Caroline Gurgel 22/02/2015Um thriller de tirar o fôlego! Muito bom ;)Por que eu não li esse livro antes? Porque a sinopse me enganou! Ou melhor, eu a interpretei errado. Por mais que minhas amigas o recomendassem, eu achava que o tema não me agradaria. Tráfico de mulheres? México? Não queria nada disso. Até que ele finalmente foi lançado no Brasil e resolvi dar uma chance…e WOW! Muito melhor – e mais diferente – do que eu poderia imaginar!
Se você vai ler A Morte de Sarai, esqueça o mocinho e a mocinha, esqueça o politicamente correto, esqueça o romance tradicional, pegue a pipoca, sente-se em uma poltrona confortável e prepare-se para ler um filme. Isso!, não escrevi errado, essa leitura foi o mais próximo de um filme que algumas páginas já me levaram. A Morte de Sarai é visual, em câmera rápida, sem tempo para respirar ou pensar demais, é acelerado, como um filme de ação.
Sarai era uma adolescente americana comum, até ser levada, aos 14 anos, por sua mãe para viver no México ao lado de Javier, um poderoso chefão do tráfico de drogas e de mulheres. Javier, que apaixonou-se pela menina, a mantém presa em cativeiro desde que sua mãe morreu. Há 9 anos trancada no meio do nada, Sarai nem sabe mais o que é ter uma vida normal, nem vê a chance de escapar viva daquele local, até que um americano aparece e lhe inspira uma certa confiança. Vitor é um assassino de aluguel, uma pessoa treinada para matar desde cedo, mas pode ser a chance de liberdade que Sarai tanto esperou. Será?
Sim, não tem mocinhos, heróis ou heroínas – ao menos não da maneira tradicional. Tem personagens cheios de dor, maltratados pela vida desde muito cedo, moldados por circunstâncias obscuras, que reagem de forma diferente das pessoas comuns às situações que lhes são impostas.
A excelente caracterização dos dois protagonistas é, sem dúvidas, o ponto alto dessa história. Parece que cada ato deles se encaixa perfeitamente em suas personalidades, por mais inverossímel que possa parecer. A autora os estruturou tão bem que tudo se torna crível e possível, que passamos a reagir como eles, a pensar como eles. Parece estranho, mas me afeiçoei a um assassino e a uma garota com um esquisito instinto de sobrevivência que mais parece um desejo de morrer.
A narrativa é em primeira pessoa, com os capítulos alternando entre os pontos de vista de Sarai e Vitor. A escrita é bem comum, mas só pode ter algum pó mágico que faz com que devoremos as páginas sem sentir.
Tal qual um filme de ação, A Morte de Sarai não é um livro que, Oh!, vai mudar a vida de alguém ou trazer reflexões profundas. É um livro de entretenimento maravilhoso, um suspense de tirar o fôlego, que lhe prende, lhe sufoca e lhe curiosa e tensa.
A sensação que tenho é de que a autora escreveu uma história, que geralmente teria o público masculino como alvo, com elementos que agradam e atraem mais as mulheres que os homens. Ela insere uma pitada de romance, de sentimento, de sensibilidade e redenção em meio a matança, fugas e planos de ação.
Para os que tem medo de ser uma leitura pesada – afinal, lida com tráfico de mulheres – digo que não é, pelo menos não como eu esperava. (Tampouco é um Julia Quinn, hein! rs) O tráfico existe, mas não é o foco da história. A Morte de Sarai fala mais da sobrevivência de uma garota que foi exposta à brutalidade e da sua adaptação em um mundo comum, se é que ela pode – e sabe – voltar a ser alguém comum.
A autora me ganhou pela surpresa, por uma certa originalidade, por escrever um romance diferente, com personagens incomuns, mas cativantes. J. A. Redmerski já havia me conquistado no seu livro Entre o agora e nunca, mas tinha me decepcionado bastante em Entre o agora e o sempre. Bem, fizemos as pazes aqui e quero ler toda a sequência, sem dúvidas.
Se você gosta de um thriller com um toque de romance, não hesite em ler esse aqui. Se você se acha romântica demais para ele, eu sugiro que tente – certamente irá se surpreender!!
E que venham os próximos! Estou preparada – e ansiosa!
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