Julia Tomazin 24/04/2024
A Festa da Insignificância, Milan Kundera — Após 14 anos, esse livro marca a volta do autor no meio literário. Assim, com um lançamento inesperado, o mundo editorial se surpreendeu e o livro foi aclamado, ficando na lista de best-sellers na França e na Italia. Como os demais livros de Kundera, A Festa da Insignificância possui uma narrativa cheia de filosofia.
A história se passa em Paris e gira em torno da vida de quatro amigos: Alain, Charles, Ramon e Calibã. Entretanto, não há muita descrição sobre eles. O foco não é na trama, nos personagens, ou em um desenvolvimento cronológico, mas sim nas reflexões cotidianas. Assim, percebe-se que não há nenhuma aventura principal. Apenas quatro amigos conversando e refletindo sobre a vida, fazendo o leitor a aprofundar-se o seu próprio inquérito interno.
Do mesmo modo que não há aventura principal, todas a questões apresentadas pelos personagens são de forma leve, por mais profundas que possam ser. Porém, é necessária muita atenção para compreender a mensagem. O autor cita Freud, Kant, Shakespeare, Hegel, Schopenhauer e Chagall. Discute sobre tiranos, povos, religiões e faz uma forte critica à sociedade contemporânea ao satirizar o mal do século: o espírito de seriedade.
O livro é complexo por não possuir uma narrativa linear, não se aprofundar nos personagens, que inclusive são parecidos, sendo fácil o leitor se confundir com eles. Porém, faz nos refletir sobre sua insignificância e como ela pode ser engraçada. Ele trata sobre o indivíduo, o egocêntrico que não é capaz de perceber quão insignificante é, sendo, dessa forma, desnecessário colocar tanto peso nos dramas individualistas da vida.
“A insignificância, meu amigo, é a essência da existência. Ela está conosco em toda parte e sempre. Ela está presente mesmo ali onde ninguém quer vê-la: nos horrores, nas lutas sangrentas, nas piores desgraças. Isso exige muitas vezes coragem para reconhecê-la em condições tão dramáticas e para chamá-la pelo nome. Mas não se trata apenas de reconhecê-la, é preciso amar a insignificância, é preciso aprender a amá-la.”
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