Suzanie 13/05/2012A Paris de HemingwayO autor narra, anos depois, as histórias vividas por ele na Paris da década de 20. Engraçado como a imagem que vamos criando de um livro, a partir do seu título ou de referências em outros livros, pode se diluir radicalmente. Foi o que ocorreu com minha leitura de Paris É Uma Festa.
A princípio, achei que veria alguma semelhança com o livro Paris – Quartier Saint-Germain-des-Prés (2011), em que Eros Grau descreve detalhadamente a cidade por meio de suas andanças por lugares públicos, cafés e restaurantes, e suas personagens, bem como os tantos sentimentos que lhe vão aflorando. Depois imaginei encontrar no livro relatos de uma agitadíssima vida social que o autor teria frequentado.
Hemingway esboçou a vida cotidiana, em seus anos iniciais como escritor, com dificuldades financeiras que não lhe impediram o acesso à cultura e a certos divertimentos que a cidade proporciona. Seu estilo conciso, que já conhecia da leitura de O Velho e o Mar, confere uma peculiaridade à festa: os encontros com outros escritores, curiosidades sobre as amizades que travou (com relevo em Gertrude Stein e Scott Fitzgerald), suas opiniões e boa parte de sua vida íntima, são cuidadosamente arrumados de forma que nada pareça evidente demais. Disso resulta uma sensação de que nada ali é muito festa, nada é muito eloquente e as emoções parecem ficar contidas. Como se muita coisa tivesse ficado por dizer...
De todo modo, é um belo livro! É sempre interessante ter contato com um outro olhar sobre Paris, e se nisso houver a oportunidade de se conhecer algo mais de um grande escritor, tanto melhor.