Telma 12/06/2014Os TrêsAssim que abri o livro, uma reportagem do "The Daily Indepent", rasgada, com um avião em chamas e outros dois caídos, mais reportagens sobre os acidentes, chamou demais minha atenção. Creio que um pedaço rasgado de jornal é um atestado de veracidade e senti um calafrio gostoso ao ler as reportagens de títulos:
* ACIDENTE AÉREO SEM PRECEDENTES - Quinta Feira Negra. O dia que nunca será esquecido
* Quatro aviões caem no mesmo dia: COINCIDÊNCIA?
* Milagre, três sobreviventes!
* Existiu um quarto sobrevivente?
Pronto! A aura de mistério que tanto gosto já envolvia o delicioso livro, de capa preta, com três marcas de sangue, e detrás de cada uma delas, a imagem de 1 garotinho, somando 3, os três sobreviventes... observando a capa ainda com maior atenção, vemos um último traço de sangue mas, dessa vez o sangue é preto e não há a imagem de um garotinho por trás na mancha... não há nada.
A capa é maravilhosa e tem absolutamente TUDO a ver com o livro e seu contexto.
Imagine você estar no Aeroporto esperando um ser amado. O voo atrasa. Se é ansioso já fica nervoso pelo atraso..., mas todos sabem bem que é comum, em se tratando de voos. O atraso aumenta... e você começa a observar, no desembarque, famílias, amigos e casais se reencontrando. Um clima delicioso! Em breve vai ser você que vai se encontrar com quem espera e você já antecipa o momento de emoção. Você se distrai com a alegria dos outros e até se esquece de que o vôo que aguarda está atrasado... Sorri com os arroubos de emoção explícita de algumas pessoas; até ouvir o seguinte chamado no auto-falante do Aeroporto:
- Por favor, todos os que esperam o "vôo 287 da TAM" (mudei pra ficar dentro da nossa realidade), dirijam-se ao balcão de informações, obrigado.
Qual é a primeira coisa que pensa?
1) Eba! Finalmente terei informações sobre o vôo
2) Merda! Esse é o vôo da minha mãe.
3) Caraca! Vai atrasar mais ainda?
Você dirige-se ao balcão de informações onde alguém o espera para levá-lo a um outro local onde terá informações sobre o vôo. Epa! A preocupação agora é nauseante, né?
Chegando à sala onde outros, como você, aguardam informações, você escuta de um funcionário que nunca está preparado para dar esse tipo de notícias, a seguinte frase:
- Lamento muito dizer isso, mas o vôo "287, da TAM" desapareceu do radar há cerca de uma hora.
Não há mais informações do que essa. Não sabem lhe dizer se o vôo caiu e tampouco se há sobreviventes, mas colocam psicólogos disponíveis para atendê-lo.
E é exatamente aí que aquela preocupação nauseante vira um soco, com luvas de aço, no estômago!
Pois é... eu fiquei chocada no início. O livro me perturbou muito porque as sensações descritas por quem está na espera são EXATAMENTE as nossas, em situação similar. E a gente nunca pensa que vai acontecer com a gente, né?
O livro é muito bem escrito... e, através de reportagens, entrevistas com envolvidos, vai nos trazendo todo o cenário e todas as peças do quebra cabeças GIGANTE e com mil peças faltando. Faltando mesmo. nem se sabe se vai encontrá-las.
Cada vez que surge uma peça, outras tantas desaparecem.
Não é apenas um vôo que está desaparecido. Em breve você lê que quatro aviões caíram no mesmo dia em pontos diversos do mundo. E quase no mesmo horário. Os sobreviventes? 3 crianças, uma de cada avião... até que se começa a cogitar uma quarta criança que também sobreviveu. Será?
São tantas interrogações e tantas respostas inéditas que só tenho uma certeza absoluta à medida que vou lendo: Sarah Lotz é uma sádica! Sem me tocar fisicamente, ela arrancou mais sensações de mim do que se eu estivesse travando uma luta física (hehehehe é... já passei por isso na adolescência, então sei como é).
Enfim, se você é fã de reportagens investigativas, de suspense e gosta de conjecturar, esse livro é pra você.
Ainda bem que é uma obra de ficção né? Ou, não..!
Recomendo a quem vai ler, que aperte os cintos, prepare-se para turbulências em diversos níveis e reze para chegar ao destino final.
;)
PS: Vá para o link abaixo se quiser ler um trecho em PDF
site:
http://surtosliterarios.blogspot.com.br/2014/06/resenha-os-tres.html