janeway 22/10/2020
“Qualquer mundo é insólito aos olhos de quem não vive nele” Robôs #02
Enquanto o primeiro volume era focado na Terra e nos seus dilemas, neste Elijah Baley precisa deixar o conforto das cavernas de aço para ir a um Planeta Exterior chamado Solaria, no qual abriga uma pequena população de siderais, mas uma enorme quantidade de robôs.
Apesar do nome do planeta ser “Solaria”, os solarianos não são nem um pouco calorosos e sociáveis. E no momento em que ocorre um assassinato, a aparente perfeição desses siderais é desvelada e percebe-se que eles são tão frágeis quanto os terráqueos em várias questões.
O livro é muito mais interessante do que o primeiro por uma série de fatores. A genialidade de conduzir uma investigação criminal em um planeta cuja cultura é completamente oposta à da Terra torna a leitura viciante. Sem contar a existência de todos os obstáculos imagináveis para ocorrer um assassinato entre eles: os próprios costumes dos solarianos excluem boa parte dos motivos padrões de um homicídio e também constituem barreiras físicas para realizar o ato. Acompanhar Elijah e Daneel na resolução desse crime é bom demais.
Um outro ponto é o amadurecimento da narrativa do Asimov em relação a mistura de ficção científica com romance policial. Aqui ele obtém melhor êxito em juntar os dois gêneros e cria um enredo bem mais planejado sob todos os aspectos, mas sem deixar de trabalhar com os elementos reflexivos que marcam as suas obras. Por exemplo, é curioso nesse livro a forma como ele imaginou a questão da fobia social que podemos desenvolver, mesmo estando sempre conectados com as pessoas virtualmente. Lembrando que o livro foi lançado em 57, logo achei bacana como ele deduziu de certo modo um problema atual.
Além disso, gostei muito de como as três leis fundamentais da robótica foram abordadas, coisa que no livro anterior não tinha me agradado tanto. A relação do Elijah com o Daneel também é melhor desenvolvida, sendo que o Elijah evoluiu bastante como protagonista. É perceptível a mudança da visão dele conforme a história vai se desenrolando – e o final é o começo de um personagem mais instigante e a promessa de um terceiro volume ainda melhor.