Vinícius 04/02/2015O livro é bom, mas deixa a desejar.Há algum tempo sou fã do Jovem Nerd e do Nerdcast, sobretudo os episódios de RPG. Por meio deles, conheci também Leonel Caldela, e vi nele um grande potencial, um ótimo autor e a pessoa perfeita para conduzir a história que queriam contar.
No entanto, quando há muito hype, há muita chance de decepção, e, mesmo sabendo disso, comprei o livro e me inflei de esperanças ouvindo o Nerdcast e lendo resenhas na internet e no Skoob. Não deu outra e, logo no começo do livro (principalmente com o subtítulo, que achei sem criatividade), já comecei a me decepcionar.
Eu já sabia que a história seria muito clichê, os próprios autores não escondiam isso, por isso aceitei-a de muito bom grado. No entanto, o autor cometeu muitos equívocos, erros que incomodam e que demonstraram ocorrer por dois motivos: pressa e falta de um editor experiente.
A descrição de cenários, embora atualmente muito criticada na fantasia, deixa a desejar em pontos importantes. Na minha opinião, não é necessário descrever o mundo o tempo inteiro, mas o autor às vezes gasta menos de uma linha para tal e o faz de maneira displicente, como quem diz: “havia isso por lá”, não consegui imergir no reino devastado pelo dragão.
A narrativa é boa, mas por vezes se torna arrastada. O autor tenta se explicar demais, voltando a termos que já haviam sido ditos antes apenas para ter certeza de que o leitor havia entendido, como, por exemplo, a explicação do erro gramatical do nome de São Arnaldo. Além disso, muitas vezes ele relegou ao narrador o papel de explicar fatores e pontos que deveriam ser incumbidos aos personagens, como se quisesse correr com a história.
Os diálogos são muito mal elaborados, a meu ver. Falas sem sentido e muitas vezes desnecessárias, gritos a todo o momento, e utilização de um linguajar que não condiz com a natureza de cada personagem (quando Ruff diz “mentecapto” em uma situação que simplesmente não condiz com o insulto, eu quase fechei o livro). A criação e a evolução dos personagens também são muito en passant, e por vezes bobas. A preocupação é clara e unicamente Ruff Ghanor, o personagem principal, embora por vezes a narração em terceira pessoa, no mesmo capítulo e sem aviso algum, perpasse na visão dos personagens secundários, como Áxia, o prior e Korin.
Um ponto positivo são as batalhas, muito bem descritas sem criar confusões, como geralmente é vista nos livros épicos. O autor conduz bem, evitando repetições e abusando dos excessos de poder (que não é um demérito, pois, como já disse, já era previsto). Os nomes dos personagens também são muito bons, fáceis de entender e relembrar, embora eu não tenha sentido empatia por nenhum deles, muito menos Ruff Ghanor.
Como disse no título da resenha, é um bom livro, mas eu esperava mais, e talvez tenha sido por isso que me decepcionei tanto. Li o livro em um tempo relativamente rápido, o que me provou que a história é realmente boa e a narração não é tão ruim, fácil de relevar os erros e reviver a maior história de RPG feita em algum podcast. Espero que nas sequências, a edição seja melhor e mais profissional, apontando os erros de roteiro, diálogo e condução das personagens.
Por fim, estou ansioso para ver o que contará os dois próximos livros prometidos pelo Jovem Nerd, já que a tão esperada batalha contra o dragão acontece ainda neste livro e o final deixa um grande ponto de interrogação na cabeça dos leitores, principalmente aqueles que ouviram todos os três episódios especiais de RPG.