretações, será sempre atual. Se há dez anos vi apenas cidades, hoje vi um pouco além e tento imaginar o que verei nas próximas vezes. Sim, é um livro para se reler e ser reinterpretado a cada vez, pois ele acompanha as mudanças das cidades tanto quanto nossas opiniões sobre elas.

Calvino apresenta suas cidades através do explorador Marco Polo, que, em conversas com o imperador mongol Kublai Khan, descreve 55 cidades pelas quais ele supostamente teria passado. As cidades têm nomes de mulheres e seus relatos são curtos e divididos em 11 partes: as cidades e o nome, as cidades e a memória (a que mais gosto!), as cidades e o desejo, as cidades e os símbolos, as cidades delgadas, as cidades e as trocas, as cidades e os olhos, as cidades e os mortos, as cidades ocultas e as cidades e o céu. Podem parecer tratar de distintas cidades, mas ao final é como se elas se completassem e se conectassem entre si.

Admito que algumas delas estão além do alcance de minha imaginação e não as entendi completamente nem consegui relacioná-las com as existentes de tão fantasiosas que são. Ou talvez esse seja o propósito, enxergar algo diferente, dependendo das circunstâncias, a cada leitura.

**

“Eu falo, falo, Marco diz, mas quem me ouve retém somente as palavras que deseja. Uma é a descrição do mundo à qual você empresta a sua bondosa atenção [...] Quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido”.

“Imagens memoráveis, uma vez postas em palavras, são apagadas”.
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Martony.Demes 15/07/2022

São cidades ou são seus sentimentos! Que livro legal! Esse Ítalo Calvino é genial!!!

Uma jornada por várias cidades e que na verdade é uma jornada pela mente e que cada um vai entender de forma diferente cada cidade, como é de fato nossa imaginação!
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cilia 19/09/2023

As cidades invisíveis
Achei um teor fantasioso mas ao mesmo tempo real, eu falava o tempo inteiro pra minha mãe, q eu sempre perturbo quando to lendo alguma coisa, como eu achava que na realidade italo calvino só era um grande amante e conhecedor de mulheres e decidiu expor isso nesse livro, porque não tem explicação todas as cidades terem nome de mulher e ser tão especificamente não focadas nas cidades em si, estruturas e enfim, mas parece que ele atribuía a cada cidade uma personalidade viva. Nossa eu não lembro perfeitamente das descrições, mas eu lembro que tem uma cidade chamada Maurília e eu falei com a minha mãe sobre como a cidade batia com a personalidade do meu pai, que por acaso se chama Maurílio. Fiz um trabalho na faculdade sobre Argia, que foi a minha favorita, modéstia parte, tomem o tempo de vocês lendo a descrição de Argia porque tem que pensar fora da caixa, pelo menos pra entender da maneira que eu entendi mais ou menos. Enfim, o livro é ótimo, o calvino é um deus, pronto, leiam.
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