Camila Lobo 25/09/2015Resenha: A Joia (Por Livros Incríveis)Apesar das semelhanças iniciais com outras tantas distopias que vemos por aí, a série A Cidade Solitária vem para trazer uma proposta extremamente original, coisa que nunca vimos antes. Por causa disso, a estranheza que causa é imensa e me devorar o livro em dois dias.
A Jóia é uma mistura de distopia, fantasia e ficção científica. Me senti lendo uma mistura de A Seleção, ASOIAF e Gossip Girl. Mas não se preocupem porque por incrível que pareça, isso resulta em uma ótima história.
Tentando explicar um pouco sobre o mundo, A Cidade Solitária é um lugar rodeado pelo mar, sendo basicamente uma ilha. Circular, é dividida em 5 partes por muros, da parte externa à mais interna. A Joia fica bem no meio da cidade, e é onde a realeza permanece. Fora isso, ainda temos o Banco, a Fábrica, a Fazenda e o Pântano. Ou seja, dos mais ricos para os mais pobres.
No passado, a realeza começou a ter problemas na hora de ter filhos; todos eles nasciam mortos. Descobriu-se, porém, que na parte mais pobre da cidade, o Pântano, algumas garotas nasciam com “poderes”, sendo capazes de carregar filhos para os mais ricos. Desde então, todo ano garotas com essa “anormalidade”, são enviadas como mercadorias para Joia, onde são vendidas e devem ter um filho para o casal, virando as Substitutas.
É aí que chegamos na protagonista da história, Violet Lasting. Ela possui esse nome porque seus olhos possuem o misterioso tom. Violet é uma substituta e treina em um internato desde os 12 anos. Aos 16, ela finalmente é enviada para A Joia, onde é vendida. O que ela não esperava é que fosse se apaixonar. Algo terminantemente proíbido.
O livro tem uma narrativa fluída, mas cheia de detalhes. O tempo todo lemos a descrição dos vestidos de Violet e como ela se sente ao tocar o seu violoncelo e ouvir música. A trama é irrigada de crueldade, fofocas e boatos. Afinal, estamos numa realeza, onde tudo é status e onde todos querem o poder. A história desencadea-se em mistérios e incertezas, e o leitor se vê torcendo por Violet, perguntando-se qual será a próxima coisa a acontecer com a mocinha.
Por falar na protagonista, não sei como me sinto sobre ela ainda. Torci, e pude sentir cada uma das emoções dela, porque Ewing as registrou magnificamente bem. Mas quando ela vinha em uma sequência de acertos, e eu pensava “ok, gosto dela”, ela tomava atitudes muito erradas ou infantis. É uma garota que amadurece, tornando-se forte e corajosa, mas que permanece sendo infantil.
“Eu sou a música, e as cordas e meu corpo são tão ressonantes quanto o violoncelo. Somos um só instrumento, estamos em um lugar onde ninguém pode nos tocar, onde não há Joia ou substitutas, um lugar onde só existe a música.”
A grande personagem favorita, em minha opinião, é a “dona” de Violet. A Duquesa é possui a personalidade mais complexa do livro. É perversa, inteligente, articuladora e incrivelmente má. Contudo, acho que o leitor não consegue odiá-la, porque em muitos momentos do livro ela demonstra ter sentimentos, e muito rancor do passado. Ela faz tudo por um motivo, e parece bem solitária. Tenta, na medida do possível, agradar a garota, e sabe que o que a protagonista tem que fazer é algo horrível... entretanto, necessário. (Se alguém já leu o livro e discorda de mim, mil perdões! Mas realmente gostei dela haha)
Os outros personagens não são tão bem explorados, além de mostrá-los todos numa grande rede de intrigas, e o pior ou melhor lado de cada um, mas acredito que deve-se ao fato de ser o primeiro livro.
Como em todas as distopias, A Joia aborda alguns problema sociais. No caso, sobre quanto vale a vida de uma pessoa. Até onde vai a igualdade, porque as famílias das substitutas recebem a quantia em milhares de diamantes, podendo ter uma vida mais confortável, mas vivendo sem uma filha e tendo que permanecer em um lugar onde não há condições de vida para ninguém. Os problemas sociais não foram o foco do primeiro volume, e espero que a autora se aprofunde nos próximos livros.
O final do livro é um choque. É previsível até certo ponto, algo que já era certo de acontecer. O que não se imagina é como vai acontecer, e é aí que está o imprevisível; me fez pesquisar na hora sobre o segundo livro da série, mas parece que vou ter que esperar. Ou tentar, ao menos.
História muito recomendada.
Sobre a série:
A Joia é o primeiro livro da série A Cidade Solitária. No exterior, o segundo livro já foi lançado, assim como dois ebooks com histórias extras. O terceiro livro ainda não possui previsão ou título. Aqui no Brasil, o segundo volume deve chegar apenas em 2016.
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