Lina DC 01/04/2014"Enquanto eu te esquecia" é narrado em terceira pessoa que alterna o ponto de vista da história em três pessoas: Lucie, Grady e Helen.
O primeiro capítulo é o único que não tem o nome dos personagens no topo, isso porque é nesse primeiro capítulo que o leitor se depara com uma mulher com a água até os joelhos em meio a Baía de São Francisco. Essa mulher, que em breve descobrimos que é a Lucie Walker e tem 39 anos está em um pavilhão psiquiátrico e foi diagnosticada com um distúrbio raro, chamado de fuga dissociativa. Como estava sem identidade, ela terá que aguardar alguém identificá-la. E é nesse instante que conhecemos seu noivo Grady...
Lucie é uma personagem especial. A primeira impressão que temos é a da fragilidade dela, o que é esperado dado a sua situação. Ela vai aos poucos descobrindo o mundo novamente e percebendo que não era uma pessoa inteiramente feliz consigo mesmo.
Grady é um homem um pouco inseguro. Vemos um homem que tem uma baixa estima que se inicia na infância, sendo o único filho homem e o mais novo de um grupo de fortes mulheres. Durante a leitura é possível perceber que o relacionamento de ambos não era muito saudável e que Lucie tinha sérios problemas.
Além disso, ao voltar para casa os dois tem que se deparar com uma nova realidade: no momento são dois estranhos que não sabem nada um do outro e que moram juntos, estão noivos e deveriam dividir suas vidas.
"Ele sentiu o peso, o que estava por baixo, o silêncio, o esforço terrível. Havia muitas outras coisas acontecendo em sua vida para se importar com aquilo, com ele e com seus sentimentos. Precisava ser paciente, mas não sabia quanto tempo mais aguentaria". (p. 355)
Helen é a tia de Lucie. As duas estavam há anos sem se falar, pois Lucie foi embora e nunca mais olhou para trás. Helen é uma personagem que toca o leitor de uma maneira diferente, pois agora está pagando por alguns erros que cometeu e agora se vê sozinha, idosa e doente. A única distração que ela tem é trabalhar como voluntária no clube Tulalip de Meninos e Meninas.
A trama é delicada e tem a habilidade de fascinar o leitor desde o início, que fica se perguntando porque Lucie foi parar lá em São Francisco e por qual motivo ela teve a fuga dissociativa em primeiro lugar.
O enredo foi construído de forma magistral. Existem pequenas informações que vão sendo passadas em meio as conversas e eventos que dão pistas para se construir o final do livro.
Com personagens fortes e delicados ao mesmo tempo, que representam as inseguranças, anseios e buscas do indivíduo. O livro fala de relacionamentos, segundas chances e perdão.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um trabalho fantástico. A capa é linda, traz a sensação de fuga da Lucie e desperta a atenção.
"O que é amor, ela conjeturou, o que é lembrança? Onde é que os dois se intersectam e quando deixará de importar qual veio primeiro?" (p. 379)