josé luiz 11/07/2014
Uma viagem na minha própria história
É sempre bom quando uma leitura te faz viajar não apenas na história contada, mas em sua própria história. Esse foi o caso com Coração de Tinta, Cornelia Funke me levou de volta a minha época de criança, dessa vez aos olhos de Maggie.
Mortimer é um médico de livros, que vive com sua filha Maggie. Mo (apelido carinhoso dado por Maggie) tem um dom: Os personagens literários ganham vida quando lidos em voz alta por ele. E nessa de dar forma as letras, Mortimer liberou (Quando Maggie ainda era um bebê de colo) três personagens fictícios de um livro chamado 'Coração de Tinta', porém , essa magia tem um preço bem alto: se alguém sai do livro, outro alguém precisa substitui-lo. Capricórnio (O vilão), Basta (O capanga) e Dedo Empoeirado (Gwin, a Marta com chifres, é seu bicho de estimação), foram liberados do livros, e como consequência Teresa (esposa de Mortimer) e dois gatinhos da família, foram enviados para dentro da história.
A história é narrada dez anos depois disso, quando Capricórnio já se estabeleceu como vilão aqui no nosso mundo e continua a caça Língua Encantada (como os personagens trazidos por ele o chamam), e Mo já tentou diversas vezes salvar Teresa. Em uma noite, Maggie, já crescida, vê uma figura misteriosa ao lado de fora de sua casa, aquele é Dedo Empoeirado, que voltou para avisar que Capricórnio encontrou o esconderijo de Mo. A partir daí, Mo deverá deixar sua filha á par de toda a história sobre o que realmente aconteceu com sua mãe, e juntos, eles tentarão mais uma vez, tira-la da história e mandar todos aqueles seres, de volta para o mundo de Coração de Tinta.
A magia flui pelas páginas, e confesso que li em voz alta diversas vezes pra tentar fazer algum personagem sair das folhas. O livro é uma obra de arte, tanto na confecção, quanto na tradução. Cada capítulo tem um trecho de outra história, e é repleto de referências á livros e histórias. Porém, é uma leitura que exige tempo, é uma pouco parada em alguns pontos, mas os momentos de tensão são muito bem construídos, assim como os de emoção. Como disse, Cornelia me levou ao tempo de criança, onde a imaginação fluía solta em qualquer hora.
"O mundo era terrível, cruel, impiedoso, negro como um sonho mau. Não havia um lugar para viver. Os livros eram o único lugar onde havia compaixão, consolo, alegria… e amor. Os livros amavam a todos que os abriam, ofereciam proteção e amizade sem exigir nada em troca, e nunca iam embora, nunca, mesmo quando não eram bem tratados."
"Alguns livros devem ser degustados, Outros são devorados, Apenas poucos são mastigados E digeridos totalmente."
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