Mel Blume 23/01/2019
Então, eu li
(pode ter spoiler, navegue por aí com cuidado).
Elizabeth Haynes escreveu um dos meus livros favoritos do mundo. Por causa de “No Escuro”, eu cheguei a “Restos Humanos”, quando tinha uns quinze ou dezesseis anos. Na época, comecei a ler o livro, mas pulei várias partes e deixei para lá. De cara dava para ver que não tinha a mesma coisa que tinha em “No Escuro”. Aquela vontade de continuar lendo e não parar nunca mais.
E, em parte, eu digo que a culpa é da Annabel e do Colin.
Vamos começar por Colin, que é um dos protagonistas e narra uma parte da história. Enquanto com Annabel eu ainda conseguia ler sem ficar entediada, sempre que Colin começava a tagarelar sobre qualquer coisa mórbida e falar mais uma vez sobre como ele gostava de coisas estranhas, decomposição e ajudar pessoas a se suicidarem, menos eu gostava do livro. Colin não conseguiu me fazer sentir curiosidade por ele, tentar entender aquela cabeça desmiolada, nem nada disso. Eu só queria que ele calasse a boca.
E daí tem Annabel. Jesus Cristo.
Cathy, em No Escuro, podia ser evasiva e super fechada, mas ela tinha um motivo para isso. Annabel não parece ter nenhum e, ainda assim, ela afasta, trata mal, é grossa, fria e mal-humorada com Sam (melhor personagem do livro) que faz de tudo, TUDO, para poder ajudá-la. Enquanto ela se assusta com as pessoas morrendo sozinhas, e se assusta ao pensar em se tornar uma dessas, Annabel faz um esforço consciente de afastar uma das únicas pessoas que se importam com ela o suficiente para ir até a casa dela saber se ela está bem (e, assim, salvar a sua vida). Em um ponto do livro, Annabel diz que odeia pessoas mal-humoradas. Meio hipócrita, né, amiga, já que você é um poço de mal humor andando por todo lado.
Queria que o livro tivesse sido narrado pelo Sam e a Kate, ao invés de Annabel e Colin. Os dois primeiros são umas das poucas pessoas com traços de personalidade do livro, e a Kate poderia ter uma evolução maravilhosa. Se Annabel fosse a coadjuvante, talvez fosse até uma personagem mais empática. Mas enfim.
Para terminar, eu meio que tenho um problema com o final da Annabel e o Sam. Fazer o que, não é?
A história é um pouco arrastada, demora a acontecer as coisas. Eu penso que a lentidão tem um motivo, mas pode ser só coisa da minha cabeça.
Dou duas estrelas, pelo Sam. Ele me lembrou do Stuart, de “No Escuro”. Os dois tem papeis muito parecidos: o cara legal, inteligente, e do bem que tenta ajudar um alguém que claramente precisa de ajudar, mas não quer aceitar. De qualquer jeito, eu gostei mais do Sam. Pena que ele não existe no mesmo universo da Cathy. Os dois se dariam bem.