joaooo15 08/11/2022
Só faltavam 20 páginas
Clássicos nunca foram um problema para mim. Já li uma quantidade significativa deles e apreciei todos até o momento. Claro que a escrita arcaica da maioria engastalha bastante durante a leitura, mas ainda sim, sempre me dediquei a ler um parágrafo mais uma vez e prosseguir até o final da obra.
Infelizmente, foi diferente com esse livro.
Quando o vi na loja, me encantei pela capa. Eu já havia comprado outros livros da mesma coleção de mistério e suspense e adorei a composição das capas, apesar de não ser muito colorida nem carregada, traz bastante detalhes lindos na monocromia. No mesmo momento, notei outro livro (dessa vez, de mitologia grega), um que queria ler fazia um tempo. Este estava mais barato, por isso passei bons 10 minutos circundando as estantes de livros pensando em qual escolher. Ao fim, escolhi A Letra Escarlate.
Não diria que me arrependo de tê-lo escolhido, mas após a leitura, acho que pude deixar ele para depois.
Olha, esse livro - pelo que pesquisei - foi um marco na Literatura clássica justamente por trazer como protagonista uma mulher. Não somente, era adúltera, geradora de uma criança provinda duma relação pecaminosa e de pai desaparecido. Passava-se no século XIX, e a Igreja se encarregou de castigar somente a moça com sua cria, isentando o homem da culpa. Há décadas, história que abordavam a mulher sendo a heroína eram ridicularizados, quando não eram desprezados. Então, ver o contexto histórico demarcado na obra demonstrou sua importância e influência dos rumos das futuras gerações.
Hester é a protagonista. Jovem e atraente, se envolveu com uma figura masculina de forma extraconjugal e saiu grávida da relação proibida. Sua punição foi carregar a letra A (de adúltera) bordada na cor escarlate em sua veste. De alguma forma, a letra se uniu a ela e se tornaram quase que uma só essência. O peso dos seus atos não resultou apenas no castigo, como também no desprezo por parte de todas as pessoas locais.
Apesar da coragem do autor e de sua determinação em incorporar o toque feminino fora do que era esperado, o resto me deixou a desejar. Como eu disse, a leitura de clássicos quase nunca é fluida e rápida conforme estamos acostumados. Entretanto, eu notei que lia os últimos capítulos igualmente aos primeiros. Ou seja, não peguei o ritmo da leitura, continuava engasgado nos parágrafos, me perdia na interpretação de algumas frases e tudo isso me desestimulou bastante.
Em vários momentos, apenas um parágrafo ocupava uma página inteira. Não sei o que acontecia, mas creio que era tanta informação sendo jogada para mim que quando inicia a ler as primeiras frases de uma página, no final dela, eu já me esquecia de quase tudo.
Pouquíssimas coisas foram marcantes. Esqueci de muitos personagens e ao pensar que algum iria se adentrar no drama principal, ele acabava sendo descartado. Diversas cenas também passaram despercebidas para mim, esquecia de muitas. Sinto certo desapontamento por ter esperado uma história levemente diferente da que foi lida.
E não pensem que eu desisti de cara, porque eu tentei demais. Persisti, independente se tivesse que voltar a ler a mesma página para entender, ou o final do capítulo anterior para lembrar do que estava acontecendo. Porém, meu limite chegou e não aguentei mais arrastar esse livro até o fim.
Esse é o primeiro que abandono oficialmente, nunca tinha acontecido algo assim. De coração, não vejo mais nenhuma vontade de recomeçar a ler ou de terminá-lo. Acho melhor ser guardado por enquanto. Pensarei depois se vou vender ou dar para alguém que possa gostar mais.