Juliete Marçal 26/08/2020
"Aquele não era um tempo de delicadezas."
Nathaniel Hawthorne nos traz a história de Hester Prynne, uma jovem que muda-se para a Nova Inglaterra, e que diz estar esperando pelo marido. No entanto, ela acaba se envolvendo com um homem e desse relacionamento nasce uma criança. O nascimento da pequena Pearl, torna-se fruto de um pecado e prova do adultério de Hester. Assim, ela é julgada, condenada e obrigada pelo resto da sua vida a usar uma letra A escarlate bordada sobre o seu peito para marcar o seu pecado, um símbolo de vergonha, repulsa, desdém, menosprezo e da Adúltera que ela é. Depois do seu julgamento, acompanhamos a vida de Hester e de sua filha, Pearl, a partir dos olhares julgadores e de repulsa da puritana comunidade de Salém, sobrevivendo sem ajuda de ninguém. Além de criar a filha sozinha e de suportar a humilhação, escárnio e segregação pública, Hester Prynne tem como missão proteger o segredo a cerca do nome do pai da sua filha, segredo esse que se torna ameaçado com a chegada de um novo morador na comunidade.
"Ela tomou o bebê num dos braços e, com o rosto queimando, um sorriso arrogante e o olhar de quem não se deixaria humilhar: encarou a gente de sua cidade e os vizinhos que a rodeavam. No peitoral da túnica, em tecido vermelho fino e adornado por um elaborado bordado e fantásticos floreios em linha dourada, trazia a letra "A"."
Durante a narrativa o autor mostra o quanto a sociedade daquela época era conservadora e preconceituosa, e também faz críticas à hipocrisia da mesma. É bom ressaltar que a história é ambientada em uma rígida comunidade puritana de Boston, na Nova Inglaterra, mais precisamente na comunidade de Salém, - em uma época em que as pessoas viviam sob o julgo das regras religiosas e do moralismo, "uma gente para a qual religião e lei eram quase a mesma coisa". Isso tudo faz parte da crítica do autor, assim, da mesma forma, em mostrar como a protagonista lida com toda essa situação.
"A máscara de pureza não passava de uma mentira, e de que, se a verdade fosse revelada por todo lado, brilharia uma letra escarlate em cada um dos muitos bustos."
Particularmente, a história não conseguiu me envolver! Comecei a leitura animada e curiosa, mas isso não continuou devido a ter se tornado maçante e enfadonha. Apenas o fato de querer saber como seria revelada a identidade do pai de Pearl (o que não é nenhum segredo para o leitor desde o início da história) me fez continuar a leitura. Talvez não tenha sido uma leitura cem por cento prazerosa, por ter esperado mais reação da protagonista e menos conformismo. Ou não estava muito na vibe desse tipo de escrita: mais descritiva, psicológica e simbólica.
Apesar do livro ter uma sinopse interessante, o enredo é muito devagar, constituindo de uma narrativa longa e com pouca ação, o que torna a leitura às vezes cansativa e muito descritiva. E mesmo sendo uma história de pouca ação e tendo partes que são entediantes, eu recomendo a leitura para que o leitor possa ter a sua própria experiência. Por que? Porque simplesmente, o livro traz algumas reflexões legais, principalmente, sobre preconceitos e julgamentos, nos fazendo refletir que alguns comportamentos da sociedade não mudaram.
"E asseverava-lhes, ainda, sua crença firme de que, numa época mais luminosa, quando o mundo estivesse amadurecido para tal, quando os céus assim quisessem, uma nova verdade seria revelada, de modo a estabelecer toda a relação entre homem e mulher num patamar mais afeito à felicidade mútua."
^^